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No Colégio Rio Branco, a discussão sobre o Dia da Consciência Negra foi para além da sala de aula. Seis alunos negros estruturaram, com apoio dos educadores, um “grupo de afinidade”, intitulado Coletivo Racial CRB, para debater a intolerância. Atualmente, o grupo conta também com a participação de alunos brancos.

Segundo Caio Mendes, professor de História do colégio, a importância do grupo é a de trazer maior articulação dentro do ambiente escolar. “Os alunos saem de um lugar de fragmentação do conhecimento e passam a utilizar todas as referências que aprenderam nos diversos componentes curriculares para pensar, criar e refletir sobre as temáticas. Além disso, comunicam-se com grupos maiores, estabelecendo um diálogo com outras séries, ampliando, assim, a conversa, inclusive utilizando outras linguagens”, destaca.

Um dos estudantes idealizadores do projeto, Pietro da Cunha, do 9º ano do Ensino Fundamental, acredita que a existência do Coletivo Racial CRB mostra que “nós, jovens, com um mundo inteiro para descobrir, temos um lugar de fala e podemos nos expressar de diversas maneiras”. Desse modo, cumpre-se a proposta do colégio de impulsionar os alunos a extrapolarem o espaço da escola para propor, analisar criticamente e debater, processos essenciais para a formação global.

Para além do Dia da Consciência Negra, os alunos levantaram questões do cotidiano dentro e fora da escola em que percebem que a falta de informação leva a comentários e atitudes preconceituosas, revelando a estrutura de uma sociedade pautada em ações de discriminação.

Diante disso, encaminharam à direção da escola a proposta do coletivo, entendendo que, ao conscientizar os seus pares, a discussão entraria também em outros núcleos da sociedade. O olhar ao coletivo passou por uma curadoria e encaminhamentos educacionais.

Depois, professores e colaboradores negros também foram convidados a participarem da iniciativa para que pudessem contribuir, por meio de suas experiências de vida, ampliando o caminho do coletivo.

 

Discutindo na prática a Consciência Negra

Beatriz Sardinha, da 2ª série do Ensino Médio, também participa do projeto e defende que a principal importância do coletivo não é ensinar o que é racismo ou mostrar repetir os conteúdos das aulas de História, mas, sim, trazer experiências reais.

“Assim, compartilhando, mostramos que o negro tem história e pode ajudar a plantar uma semente de conscientização naqueles que, por vezes, não têm contato direto com essas realidades”, pontua.

Para ela, o Dia da Consciência Negra é fundamental para relembrar as origens do Brasil: “Um país que tem grande parte de suas raízes estabelecidas pelo povo negro, mas que, por muito tempo encobriu esse desdobramento com outra marca da nossa história: o racismo. Por isso, em um país ainda desigual, o Dia da Consciência Negra é de extrema relevância para relembrar aqueles que foram parte da formação da nação”, acrescenta.

 

Um pouco de história

O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é uma homenageia à Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo da História do Brasil. A data propõe uma reflexão sobre a luta do movimento negro pela igualdade e o fim da opressão no Brasil.

“Esse dia é fundamental para nós e valida a importância dos povos negros e escravizados em nossa estrutura de país, pensamento, religião, filosofia, entre outros”, explica Caio Mendes, professor de História do Colégio Rio Branco.

Caio Mendes, professor de História do colégio, lembra que a discussão sobre a história e a cultura afro-brasileira também estão previstas na BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e, em 2003, a temática passou a ser obrigatória em sala de aula (Fundamental e Médio).

Para se aprofundar sobre esse assunto, saiba a importância de implementar a educação antirracista nas escola.