3 min de leitura
Unicef afirma que a evasão escolar no Brasil atinge 5 milhões de alunos; escolas ficaram mais de 50 semanas fechadas no país
Unicef afirma que a evasão escolar no Brasil atinge 5 milhões de alunos; escolas ficaram mais de 50 semanas fechadas no país

A comissão externa da Câmara que acompanha os trabalhos do Ministério da Educação realizou audiência virtual com representantes dos secretários estaduais de Educação, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Fundação Roberto Marinho, para discutir a urgência de ações efetivas no combate à exclusão, ao abandono e à evasão escolar.

Segundo dados do Unicef, a evasão escolar no Brasil atinge 5 milhões de alunos. Durante a pandemia, esses números aumentaram em 5% entre os alunos do ensino fundamental e 10% no ensino médio. Para os que ainda estão matriculados, a dificuldade foi de acesso, com 4 milhões de estudantes sem conectividade.

De acordo com o coordenador da comissão, o parlamentar Felipe Rigoni, agora com a volta gradual das aulas presenciais, é preciso pensar formas de trazer de volta para a escola esses alunos e recuperar o aprendizado que ficou prejudicado por falta de acesso. “A gente tem uma tarefa muito séria, que é trazer esses estudantes de volta, acolhê-los de maneira adequada nas escolas e fazer uma grande recuperação da aprendizagem”, disse.

Único meio
O presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Educação, Vitor de Angelo, reconheceu que as desigualdades aumentaram no ensino remoto, mas ele acredita que a internet foi o único meio de garantir que 100% dos alunos não fossem prejudicados durante a pandemia. 

“Eu não estou naturalizando a desigualdade, eu estou colocando ela como um subproduto inevitável de uma decisão que era binária: ou fazemos alguma coisa ou não fazemos nada e o cenário seria ainda pior”, disse.

Já o representante do Unicef, Italo Dutra, destacou que o tempo de fechamento nas escolas foi maior na América Latina e no Caribe, sendo que no Brasil passou de 50 semanas. Para ele, o desafio agora é proporcionar a volta às aulas presenciais de forma gradual e eficiente para os alunos. “A grande questão é: o impacto que isso vai ter depois, com a retomada das atividades presenciais, se não forem pensadas atividades de acolhimento das crianças e adolescentes e um olhar mais amplificado sobre a busca ativa dessas crianças e adolescentes que efetivamente não retornarem às atividades presenciais”, observou Dutra.

Trabalho
A representante da Fundação Roberto Marinho na audiência, Rosalina Soares, apresentou dados de pesquisa realizada com os jovens brasileiros que demonstra que, além de todos os problemas de conectividade, muitos alunos deixaram de estudar para trabalhar, pois 45% dos jovens brasileiros estão em famílias que perderam parcialmente ou totalmente sua renda durante a pandemia.

Rosalina Soares alertou para o custo que a não formação desses jovens vai trazer para o País nos próximos anos, e afirmou que é preciso uma ação multidisciplinar para resolver esse problema.