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Com as escolas fechadas no início da pandemia da Covid-19, em 2022, foram muitos os desafios enfrentados pelos países, em todo o mundo, para conseguir manter o processo de ensino e aprendizagem dos alunos.

E este foi um dos assuntos debatidos no segundo dia do 6º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, onde repórteres da Colômbia, México, Costa Rica e Uganda, na África, contaram os impactos na educação em seus países.

Durante o evento, os profissionais relataram que, em algumas localidades, foi preciso apelar para o uso do rádio e da televisão para que os professores pudessem continuar garantindo o ensino às crianças.

 

Desafios enfrentados com as escolas fechadas

O Escolas Exponenciais fez a cobertura do 6º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, promovido pela Jeduca (Associação de jornalistas de educação), e preparou uma lista com os principais desafios educacionais vivenciados na Colômbia, no México, na Costa Rica e em Uganda, com as escolas fechadas.

  1. Falta de acesso à tecnologia
  2. Saúde mental
  3. Defasagem escolar
  4. Trabalho infantil
  5. Gravidez precoce
  6. Evasão escolar
  7. Segurança alimentar

 

Com escolas fechadas, Colômbia passou a usar o rádio para ensinar

Bogotá, capital da Colômbia, precisou apelar para o uso do rádio com as escolas fechadas. Conforme contou a jornalista Paula Mogollón, do El Espectador, essa foi a estratégia utilizada para conseguir garantir o ensino de parte da população, que não tinha acesso à internet.

Mas, com o ensino prejudicado, os estudantes começaram a apresentar dificuldades emocionais. “Em 2020, os alunos não estavam aprendendo e os problemas de saúde mental foram aumentando”, contou.

A crise sanitária também afetou as famílias economicamente e, de acordo com Paula, crianças precisaram trabalhar para ajudar no sustento das famílias. Para a jornalista, esse novo cenário, que levou as crianças para o trabalho infantil, pode contribuir para aumentar a evasão escolar.

Costa Rica tem o ensino afetado por quatro anos

O repórter Allan Arroyo, da Rádio Columbia, contou que a Costa Rica já vivia uma crise na educação antes mesmo da pandemia, em que professores estavam sem receber os salários.

Com o avanço do coronavírus e o fechamento das instituições de ensino, a situação educacional do país se agravou ainda mais. Segundo ele, a maioria dos estudantes de escolas públicas não tinha computador e nem acesso à internet. “Foram quatro anos com os estudos interrompidos”, contou Arroyo.

Além da falta de tecnologia, o jornalista também destacou a falta de formação dos professores, que de acordo com ele, não tinham habilidades para lecionarem a distância.

 

Rádio comunitária e programas na televisão foram apostas do México

Para o repórter mexicano Erick Pineda, do La Jornada, o cenário educacional no México foi precário com as escolas fechadas. Além da falta de tecnologia, as crianças foram impactadas emocionalmente e até mesmo a segurança alimentar foi prejudicada nos lares das famílias.

“O impacto da covid-19 nas escolas aumentou as brechas de desigualdade. O nosso sistema educacional se viu minado”, ressaltou.

E o processo de ensino e aprendizagem foi realizado, durante este período e para parte dos estudantes, por meio de rádios comunitárias e da exibição de programas educacionais exibidos na televisão. Livros gratuitos também foram distribuídos na zona rural.

Dois anos de escolas fechadas em Uganda

Em Uganda, na África, a jornalista Patience Atuhaire, da BBC, relatou que as escolas ficaram fechadas por longos 22 meses.

Longe das instituições de ensino por tanto tempo, muitas crianças e adolescentes foram expostas ao trabalho infantil e houve aumento de casos de gravidez precoce. Para a jornalista, a saúde mental dos alunos e a lacuna na aprendizagem são algumas das consequências da pandemia.

Ela ainda acrescenta que é necessário olhar com atenção para a evasão escolar, que pode ter grandes impactos com o trabalho infantil e a gravidez na adolescência. 

Congresso

O 6º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação foi realizado nesta segunda (12) e terça-feira (13), em São Paulo.

 O evento teve como tema “Eleições e a cobertura de educação nos próximos anos”.

Em uma das palestras, os representantes dos presidenciáveis abordaram o plano de governo dos candidatos sobre a educação e um outro debate revelou como é o projeto pedagógico de uma escola indígena de Manaus.