Em SP, escola busca desenvolver a autoestima dos alunos no processo de aprendizagem
No ensino tradicional, ainda é comum crianças e adolescentes aprenderem diversos conteúdos apenas com a intenção de tirar uma boa nota em uma prova. Nesses casos, os alunos são ‘guiados’ pelo medo e, consequentemente, ficam fragilizados quando a expectativa não é alcançada na avaliação. Cientes dos prejuízos educacionais que essas situações podem desencadear e da importância em reconhecer as habilidades de cada indivíduo, escolas adeptas de uma educação inovadora e criativa buscam cada vez mais desenvolver a autoestima dos alunos no processo de aprendizagem.
Na escola Teia Multicultural, localizada em São Paulo, um dos objetivos da equipe pedagógica é auxiliar os alunos a desenvolverem a autoestima para que sejam capazes de reconhecer suas próprias potências. “Nós recebemos alunos de outras escolas com a autoestima bem prejudicada, muito por conta dessa mecânica de não irem bem nas provas e não se sentirem valorizados em suas habilidades e no seu ambiente de estudo. E a escola contribui para que os pais não valorizem essas crianças e não proporciona que as crianças descubram outras habilidades que elas podem ter mais facilidade”, pontua Lucas de Briquez, empresário e diretor administrativo da Teia Multicultural.
Para a neuropsicopedagoga e diretora pedagógica da Teia Multicultural, Georgya Corrêa, trabalhar no desenvolvimento da autoestima estudantil é até mais importante do que manter o foco em transmitir o conteúdo. “Quando o processo educativo olha para esse lugar de reconhecer essas potencialidades e auxiliar o estudante a reconhecer, ele está ajudando no desenvolvimento da autoestima e dessa percepção. É mais importante do que saber uma tabuada, se eu for falar no aspecto geral do ser humano”, afirma.
De acordo com Georgya, o aluno que entende suas habilidades e também é incentivado a reconhecer suas dificuldades, terá mais facilidade para lidar com os conteúdos em que geralmente não apresenta bom desempenho. “O reconhecimento de uma inabilidade pode não ser um grande sofrimento se eu estiver fortalecida com minha autoestima, até para que eu me dedique mais a uma aprendizagem menos sofrida da tabuada, algo importante para a vida prática. Com autoestima e reconhecimento, as dificuldades podem ser superadas”, pontua.
Autoestima no ambiente escolar
Na educação, Georgya afirma que a autoestima pode ser desenvolvida a partir da valorização das potencialidades individuais de cada aluno. Para a profissional, é preciso reconhecer que cada estudante tem suas habilidades e dificuldades, e encontrar maneiras de incentivá-lo a fazer esse autoconhecimento.
“Os alunos precisam reconhecer as potências e faz parte da autoestima reconhecer as dificuldades, não como algo excepcional de que só eu tenho uma dificuldade. Mas aquela é a minha e o outro vai ter a dele também”, destaca.
Segundo Briquez, na Teia Multicultural existe a prática pedagógica de entender a habilidade do estudante e, então, há um reconhecimento para que ele se sinta fortalecido. “A partir desse processo de cristalização do seu ego, das suas vontades, habilidades e áreas de interesse, fica mais fácil lidar com as áreas de dificuldade. Partimos do princípio que todo aluno tem habilidades e dificuldades e desenvolver a autoestima vem em primeiro lugar. Primeiro desenvolvemos a autoestima. Depois vamos para o que é mais difícil para ele e, com que de certa forma, fere essa autoestima. Todo estímulo negativo machuca demais os alunos”, completa.
Escuta ativa
Em Belo Horizonte, desde 2018 o Colégio Magnum Cidade Nova busca praticar uma escuta ativa com os alunos. A iniciativa é realizada a partir de um plantão psicológico, que tem como foco cuidar da saúde mental das crianças dos ensinos fundamental 1 e 2 e dos adolescentes do ensino médio.
Os alunos têm a liberdade de procurar auxílio psicológico espontaneamente ou são encaminhados por sugestão da equipe pedagógica. “Também desenvolvo um trabalho com professores, que é uma capacitação para arte da escuta. Muitos alunos confiam no professor e procuram por eles em situações difíceis. Então, aproveitamos essa busca espontânea para o professor ficar sensível e oferecer uma escuta também mais especializada”, afirma a psicóloga Danielle Pereira Matos Rabelo.