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Desde o dia 8 de setembro de 2022, um dos principais assuntos nos noticiários é a morte da mais longeva monarca britânica, que morreu aos 96 anos. O assunto desperta a curiosidade da população mundial, e com os alunos não é diferente. Foi pensando nisso que o Escolas Exponenciais entrevistou dois especialistas em histórias para saber como é possível contextualizar e abordar sobre a morte da Rainha Elizabeth II em sala de aula.

Rafaela Mateus, autora de História do Sistema de Ensino pH, o acontecimento possibilita inúmeros debates e, por isso, pode ser abordado de diversas formas. Porém, ela ressalta que “é recorrente a abordagem relacionada ao processo de sucessão do trono a partir da análise do modelo político inglês, caracterizado pela monarquia parlamentar. Nesse sentido, a figura real é chefe de Estado enquanto o primeiro-ministro é chefe de governo. No que diz respeito à sucessão monárquica inglesa atual, o filho mais velho da rainha Elizabeth, príncipe Charles, assumirá sob o título de Charles III”, explica.

Para Gianpaolo Dorigo, professor e autor de História do Sistema Anglo de Ensino, por ter relevância histórica, a morte da rainha Elizabeth II permite refletir sobre o “aqui/agora”, levando em consideração a carga histórica.

“Nesse sentido, a morte de Elizabeth II pode servir de pretexto para disparar a pergunta: ‘para que serve uma monarquia?’, que, por sua vez, abre diversas linhas de questionamento e investigação: como funciona uma monarquia parlamentar, por que se relaciona monarquia com estabilidade política, quais as diferenças entre estado e governo”, sugere o educador.
 

Explore o contexto da morte da Rainha Elizabeth II em sala de aula

De acordo com Rafaela Mateus, autora de História, a partir deste episódio é uma boa oportunidade para abordar o tema das Revoluções Inglesas. A especialista conta que foi um “longo processo político que ocorreu no século XVII e que resultou no estabelecimento de uma monarquia parlamentar, modelo político vigente na Inglaterra até os dias atuais”.

Rafaela ainda afirma que outro assunto importante ao debater a morte da Rainha Elizabeth II em sala de aula, é abordar com os alunos as heranças do colonialismo inglês.

 “No reinado da Rainha Elizabeth II (1953-2022) ocorreram os processos de independência das colônias inglesas. Porém, a rainha nunca reconheceu as atrocidades cometidas pelo colonialismo inglês ou realizou um pedido de desculpas aos povos que foram explorados.  Na atualidade, há expectativa de lideranças políticas das ex-colônias de que sejam adotadas políticas de reparação histórica”, explica.

Já o docente Gianpaolo Dorigo acredita que a morte de Elizabeth II pode ser um convite para promover uma reflexão com os estudantes sobre o longo reinado: o que Elizabeth II presenciou?

“Analisar o papel da Inglaterra diante de acontecimentos como descolonização, guerra fria e união europeia permite identificar não apenas continuidade e ruptura na política externa inglesa (com impacto em outros países), mas também estudar esses assuntos sob diferente perspectiva”, pontua Dorigo.

 

Qual a importância de falar sobre a Rainha Elizabeth II com os alunos?

De acordo com Rafaela, a análise sobre os temas que envolvem a morte da Rainha Elizabeth II são fundamentais para a compreensão do contexto político inglês atual, além dos “graves problemas enfrentados por sociedades da África e da Ásia, que são heranças do colonialismo inglês”, afirma.                                                                                                              

Por sua vez, Dorigo acredita que toda reflexão sobre a atualidade que resgata sua historicidade tem validade diante da grave crise política em que se vive. “Refletir sobre a monarquia é refletir sobre soberania, constitucionalismo, estrutura do estado, separação e equilíbrio de poderes – temas que têm sido tratados ultimamente de forma superficial, midiática e eleitoreira, quando não francamente mentirosa”, ressalta.

 

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Foto: Divulgação