A geração alpha é formada pelos nascidos em 2010 até os que nascerão em 2025. Trata-se de um grupo de pessoas que já nasceu com a tecnologia na palma da mão. De maneira geral, esses jovens apresentam facilidade com a tecnologia, são curiosos e independentes. Mas como educar essa geração com hábitos tão diferentes dos pais?
Inseridos, em sua maioria, em núcleos familiares menores e diversificados, esse grupo, independente e com um amplo potencial de resolução de problemas, valoriza mais a experiência e se frustra com o “não” facilmente.
“São alunos espontâneos, acelerados e superinteligentes, com tempo destinado à educação acadêmica prolongado”, destaca Mariana Abbate, orientadora educacional de apoio à aprendizagem da Unidade Granja Vianna do Colégio Rio Branco.
Qual a melhor maneira de educá-los?
Para educar a geração alpha, é preciso entender que os nascidos nessa época se caracterizam por serem mais autônomos e curiosos, se adaptando mais a metodologias ativas de aprendizagem, que se diferenciam do ensino comum.
O que se pode observar, segundo a orientadora educacional, é que os pais da geração alpha, na sua maioria os millenials, repelem condutas autoritárias, como o uso de castigos, que receberam das suas famílias, e agem em favor do respeito às crianças. Entretanto, muitas vezes, ficam sem saber como conduzir o educar dos filhos quando seus pedidos, regras e combinados não são seguidos.
O desafio é pensar em novos modelos de educação e de conduta na dinâmica familiar. De acordo com Mariana, especialistas de diferentes áreas, como a Pedagogia, Psicologia, Medicina e Sociologia, podem e devem auxiliar na orientação, mas faz-se necessário considerar a realidade de cada família em que se está inserido.
“Assim como as crianças da geração alpha, os adultos precisam aprender a filtrar e qualificar a informação para se apropriar dela de forma coerente e madura”, aconselha a especialista.
Como as escolas podem se adaptar à geração alpha?
É fato que o modelo de escola tradicional não se encaixa mais para a nova geração e já foi considerado obsoleto há muitos anos. Levando em conta as características dos alpha, podemos concluir que os alunos querem ser protagonistas na sua educação e, assim, o professor torna-se um mediador do conhecimento.
Levando isso em conta, a escola tem um novo desafio de olhar os alunos com mais individualidade. Mariana destaca uma tendência de ensino cada vez mais personalizado para as necessidades e para os interesses dos alunos, com olhar cuidadoso e atento para a criança e para o adolescente e não mais apenas para o currículo.
“Devemos pensar em um aprender baseado em projetos transdisciplinares, capazes de incentivar o aprendizado intencional, a partir de vivências do cotidiano, com intenção pedagógica, para contribuir com a formação de cidadãos críticos, participativos e éticos na nossa sociedade”, defende.
Como os alunos já nascem conectados, é preciso educá-los quanto ao uso saudável da tecnologia, quanto aos impactos das redes sociais na autoestima e em relação ao equilíbrio entre o mundo online e offline. Com essa consciência, eles poderão, com a ajuda da tecnologia, criar grandes facilidades e avanços a seu favor.
Mariana destaca nove qualidades dessa geração que devem ser aproveitadas na escola para o desenvolvimento das crianças. Confira!
Alfabetização digital natural: desde cedo, os membros da geração alpha estão expostos a dispositivos eletrônicos e à tecnologia. Eles tendem a desenvolver habilidades digitais e de computação intuitivamente, o que pode ser canalizado para atividades de aprendizado interativo e criativo.
Adaptabilidade: crescendo em um mundo em constante mudança, as crianças tendem a ser adaptáveis e abertas a novas experiências. Isso pode ser aproveitado para a introdução de métodos de ensino inovadores e abordagens educacionais flexíveis.
Conexão global: a internet e as redes sociais tornaram o mundo mais interconectado do que nunca. A geração alpha está acostumada a interagir com pessoas de diferentes culturas e origens. As escolas podem usar essa característica para promover a compreensão intercultural e o pensamento global.
Criatividade digital: a familiaridade com ferramentas digitais pode estimular a criatividade das crianças. Professores podem incentivar projetos que envolvam mídia digital, design gráfico e outras formas de expressão criativa online.
Acesso a informações: a internet fornece acesso instantâneo a uma vasta quantidade de informações. As escolas podem ensinar os alunos a avaliar criticamente fontes online, a discernir informações confiáveis e a desenvolver habilidades de pesquisa.
Colaboração: a geração alpha está acostumada a colaborar, seja em projetos escolares, seja em atividades de lazer. O ambiente escolar pode fomentar a colaboração construtiva e ensinar habilidades de comunicação eficaz.
Empoderamento individual: com a tecnologia ao alcance das mãos, os membros da geração Alpha têm a oportunidade de explorar seus interesses e paixões, de maneira autônoma. O papel do professor também é incentivar a busca ativa pelo conhecimento e a autonomia no aprendizado.
Aprendizado personalizado: as escolas podem adotar abordagens mais individualizadas, aproveitando a tecnologia para adaptar o currículo às preferências e ritmos de aprendizado dos alunos.
Consciência ambiental: a geração alpha cresceu em um período de maior conscientização sobre questões ambientais. Promover a educação ambiental e incentivar práticas sustentáveis desde cedo é imprescindível.
Foto: Imagem de Freepik.
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