4 min de leitura

O período de volta às aulas costuma ser marcado por expectativas, desafios e dúvidas. Retomar a rotina depois de meses em recesso não é uma tarefa simples, seja para as crianças, seja para os adolescentes. Por isso, é fundamental que famílias e equipes pedagógicas estejam alinhadas e preparadas para acolher as turmas nesse novo ciclo, considerando mudanças de cenário, como a proibição do uso de celulares em sala de aula.

Para os alunos, pode ser difícil adaptar-se novamente à rotina do período escolar, com horários adequados para descanso e para as atividades acadêmicas. Nesse contexto, Andréa Gimenes, diretora pedagógica da Escola Vereda, sugere que crianças e jovens estabeleçam rotinas regradas, com uma alimentação balanceada e horários definidos para lazer e estudos já nas semanas que antecedem o retorno às escolas, facilitando essa transição. 

Além disso, a diretora reitera a importância em atentar-se, também, à saúde mental dos estudantes. A mudança de escola ou de etapa da educação pode despertar inseguranças ou gerar estresse e ansiedade, por isso é essencial que exista apoio dentro e fora de casa. “A escola desempenha um papel fundamental no acolhimento desses jovens, mas, para que isso aconteça de forma eficaz, é indispensável o envolvimento ativo da família. Quando escola e família trabalham juntas, em harmonia, o retorno às aulas pode ser mais tranquilo para todos”, complementa.

Para auxiliar a comunidade escolar nessa readaptação, algumas instituições de ensino desenvolvem processos e metodologias que servem como norteadoras. A diretora de ensino da FourC Bilingual Academy e da FourC Learning, Juliana Storniolo, recomenda que haja seis semanas de integração. “Nesse período, trazemos para os alunos alguns pontos, questionando como é possível criar um ambiente organizado em que todos aprenderão juntos, quais serão os nossos combinados para que isso aconteça, o que é preciso explorar para conhecer o ambiente ou o que buscar para ser mais autônomo durante o ano”, explica. 

“Esses são alguns exemplos que demonstram o trabalho feito para que se sintam mais seguros nesta retomada. Dessa forma, aprendem a se posicionar, a buscar ajuda, a conhecer os recursos que têm e saber como utilizá-los da melhor maneira”, complementa Juliana.

Volta às aulas e o mundo digital

Além de significar o retorno às rotinas escolares, o período de volta às aulas é uma chance de recomeçar, aprender e construir novos projetos. Em um ano em que o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) passará a medir competências digitais dos alunos e no qual as tecnologias tendem a avançar ainda mais, é essencial repensar como preparamos os estudantes para o mundo digital.

Thais Pianucci, CEO da Start by Alura, ressalta que, embora se fale muito sobre inteligência artificial na educação, os jovens ainda são “ingênuos digitais”, ou seja, apenas consumidores, sem compreender como as ferramentas atuam. “Não dá para sair usando a IA sem saber como ela funciona, de onde ela vem. As respostas fornecidas são baseadas em quê?”, alerta Thais, destacando a urgência de uma alfabetização digital crítica.

Nesse contexto, o pensamento computacional para os estudantes surge como uma habilidade indispensável para formar criadores no ambiente digital. “Pensamento computacional é uma forma de pensar soluções para problemas que não pode ser ensinada apenas tecnicamente, é preciso ensinar de forma ética e consciente”, explica Thais. Para ela, a volta às aulas é o momento ideal para incentivar os jovens a não só consumirem tecnologia, mas dominarem suas ferramentas, entendendo o ambiente em que estão inseridos e criando soluções inovadoras de forma responsável.

Uso de celulares para fins pedagógicos

No dia 13 de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou o projeto de lei que proíbe a utilização de aparelhos celulares em sala de aula e durante intervalos por alunos das escolas públicas e privadas do Estado. A lei é válida para as instituições de ensino básico, contemplando educação infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Tendo em vista esse cenário, Maria Eduarda Menezes, coordenadora de EdTech na Beacon School, explica como as escolas podem se preparar para utilizar os aparelhos eletrônicos para fins educativos. “O uso pedagógico passa por planejamento, formação e avaliação. É essencial que as escolas desenvolvam políticas alinhadas à nova regulamentação, definindo quando, como e com que propósito esses recursos serão utilizados. Além disso, a formação continuada de professores é fundamental para integrar a tecnologia ao currículo de forma significativa para o processo de aprendizagem dos alunos”, finaliza Maria Eduarda.