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No dia 19 de abril, comemora-se o Dia dos Povos Indígenas, uma data de grande importância que celebra a diversidade cultural e histórica das comunidades indígenas do Brasil.  Instituída em 1943 por meio de um decreto do governo de Getúlio Vargas, a data não apenas reforça a riqueza cultural desses povos, mas também serve como um momento de reflexão sobre a luta contra o preconceito e pela preservação de seus direitos.

No Estado de São Paulo, a presença e relevância dos povos indígenas são destacadas através de 42 escolas estaduais indígenas. As instituições educacionais atendem a 1.556 estudantes, distribuídos entre os anos iniciais, anos finais, ensino médio e Educação para Jovens e Adultos (EJA). 

A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) destaca que o principal objetivo dessas escolas é preservar a língua, os costumes e a cultura indígena, integrando esses elementos ao currículo paulista.

“Nesses espaços escolares, ocorrem diálogos constantes visando à manutenção e preservação da cultura, conectando-a ao contexto local. As aulas são ministradas de forma a utilizar recursos tecnológicos que mostram os cenários das aldeias, além de serem realizadas em casas de reza, fortalecendo assim a cultura e seus rituais sagrados, bem como o respeito aos ancestrais”, destaca a Seduc.

Para comemorar o Dia dos Povos Indígenas, o Escolas Exponenciais apresenta a partir de agora como é o dia a dia em duas escolas da rede estadual de ensino de São Paulo. Confira!

Aula valoriza modo de vida indígena com usos e costumes em prática

Na região da Diretoria de Ensino de São Bernardo do Campo, as salas de aula indígenas estão ligadas à Escola Estadual Omar Donato Bassini, por ser a mais próxima das comunidades localizadas no bairro Tatetos. 

A unidade escolar tem a responsabilidade de oferecer orientação, formação e materiais de apoio ao ensino e aprendizagem, além de administrar o fornecimento de mobiliário e merenda. O processo de ensino acontece, em sua maioria, na língua materna da etnia Guarani Mbyá, garantindo assim a preservação da cultura.

As aulas são elaboradas pelos professores, a maioria deles indígenas, com planos focados no desenvolvimento pedagógico de acordo com os princípios da Educação Escolar Indígena. 

Os professores seguem um modelo de aula que valoriza o modo de vida indígena, incorporando os usos e costumes, bem como o ambiente ao redor, como árvores, pedras, animais e utensílios do cotidiano, que enriquecem e facilitam a aprendizagem. 

Um exemplo notável é o conceito de medidas, ensinado através da construção de uma horta ao lado da sala de aula, onde os alunos do Ensino Fundamental 2 iniciam as medições com as mãos e depois usam fitas métricas para entender outras formas de realizar esses processos.

“Nosso papel como Professores Especialistas em Currículo (PECs) da educação indígena é auxiliar, incentivar e compartilhar formações que contribuam para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma exitosa e efetiva, oportunizando, assim, o desenvolvimento acadêmico e pessoal dos alunos”, explica o professor Vitor Hugo Pissaia.

As salas de aula atendem duas aldeias: a aldeia Tekoa Guyrapaju, com 26 alunos na faixa etária de 6 a 56 anos (média), e a aldeia Tekoa Kuaray Rexakã (Brilho do Sol), com 28 alunos na mesma faixa etária, totalizando 54 alunos matriculados.

Dia dos Povos Indígenas: língua materna e conteúdo tradicional dividem mesmo espaço

Já na região da Diretoria de Ensino Norte 1, encontra-se a escola EEI Djekupe Amba Arandy, localizada na Terra Indígena Jaraguá, representante da etnia Guarani. 

Nesta escola, a língua materna e os conhecimentos tradicionais são cuidadosamente ensinados por professores indígenas, visando fortalecer a identidade cultural e valorizar os costumes e tradições, conforme destacado pela dirigente educacional.

As lideranças e anciãos desempenham um papel crucial nos territórios indígenas, apoiando a educação escolar indígena e participando ativamente das decisões e deliberações comunitárias. 

A preservação e valorização da cultura e tradições indígenas são consideradas essenciais para a construção da identidade do povo brasileiro, e a escola reconhece a importância de transmitir esses conhecimentos às novas gerações.

Para integrar os conhecimentos tradicionais ao currículo acadêmico, os professores adaptam os temas e conteúdos com base nos saberes da própria comunidade. Este processo visa desenvolver habilidades diversas e promover o protagonismo dos alunos, tornando as aulas dinâmicas e versáteis, sempre conectadas à realidade e ao cotidiano das aldeias.

A abordagem em sala de aula também assegura a preservação da língua materna e a valorização da identidade cultural dos alunos indígenas, com disciplinas dedicadas a esses temas na Matriz Curricular, como Língua Indígena e Saberes Tradicionais.

Os anciãos e líderes comunitários desempenham um papel fundamental no apoio à educação dos alunos indígenas, organizando a vida coletiva, espiritual, política e educacional dentro das salas indígenas. 

Esta colaboração é essencial para garantir que a educação seja culturalmente relevante e sensível às necessidades das comunidades locais.

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