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“A autonomia permite que as crianças administrem sozinhas as tarefas cotidianas, tornem-se cada vez mais independentes e tomem suas próprias decisões”. É assim que a neuropsicopedagoga e pesquisadora Renata Trefiglio, que também é Head of Whole Child Development, começa sua fala sobre a importância de as crianças desenvolverem autonomia.

De acordo com a profissional, a necessidade de ter capacidade para executar atividades de maneira independente vai evoluindo ao longo da infância e adolescência. “Ser capaz de se comportar de maneira autônoma é essencial para o nosso bem-estar. A autonomia é essencial para promover crianças confiantes e independentes. Aprender, entender e expressar autonomia são etapas importantes na educação e no desenvolvimento da primeira infância”, explica.

Esse é um caminho importante, inclusive, para os pequenos compreenderem que as escolhas e ações têm consequências. Entre os benefícios da autonomia, Renata lista: sentido de si mesmo desenvolvido; confiança aprimorada; comando sobre suas mentes e corpos; apoio ao pensamento crítico; automotivação; e maior responsabilidade.

Entretanto, as vantagens não param por aí. Possibilitar e incentivar que uma criança possa crescer e se desenvolver de uma maneira mais protagonista contribui até mesmo para impulsionar o processo de ensino e aprendizagem.

“À medida que as crianças se tornam mais independentes, elas exploram o mundo por conta própria e descobrem como se expressar. Eles também começam a entender como suas escolhas e ações influenciam os resultados e aprendem sobre o que fazem e sobre o que não têm controle”, pontua.

A profissional defende que a autonomia seja incentivada na escola para ajudar os alunos a desenvolverem senso de identidade. “Quando uma criança faz suas próprias escolhas, elas estão resolvendo problemas. Fazer escolhas significativas é uma parte essencial de seu desenvolvimento cognitivo, que cresce à medida que eles pensam nas escolhas que lhes são apresentadas”, destaca.

 

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Autonomia: o que é esperado na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental?

A neuropsicopedagoga e pesquisadora Renata Trefiglio explica como ocorre o desenvolvimento da autonomia nas crianças na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Confira:

Lactente (0-1 ano)

Nessa idade, Renata afirma que as crianças não conseguem realizar muitas das tarefas necessárias para atender às suas necessidades e tomar decisões. Entretanto, é possível incentivá-las a “participarem” de tarefas simples, como usar um brinquedo como distração para ajudá-las a ficarem mais tranquilas durante trocas de fraldas.


Criança (1-3 anos de idade)

Segundo Renata, com crianças pequenas a autonomia é definida como “autossuficiência” ou comportamentos que permitem o autocuidado. “Nessa idade, as crianças são tipicamente autônomas em suas habilidades motoras: movimentando-se, vestindo-se, alimentando-se e lavando-se”, explica.

A profissional ressalta que o período de 18 a 36 meses é crucial para o desenvolvimento da autonomia e autoestima. “Esta é a idade em que as crianças começam a querer fazer as coisas por si mesmas. Mas, nessa fase, as crianças costumam ser desajeitadas, demoram muito para realizar as tarefas e cometem erros, como calçar os sapatos ao contrário. É nesses momentos que as crianças mais precisam do incentivo dos adultos, para sentir que as pessoas confiam e acreditam nelas”, exemplifica.

Para ajudar neste processo, a dica é permitir que as crianças comecem a executar tarefas simples, como guardar os brinquedos nas caixas. Encorajá-las diante os desafios que surgem nas brincadeiras também é fundamental.

Crianças em idade pré-escolar (3-6 anos)

As crianças desta idade fazem escolhas específicas. Incentive-os a tentar tarefas cada vez mais complexas, como calçar os sapatos sozinhos. Também pode ser interessante encorajá-las a fazer atividades que nunca fizeram antes.

Crianças do fundamental 1

Aos 5 ou 6 anos, uma criança já é capaz de se vestir sozinha, embora ainda precise de ajuda em alguns detalhes, como abotoar pequenos botões. “Se ainda não estavam, deveriam estar começando a calçar os sapatos nos pés certos e aprendendo a amarrar os cadarços”, pontua.

Em termos de higiene, é esperado que nesta idade elas tomem banho sozinhas, mas é necessária uma supervisão.

Aos 7 anos, as crianças estão se tornando cada vez mais independentes e responsáveis. “Elas podem começar a ajudar nas tarefas domésticas. Elas também são capazes de reflexão e algum raciocínio lógico. Embora a idade de uma criança dê uma ideia do seu nível de autonomia, é importante lembrar que cada criança é única e evolui de forma diferente. A criança pode desenvolver autonomia mais rapidamente em uma área do que em outra”, destaca.

Como as famílias podem incentivar a autonomia?

Um ponto importante destacado por Renata é que o desenvolvimento na primeira infância deve ser uma colaboração entre educadores e as famílias. Dessa forma, é interessante que a instituição de ensino converse com as mães, pais e responsáveis pelos estudantes para que eles entendam a importância de criar espaços e oferecer oportunidades para que seus filhos sejam independentes.

“Em vez de escovar os dentes para eles, peça que façam isso enquanto você escova os seus. Da próxima vez que eles pedirem para você fazer uma tarefa que você já fez para eles, como abrir uma caixa de suco, sugira que eles tentem. Novamente, se você perceber que eles estão lutando, ofereça ajuda. Construir autonomia em crianças em tenra idade é uma parte essencial da criação de crianças confiantes e independentes”, exemplifica.

 Para a profissional, com educadores e famílias unidos “para focar na autonomia no desenvolvimento infantil, você está promovendo indivíduos bem ajustados e emocionalmente inteligentes”.

 

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