No Brasil, número de crianças que não aprenderam a ler e nem escrever aumenta 66% na pandemia
Uma nota técnica divulgada nesta terça-feira pela ONG (organização não governamental) ‘Todos pela Educação’ revelou que, entre 2019 e 2021, houve um aumento de 66,3% no número de crianças brasileiras de 6 e 7 anos que, segundo seus responsáveis, não sabiam ler e escrever. O número passou de 1,4 milhão em 2019 para 2,4 milhões em 2021.
O levantamento, que foi produzido a partir Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2012 a 2021, reforça os efeitos negativos da pandemia para a educação no Brasil. De acordo com os dados, esse impacto reforçou a diferença entre crianças brancas e crianças pretas e pardas. Os percentuais de crianças pretas e pardas de 6 e 7 anos de idade que não sabiam ler e escrever passaram de 28,8% e 28,2% em 2019 para 47,4% e 44,5% em 2021, sendo que entre as crianças brancas o aumento foi de 20,3% para 35,1% no mesmo período.
A publicação ainda destaca que a não-alfabetização das crianças em idade adequada traz prejuízos para aprendizagens futuras e aumenta os riscos de reprovação, abandono e/ou evasão escolar. Esse é um dos motivos de a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelecer a alfabetização como foco principal da ação pedagógica nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental.
Para o líder de políticas educacionais do Todos Pela Educação, Gabriel Corrêa, o crescimento das disparidades agrava problemas históricos da educação no país. “A alfabetização na idade correta é etapa fundamental na trajetória escolar de uma criança, e por isso esse prejuízo nos preocupa tanto. E porque os danos podem ser permanentes, uma vez que a alfabetização é condição prévia para os demais aprendizados escolares. Precisamos urgentemente de políticas consistentes para a retomada das aulas, para que essas crianças tenham condições de serem alfabetizadas e sigam estudando. É inadmissível retrocedermos em níveis de alfabetização e escolaridade”, pontua.
Ainda segundo a ONG, os desafios educacionais agravados pela pandemia precisarão ser enfrentados com políticas públicas efetivas nas esferas municipais, estaduais e federal.