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O investimento na formação de professores foi apontado por especialistas como providência necessária para melhorar os índices de alfabetização no país. Em seminário sobre o tema realizado, nesta quarta-feira (3), pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, os participantes mostraram preocupação com os efeitos da pandemia no ensino das crianças e na evasão dos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

De acordo com a edição 2019 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o Brasil tem 11 milhões de pessoas acima de 15 anos que são analfabetas. Dados de um levantamento de 2018 revelam também que 29 milhões de cidadãos são considerados analfabetos funcionais, com pouca capacidade de ler e interpretar um texto.

Diante desses e de outros números, a representante do Fórum de Educação de Jovens e Adultos no Centro-Oeste, Claudia Costa, comentou sobre a importância da alfabetização das crianças e pediu atenção especial para aqueles um pouco mais velhos, com programas que estimulem a continuidade dos estudos.

“Educação de jovens e adultos precisa estar na boca de todas as pessoas que ocupam cargos públicos e que estejam, de fato, preocupadas com essa modalidade”, comentou.

Ações do governo
Integrantes do Ministério da Educação listaram as ações governamentais ligadas à alfabetização, como a disponibilidade de R$ 1,1 bilhão do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) para a retomada segura das aulas presenciais, programas de acompanhamento familiar para o desenvolvimento da leitura e de formação específica para professores de creches e pré-escola.

Para a presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE), Suely Menezes, a implantação da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) exige atualizações nos currículos e no material didático para a alfabetização. Ela lembrou que a atividade pressupõe levar em conta o contexto do aluno e que falhas nessa etapa de ensino repercutem no restante da vida escolar.

“A proposta é que as crianças aprendam conhecimentos e desenvolvam competências e atitudes para a vida, e não exclusivamente para passar de ano ou alcançar bons resultados nas provas”, explicou.

Investimento
Vários especialistas destacaram a complexidade do processo de aprender a ler e escrever, mas criticaram a BNCC, apontando objetivos confusos e falta de exigência de habilidades aos alunos da pré-escola, diferentemente do que acontece em outros países.

João Batista Oliveira, do Instituto Alfa e Beto, reiterou a importância de melhorar o nível acadêmico dos professores. “Temos de atrair para o magistério pessoas que pensem bem e tenham boa formação intelectual”, afirmou.

Secretária de Educação de Cascavel (PR) e representante da União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Marcia Baldini também cobrou investimento na formação de professores e nos materiais de apoio.

“Se queremos bons resultados na educação, temos de investir, sim, no professor. É necessário que ele tenha conhecimento de como se desenvolvem os alunos, nos aspectos teórico, prático e metodológico”, disse.