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Em um cenário onde o bullying, a violência e a depressão são tristes realidades nas escolas, é fundamental redefinir o papel das instituições de ensino como espaços para cultivar uma comunidade amorosa. 

Conversamos com Flávia Vivaldi, especialista em Educação pela Unicamp e pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral – Unesp e Unicamp (Gepem) e do Instituto de Estudos Avançados – Unicamp (IdEA), para explorar como as escolas podem se tornar um ambiente acolhedor e o impacto positivo que isso pode ter tanto no dia a dia quanto no futuro das crianças.

Quando falamos sobre bem-estar na escola, empatia e respeito mútuo, estamos essencialmente discutindo o trabalho intencional sobre a convivência, afirma Flávia. “É necessário considerar diferentes dimensões: a institucional, a pessoal e a curricular”.

Como colocar cada uma das ‘dimensões’ em prática

A dimensão pessoal envolve trabalhar com todos os indivíduos que compõem a escola, desde os funcionários até os estudantes, focando em temas como sentimentos e comunicação não violenta. 

Por meio do currículo, são abordados temas essenciais para promover uma convivência respeitosa, dando espaço para que os estudantes possam discutir e construir valores sociais desejáveis.

A via institucional é outra frente importante, onde a escola adota procedimentos que colocam a convivência como foco, como assembleias, resolução pacífica de conflitos e equipes de ajuda. 

“O trabalho da convivência na escola pode criar uma sensação de bem-estar através do exercício do respeito mútuo e da empatia que vai sendo construída nas relações”, destaca Flávia.

De acordo com a especialista em Educação, esse tipo de abordagem não apenas promove uma comunidade amorosa, mas também traz benefícios acadêmicos significativos. 

“Ninguém consegue aprender quando tem medo, quando se sente excluído ou humilhado”, enfatiza a especialista. Portanto, é fundamental que os estudantes estejam emocionalmente equilibrados para construir conhecimento de forma eficaz.

As práticas desenvolvidas na via curricular trabalham exatamente a dimensão social, emocional e moral dos estudantes, contribuindo para relacionamentos saudáveis e positivos.

O papel da família para a construção de uma comunidade amorosa

A construção de uma comunidade amorosa na escola não é uma tarefa exclusiva dos educadores. Segundo Flávia Vivaldi, especialista em Educação, envolver os pais e responsáveis nesse processo é fundamental para criar um ambiente verdadeiramente acolhedor e inclusivo. 

Ao planejar a convivência escolar, é importante considerar não apenas os alunos e professores, mas também as famílias. Os pais e responsáveis precisam ser convidados a participar de encontros formativos e de acolhimento, proporcionando-lhes espaços de participação ativa. 

Esse envolvimento, de acordo com Flávia, não só fortalece o senso de pertencimento à escola, mas também reforça o papel dos pais como parceiros na educação de seus filhos.

Para a especialista, a promoção de uma comunidade amorosa na escola enfrenta alguns desafios, incluindo a necessidade de mudar paradigmas enraizados. 

“Muitas vezes, a convivência escolar é tratada apenas como uma questão regulatória, sem um olhar científico sobre como melhorar as relações interpessoais para beneficiar o desempenho acadêmico dos alunos”.

De acordo com Flávia, o verdadeiro desafio é romper com os paradigmas tradicionais e adotar uma abordagem proativa, que valorize a convivência como um elemento fundamental para o desenvolvimento integral dos estudantes. 

Em vez de esperar que problemas de convivência surjam para intervir, é preciso criar um ambiente que naturalmente promova relações saudáveis e construtivas, defende a especialista

10 dicas para fazer da escola uma comunidade amorosa

1 – Promova a empatia: Incentive a compreensão e a empatia entre os membros da comunidade escolar, destacando a importância de se colocar no lugar do outro e entender suas perspectivas.

2 – Estimule o respeito mútuo: Crie um ambiente onde o respeito seja a base de todas as interações, valorizando a diversidade de ideias, culturas e experiências.

3 – Fortaleça os laços familiares: Envolver os pais e responsáveis no dia a dia da escola é fundamental. Promova eventos e encontros que incentivem a participação dos familiares na vida escolar dos alunos.

4 – Fomente a comunicação aberta: Estabeleça canais de comunicação eficazes entre alunos, professores, pais e direção da escola, garantindo que todos se sintam ouvidos e valorizados.

5 – Incentive a colaboração: Desenvolva atividades que promovam o trabalho em equipe e a colaboração entre os alunos, criando um ambiente onde todos se ajudem mutuamente.

6 – Ensine habilidades sociais e emocionais: Integre programas de educação socioemocional ao currículo escolar, ajudando os alunos a desenvolver habilidades como resolução de conflitos, autoconhecimento e autocontrole emocional.

7 – Celebre as diferenças: Promova eventos e atividades que valorizem a diversidade e celebrem as diferentes culturas, origens e identidades presentes na comunidade escolar.

8 – Ofereça apoio emocional: Garanta que os alunos tenham acesso a profissionais capacitados, como psicólogos e orientadores educacionais, que possam oferecer apoio emocional e orientação sempre que necessário.

9 – Crie um ambiente seguro e acolhedor: Certifique-se de que todos os membros da comunidade escolar se sintam seguros e bem-vindos, criando um ambiente onde o medo e o bullying não tenham espaço.

10 – Promova a participação ativa dos alunos: Incentive os alunos a se envolverem ativamente na vida escolar, seja por meio de clubes, grupos de interesse ou projetos comunitários, dando-lhes voz e autonomia.


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