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“As atividades de pintura na escola, as cores de canetinhas, giz de cera e lápis de cor em papel, tela, parede… e as reproduções de obras de arte em folhas sulfites ou cartazes A3, estes últimos cuidadosamente guardados em tubos de papelão após os minutos de aula”. Essas são algumas das primeiras lembranças de contato com a arte que Glória Maria dos Santos, atualmente arte-educadora da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, guarda na memória.

Suas lembranças demonstram como as escolas atuam diretamente na aproximação das pessoas com o universo artístico, incluindo a pintura, a literatura, a música e outras inúmeras expressões. Por isso, é importante refletir sobre o papel da arte na formação dos estudantes e analisar como visitas escolares a museus podem contribuir nesse processo.

Quando a escola encontra o museu

De acordo com pesquisa do instituto Oi Futuro, 55% dos entrevistados tiveram o primeiro contato com museus em excursões da escola. Esse cenário reforça o quanto a realização de visitas a museus atua positivamente no processo de ensino-aprendizagem.  

Vale ressaltar que a própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê habilidades que podem ser desenvolvidas de modo mais eficaz fora do espaço da sala de aula no contato direto com o acervo de espaços culturais. Analisar mudanças e permanências dos patrimônios materiais da humanidade ao longo do tempo, bem como pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, são algumas dessas habilidades.

Quando desenvolvidas, elas permitem que o estudante amplie “experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais” e cultivem “a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético”, como aponta a BNCC. 

Para Glória, a realização de atividades educativas é papel fundamental de todo museu que se entende como um espaço de educação. “Apesar de geralmente lembrada pelas visitas mediadas, a ação educativa tem um contexto muito maior, envolto em pesquisa, criação de atividades e materiais pensados essencialmente para estimular e ampliar o diálogo entre instituição, público e obras”, explica Glória. “Quando ligada à curadoria, a ação educativa também pode fornecer novos olhares sobre a acessibilidade física e conceitual de uma exposição, a partir de propostas de aproximação e de acolhimento entre o aparato cultural e a comunidade”, acrescenta a arte-educadora. 

Ações socioeducativas da Fundação

Localizada no bairro Morumbi, a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, um dos mais importantes legados da arquitetura modernista no Brasil, é um dos poucos espaços na cidade de São Paulo que possui em um mesmo lugar um acervo rico em obras do período Colonial, Imperial e do século XX, assim como um parque com vegetação rica em espécies de Mata Atlântica, com mais de 75 mil metros quadrados.

Em 2023, a Fundação promoveu uma série de visitas guiadas com objetivo socioeducativo para diversas ONGs e instituições de ensino públicas e privadas. “A ação educativa da Fundação busca propor diálogos entre o acervo e espaços da casa a partir da pesquisa, visitas mediadas, conversas com o público espontâneo e desenvolvimento de atividades”, afirma Glória. 

A arte-educadora conta que os ambientes do parque e da casa foram estopim de conversas sobre os mais variados assuntos, como a atual crise climática e sua relação com a preservação da Mata Atlântica, presente na área verde do local. A relação entre o ambiente e mobiliário da casa e o cotidiano dos estudantes também foi tema de muito bate-papo e reflexão. 

Serviço: A Fundação Maria Luisa e Oscar Americano funciona de terça a domingo, das 10h às 17h30. Para agendar visitas guiadas, conduzidas pelos educadores da Fundação, basta entrar em contato pelo telefone ou WhatsApp (11) 91433-4685.