O retorno às aulas presenciais em instituições públicas e privadas de educação básica de todo o país deixou evidente, para alguns especialistas, um quadro desafiador: recuperar o conteúdo não incorporado e curar sequelas psicossociais que atingem alunos e, não raras vezes, os professores. Afinal, a pandemia da covid-19 impôs a eles quase dois anos de afastamento total ou parcial do ambiente escolar.
Nesse período, alunos e professores tiveram de se adaptar a práticas remotas ou semipresenciais. Valeram-se também de atividades “apostiláveis”, que é quando o material de estudos, juntamente com as instruções para a execução de deveres, é entregue aos alunos na escola, mas trabalhado em casa.
O que ficou pelo caminho transparece em pesquisa qualitativa recém-divulgada pelo DataSenado sobre a educação durante a crise sanitária. Os impactos da pandemia no ambiente doméstico, na escola e nas relações sociais, além das barreiras ao processo de aprendizagem são alguns dos pontos que mostram o quão difícil foi esse período, com real e significativo retrocesso no ensino.
Diante desse cenário desafiador, o Senado aprovou recentemente um projeto de lei que institui o Plano Nacional de Enfrentamento dos Efeitos da Pandemia de Covid-19 na Educação. Uma das prioridades da medida é realizar ações de busca ativa de alunos que não retornaram às escolas após a retomada das aulas presenciais e avaliação diagnóstica do que foi aprendido.
O fomento à colaboração entre os entes federados é a primeira diretriz do plano. Cabe à União, em função redistributiva e supletiva, prestar assistência técnica e financeira aos estados e municípios para “assegurar o retorno às aulas presenciais com adequada qualidade de ensino”.
Recentemente, os senadores aprovaram o projeto de lei que obriga o governo a fornecer mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos apropriados à idade e às necessidades específicas de cada estudante de escola pública. O projeto vai à sanção.
De acordo com o professor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador do Laboratório de Políticas Públicas e Planejamento Educacional, Luis Enrique Aguilar, seria imprescindível para os próximos dois anos duplicar o orçamento por aluno da educação básica, assim como o piso salarial dos professores.
“A proposta do plano é muito boa, mas precisa fundamentalmente de um investimento maciço. É preciso uma grande mudança para se recuperar. Na pandemia, o Brasil foi o país em que as crianças e os adolescentes ficaram mais tempo fora da sala de aula. Dois anos se perderam; e se perderam mesmo”, afirma.
Fonte: Agência Senado
Texto: Paula Pimenta, com edição do Escolas Exponenciais
Foto: Divulgação/Semcom