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Retomar a rotina escolar, após o longo período de isolamento social e aulas on-line devido à pandemia da Covid-19, deve ser ainda um dos desafios da educação básica para os próximos anos. Quem traz essa previsão é Regina Alves, fundadora da Rede Decisão.

Em relação às tendências no mercado educacional, Regina aposta no metaverso como uma importante ferramenta de ensino e aprendizagem. Para ela, essa nova realidade deve ganhar ainda mais destaque nas escolas.

Para compreender os principais desafios e o que deve estar em alta no futuro da educação básica, confira a entrevista abaixo.

 

Escolas Exponenciais: Na sua opinião, quais devem ser os principais desafios da educação básica para os próximos anos? 

Regina Alves: Acredito que o principal desafio da educação básica é retomar a rotina, devido à pandemia. Estabelecer a tecnologia como mais uma possibilidade importante de aprendizado e reforçar o papel de facilitador do professor. 

Portanto, à escola cabe o dever de reordenar algumas tarefas, acolher esse professor que, seja por reflexo da pandemia ou não, vem sistematicamente se esgotando cada vez mais.

Hoje em dia, com tantas tecnologias a nosso favor, é possível retirar do escopo do profissional diversas tarefas e deixar para ele mais tempo livre para pensar em novas dinâmicas de aulas, passar mais tempo acolhendo os alunos, viabilizar a tão importante escuta ativa e educação humanizada que considero ser o que de melhor podemos oferecer a nossos jovens e crianças. 

É vital que as redes de ensino busquem ferramentas que facilitem a atividade operacional do professor e trabalhem também com o compartilhamento de produções pedagógicas e boas práticas para melhorar seu dia a dia. Acredito que esse intercâmbio de conhecimento pode nos trazer grandes saltos e, juntos, aprendermos ainda mais. 

    

EX: Em relação a inovação, o que você acredita que deve ser tendência no mercado educacional para a educação básica? 

Regina Alves: Tendência do mercado educacional, a tecnologia pegou muita velocidade por conta da pandemia, mas acredito muito na força e potencial do metaverso como ferramenta de ensino e aprendizagem, que deve ganhar bastante destaque na educação daqui para a frente. 

Mas é importante também ter em mente que o principal, do ponto de vista do professor, é ter uma percepção clara de que esse processo é tripartite: por um lado, o estudante pode consumir conteúdos vinculados ao mundo digital.

Estamos falando de trazer vídeos, depoimentos, animações ou outras ferramentas que tornam mais fácil a aprendizagem. Por outro lado, compreender que os estudantes devem ser participantes do processo.

Para isso, é fundamental terem oportunidades durante as aulas de manusearem as diferentes ferramentas: trabalhar com plataformas colaborativas, postar vídeos, áudios, desenvolver atividades de avaliação entre pares, com práticas de publicar comentários, criar conteúdo para publicação online como textos e fotos.

Por fim, estabelecer a noção de que todo esse processo pode gerar dados importantes sobre a aprendizagem. As tecnologias educacionais não se resumem a um elemento para tornar as aulas mais lúdicas ou mais completas. Elas permitem novas práticas repletas de intencionalidade pedagógica. 

  

EX: Após a pandemia acelerar o uso da tecnologia nas escolas, qual sua expectativa em relação à tecnologia na educação básica para 2023? 

Regina Alves: Manter e acelerar todos esses avanços tecnológicos que conquistamos nos últimos três anos, impulsionados pelo ensino remoto. Além de precisar de muito empenho para recuperar as perdas de aprendizagens que ocorreram no mesmo período, mas que requer também muita participação das famílias no dia a dia dos estudantes e dos processos de aprendizagens. 

Que o mundo continua mudando muito e nos surpreendendo com o rápido avanço dessas tecnologias, as relações humanas e a força de uma comunidade nunca foram tão marcantes e necessárias. É interessante que os responsáveis se envolvam nessa jornada com seus filhos, aprendendo mais sobre as tecnologias e incentivando o uso responsável dos dispositivos eletrônicos.

A participação da família é essencial para que os jovens aprendam sobre os momentos de utilizar ou não seus eletrônicos, mas também para que desenvolvam competências essenciais para o século XXI com responsabilidade e senso de ética. 

   

EX: Um marco em 2023 será o segundo ano de implantação do Novo Ensino Médio. Para você, como tem sido essa implantação, quais os principais aprendizagens e desafios até agora? 

Regina Alves: O novo ensino médio é um desafio, porém a mudança não é repentina. Vale lembrar que nós, educadores, já nos preparávamos para esse cenário há alguns anos.

Acredito que o mais difícil é a sustentabilidade desse ensino, sobretudo para escolas de pequeno porte e do engajamento dos jovens, que precisarão escolher as disciplinas, o que demanda certa maturidade. É nesse sentido que a escola deverá trabalhar e possibilitar aos estudantes, ao longo do ensino, sobre tomada de decisões, portfólio de ferramentas e escolhas.

O grande desafio é estruturar e sustentar um currículo que atenda às necessidades dos alunos do século XXI, e que tenha foco não só nas habilidades técnicas, quanto também nas socioemocionais, que deixarão o aluno preparado para o futuro. 

 

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