Nesta sexta-feira (24), completa um ano em que Vladimir Putin, presidente da Rússia, anunciou uma operação militar em território ucraniano para defender grupos separatistas das regiões de Luhansk e Donetsk, ambas as regiões pertencentes ao leste da Ucrânia. Minutos depois, o exército russo disparou mísseis em seu país vizinho. Começava, assim, a guerra entre as duas nações, que perdura até os dias de hoje.
Segundo André Freitas, autor de Geografia do Sistema pH de Ensino, “as intenções russas eram muito claras: invadir a Ucrânia e, em um golpe muito certeiro, depor o governo ucraniano e retomar a influência política sobre o país vizinho, que talvez seja uma das mais importantes ex-repúblicas soviéticas”.
Além disso, do interesse russo de depor o governo do presidente ucraniano Zelensky e instaurar no país um outro sistema, o educador explica que há um fator bastante relevante para os estudantes saberem.
“A Europa é extremamente dependente das fontes energéticas russas, especialmente do gás natural, e até uma das maiores economias europeias, a Alemanha, aumentou essa dependência na última década”, pontua.
De acordo com Freitas, Putin apostou que a Europa Ocidental não se envolveria diretamente no apoio à Ucrânia, justamente por conta da dependência do gás natural russo.
Em sala de aula, aborde o atual cenário da guerra
“O panorama atual do conflito é de uma guerra que não tinha, pelo lado russo, uma previsão de ser dessa maneira”, afirma Freitas.
Com os alunos, pode ser interessante mostrar que a Rússia acreditava que o conflito seria mais rápido e com menos impactos no campo de batalha.
“Então, se em uma primeira fase, a Rússia conseguiu avançar com quatro frentes dentro do território ucraniano, a Ucrânia, no segundo semestre de 2022, conseguiu empurrar os russos para fora de algumas áreas que tinha sido ocupadas e até retomar o controle de algumas cidades”, ressalta.
Entretanto, no momento a guerra já completa um ano e possui dois lados bem estabelecidos no sentido de disposição da campanha. “A Rússia, que é uma potência militar, talvez não esperasse encontrar uma resistência ucraniana com tanto apoio ocidental e da própria população”, pondera.
O conflito pode virar uma guerra mundial?
Uma dúvida bastante comum entre os alunos é se o conflito pode se transformar em uma guerra mundial. Por isso, pode ser importante proporcionar essa discussão com os estudantes.
“Acredito que no ano passado ficou mais forte essa ideia que vem da Guerra Fria de que, quando duas superpotências militares estão em lados antagônicos, esse conflito pode alcançar uma escala global e se tornar uma guerra mundial. Então, a medida em que a Alemanha avançava na Europa, você não tinha uma guerra total contra o Eixo nazifascista, mas, quando a Alemanha ataca a União Soviética e rompe o pacto de não agressão e quando os EUA entram na guerra em solo europeu, tivemos uma guerra mundial com várias frentes. Então essa seria uma característica de uma guerra regional que passa a ser mundial”, explica Freitas.
Segundo o educador, essa tensão entre Rússia de um lado e países da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no outro – com destaque para os EUA – está em suspenso uma vez que a China não se envolveu diretamente na guerra.
“A Rússia segue ameaçando que, se os países da OTAN continuarem apoiando a Ucrânia, o conflito pode escalar, sendo que os russos vêm fazendo operações marítimas e aéreas em proximidades com as fronteiras com países da OTAN como no Alasca, no Reino Unido que rendeu uma tensão diplomática, mas nada perto de uma guerra mundial, até porque as consequências não são interessantes para nenhum dos lados”, ressalta.
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