Sociedade de Pediatria e Sindicato dos Professores divergem sobre volta às aulas
Enquanto a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) defende a volta às aulas, afirmando que a ausência da escola tem sido prejudicial para as crianças, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) se posicionou contrário ao retorno presencial neste momento. Desde esta segunda-feira (02), todas as instituições de ensino do estado de São Paulo estão autorizadas a receber 100% dos estudantes.
Por meio de nota, a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) incentivou as famílias a enviarem os filhos e/ou filhas para os colégios, afirmando que não há necessidade de temer o atual momento da pandemia em relação ao retorno presencial das aulas.
“A pandemia de covid-19 tem afligido todo o planeta e tem sido especialmente grave em nosso país, com mais de meio milhão de brasileiros perdendo suas vidas precocemente. Não obstante a isto, o número de crianças afetadas de forma grave e que evoluíram de maneira desfavorável foi relativamente pequeno”, disse Fausto Flor de Carvalho, presidente do Departamento de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Segundo a entidade, as pesquisas revelam que as crianças não são grandes transmissoras do vírus e, geralmente, não evoluem de forma grave. “As pesquisas realizadas no Brasil e no exterior têm demonstrado que crianças não são grandes espalhadoras do vírus, que costumam ter quadros leves a moderados e quase metade delas são assintomáticas”, explicou.
Outro ponto destacado por Carvalho é que a ausência das aulas presenciais tem sido prejudicial para crianças, ocasionando distúrbios alimentares e de relacionamento interpessoal (distanciamento dos amigos e contato apenas com adultos), além da dificuldade de concentração.
“Assim, cremos que é momento adequado para retomada de aulas presenciais. Os pais devem trabalhar com os filhos sobre as medidas de proteção e devem estar em contato com a escola. Qualquer sintoma respiratório a criança deve ser afastada e procurar o serviço médico para diagnóstico. Uma boa comunicação entre pais, escolas e profissionais da saúde vai colaborar para uma volta mais segura e com mínimos riscos a todos”, ressaltou.
Já o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) é contra a volta às aulas neste momento. Segundo o sindicato, a volta às aulas presenciais só deveria ocorrer após os professores terem tomado a segunda dose da vacina contra a covid-19. “Mais do que ninguém sabemos que o lugar dos professores e estudantes é nas escolas, mas não é este o momento”, diz o sindicato.
O sindicato destaca ainda que uma parcela dos educadores completará o ciclo da imunização apenas em setembro. “O processo de vacinação dos profissionais da educação e da população está em curso. Portanto, não existe o menor sentido no retorno às aulas presenciais em agosto. Há professores que só receberão a segunda dose da vacina em setembro. Apenas após a vacinação de todos com a segunda dose e a garantia de todos os protocolos sanitários para garantir a manutenção do controle da pandemia é que poderemos retornar às escolas”, explicou o sindicato por meio de um comunicado.
Em julho, duas diretoras de agências da ONU (Organização das Nações Unidas), Henrietta Fore, da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), e Audrey Azoulay, da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), alertaram sobre “uma catástrofe geracional” e pediram a reabertura das instituições de ensino.
*Com informações da Agência Brasil