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Aos 45 anos, Lucinete Cândida Pereira vive uma história de superação, que exemplifica os desafios enfrentados por muitas mulheres para sobreviver, cuidar da família e trilhar uma trajetória profissional. Foi como auxiliar de serviços gerais do Centro Educacional Primeiro Mundo, em Vitória (Espírito Santo), que Lucinete decidiu ser professora. Atualmente, ela atua como auxiliar de disciplina na mesma unidade de ensino em que, até o ano passado, cuidava da limpeza.

“Profissão tem que ter vocação. A melhor coisa que eu fiz na vida foi vir para o Centro Educacional Primeiro Mundo. Eu comecei na limpeza, mas ali minha paixão pela pedagogia foi aguçada. Faz um mês que estou como auxiliar de disciplina. Venho trabalhar muito feliz e tem muito tempo que não me sentia assim. Me formo professora em dezembro de 2022 e quero continuar na sala de aula junto com as crianças”, conta.

Para o diretor-geral da instituição de ensino, Eduardo Cardoso, a trajetória de Lucinete é exemplo de como “a vocação, a determinação e o conhecimento podem mudar vidas”. Além disso, cita a importância de a instituição ser ponte para que muitas mulheres encontrem suas vocações e oportunidades. “Acreditamos no trabalho das mulheres, que são a força e a alma das nossas escolas. Não por acaso, 85% do nosso quadro é formado por profissionais mulheres”, destaca.


Trajetória

Lucinete nasceu em Pinheiros (Norte do Espírito Santo) e mudou para a Serra, na Região Metropolitana, ainda na infância, quando tinha apenas 3 anos. Depois, mudou-se para a casa de uma tia, no Rio de Janeiro, para estudar, e se formou em Artes Cênicas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de fazer tablado na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL).

 “Precisei largar tudo que fazia no Rio para cuidar da minha mãe, que estava doente na época. Foi quando voltei que conheci meu marido e fiquei de vez no Espírito Santo”, lembra a futura professora, que perdeu o marido em um acidente doméstico.

“Quando fiquei viúva, meu filho Ryamm Pietro tinha só 3 anos. Vendi o que tinha para não ficar com dívidas, mas fiquei sem dinheiro. Foi assim que comecei a trabalhar na escola como auxiliar de serviços gerais para poder sustentar meu filho. Não foi fácil, mas quem diria que, dessa forma, eu encontraria o caminho da minha vocação como professora!”, conta.

Além da rotina escolar e das aulas na faculdade de pedagogia, nos fins de semana Lucinete mantém um projeto social que une arte e pedagogia. “Dou aula de teatro para crianças carentes e, dessa forma, mantenho vivo o projeto que eu já fazia no Rio de Janeiro”, ressalta.

Para Lucinete, compartilhar sua história de vida é uma maneira de ajudar outras mulheres a superarem os seus desafios diários. “Conto minha história para que seja inspiração para aquelas que não sabem por onde recomeçar. Acreditem que, com força, coragem e perseverança, tudo pode acontecer!”, completa.