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Com a possibilidade de receber até 100% dos alunos neste segundo semestre, algumas escolas do estado de São Paulo resolveram intensificar o acolhimento dos estudantes no retorno às aulas presenciais. Mais do que se preocupar com a adoção dos protocolos sanitários, essas instituições de ensino também sentiram a necessidade de elaborar estratégias para trabalhar as competências socioemocionais das crianças e dos adolescentes, que sentiram os efeitos do isolamento.

Localizado em São José dos Campos (SP), o Colégio Joseense apostou em atividades que promovam o acolhimento dos alunos, auxiliando-os a lidarem com os próprios sentimentos. “O retorno às atividades presenciais não será como a volta de um recesso tradicional, como quando alunos e professores retornam das férias. Evidenciando o papel de acolhimento, o Colégio Joseense intensificará o trabalho em torno das competências socioemocionais, auxiliando os estudantes a lidarem com os próprios sentimentos, preparando-os para a vida profissional e social, de modo a superar múltiplos efeitos adversos, causados pelo longo período de afastamento social, tais como impactos emocionais, físicos e cognitivos”, explica Rogéria Sprone, diretora pedagógica do colégio.

Entre as ações previstas para este início de semestre na escola, estão programados momentos de conversa sobre as experiências e sentimentos de cada aluno, desenvolvendo a educação socioemocional; além de buscar fortalecer a relação escola-família.

De acordo com a profissional, muitos alunos já sinalizaram a falta que sentiam dos professores, do ambiente escolar e dos amigos. “Eles falam que valorizam isso, agora, muito mais que antes da pandemia. Parece que precisavam estar limitados para valorizar todo o processo escolar e entender que sozinhos tudo fica mais difícil de conseguir”, analisa.

A diretora pedagógica ainda destaca outro ponto primordial da vida acadêmica que é a socialização do indivíduo. “Por se tratar de um ambiente coletivo, é onde os jovens e crianças aprendem a conviver em sociedade e adquirir valores, além dos já inseridos pela família”, afirma Rogéria.

O Colégio Joseense apostou em atividades que promovam o acolhimento dos alunos, auxiliando-os a lidarem com os próprios sentimentos (Foto: Breno Baére /Colégio Joseense)
O Colégio Joseense apostou em atividades que promovam o acolhimento dos alunos, auxiliando-os a lidarem com os próprios sentimentos (Foto: Breno Baére /Colégio Joseense)

No Rio de Janeiro, escola amplia o acolhimento para toda a família

Para Maria Clara Alves, coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental I, do Colégio Marília Matoso, do Rio de Janeiro, o atual cenário desafiador da pandemia exige que as escolas estendam o acolhimento também para as famílias.

“Com a pandemia, o olhar diferenciado não pode ser só com os alunos, mas também com as famílias. Todos nós estamos passando por um momento diferente e os pais também”, afirma.

E para conseguir estreitar a relação com as mães e os pais, Maria Clara conta que o Colégio Marília Matoso flexibilizou o horário de atendimento às famílias. “Ficamos disponíveis o dia inteiro. Tenho uma mãe que trabalha na produção de vacinas da Fiocruz e só consigo falar com ela aos domingos”, exemplifica.

Ainda segundo a coordenadora, os estudantes também estão recebendo um acolhimento diferenciado e as questões emocionais estão sendo trabalhadas por meio de leituras, produções textuais e apresentação de curta-metragem. “Percebemos muitos alunos que antes da pandemia não apresentavam questões emocionais e agora estão apresentando. Uma mãe entrou em contato e disse que precisava que minha filha voltasse para a escola não pelo conteúdo, porque ela é excelente, mas pelo emocional, pois está com medo de conversar e fazer amigos. E ela nunca foi assim”, destaca.