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Na contramão da pandemia, que fez com que o número de cancelamento das matrículas disparasse, Luiza Sassi, diretora geral do Instituto GayLussac, em Niterói, Rio de Janeiro, viu um aumento na captação de alunos no mesmo período. Para ela, uma surpresa, mas que justifica-se pelo DNA inovador da escola

“A nossa escola hoje tem cerca de 1520 alunos, nós tivemos um crescimento no período da pandemia, o que para gente foi algo surpreendente, ficamos bem felizes, mas ao mesmo tempo, como gestora, foi algo que me intrigou, o que faz uma escola crescer em um momento de pandemia? […]  A inovação hoje é falada como uma característica positiva do mercado, para nós isso não é uma novidade, nós temos 67 anos e isso sempre pautou as nossas intenções pedagógicas”, afirma.

Para a diretora do GayLussac, a inovação vai muito além do uso de aparatos tecnológicos. “ Nós precisamos lembrar que isso aqui, lápis e caneta é tecnologia, não temos só a tecnologia da máquina”, reforça. Para ela, o conceito de inovação também abrange agir diferente do tradicional, se apropriar das tendências e construir conhecimento a partir disso. 

De forma complementar, Fernanda Nyari, gestora e diretora pedagógica da Kinder Kampus School, escola bilíngue de São Paulo, acredita que a inovação vem na interdisciplinaridade. A partir do momento em que a escola consegue agregar aquilo que acontece no dia a dia às disciplinas ensinadas em sala. 

“Na vida real é assim: você vai fazer uma viagem, por exemplo, e dentro dessa viagem você trabalha matemática, história e geografia. Nós temos que trazer isso para a prática do aluno. A inovação vem em habilidades que nós temos que trabalhar com alunos da educação financeira, empreendedorismo, liderança, inteligência emocional, nós temos que trazer tudo isso para escola também”, explica.

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Inovação na comunicação como estratégia de fidelização e captação de alunos

Gestores, professores, funcionários, alunos e famílias. A inovação impacta a todos que fazem parte da comunidade escolar, seja na melhoria de processos internos, criação de metodologias engajadoras e até mesmo na ampliação dos canais de comunicação. A escola que inova, sem dúvidas, se destaca e tem maior facilidade para a captação de alunos.

Na GayLussac, mensalmente, às sexta-feiras, Luiza promove um café aberto com a direção para que os pais tirem suas dúvidas a respeito da escola e seus filhos. Como reflexo, essa ação de escuta ativa não só estreita o relacionamento com as famílias, como também, de forma orgânica, permite mensurar  a satisfação dos pais em relação ao serviço prestado. 

“Nesses encontros diretos com os pais, o que eu observo é que nem sempre a forma como nós explicamos fica com tanta clareza do que o encontro presencial. Quando eu estou com pai, a possibilidade que eu tenho de explicar alguma coisa que ele está interpretando errado, ou que ele não saiba sobre a escola 360°[…] são milhares de assuntos que circundam, mas que traz um valor e traz para mim, como gestora, é um termômetro de valor para que eu possa pensar a escola”, comenta. 

A política de portas abertas também faz parte da realidade da Kinder Kampus. A escola que tem uma espinha dorsal sócio-construtivista, possui um canal aberto de comunicação com pais, sendo o ClassApp, aplicativo de comunicação e gestão escolar, o mais utilizado para promover o engajamento com pais e alunos.

“Nós temos o ClassApp que é uma ferramenta que é quase um WhatsApp ali na mão. Temos também as reuniões, os keep in touches, que são cafés e agora estão virtuais. Esse também é outro ganho com a pandemia, esses encontros virtuais, apesar deles não terem o olho no olho, o calor humano, a presença que nós estamos tendo das famílias é muito maior do que nós tínhamos no presencial”, salienta Fernanda.

As falas das gestoras só evidenciam a importância da inovação na comunicação para fortalecer vínculos e gerar credibilidade perante a comunidade escolar. Além disso, ao atingir um grau máximo de satisfação com o serviço oferecido, a comunidade tende a apoiar naturalmente a marca, a ponto de se transformarem em defensores e contribuirem para a captação de alunos. 

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O legado da pandemia e as lições sobre inovação

É uma crise, foi uma catástrofe, mas nós temos que tirar o que tem de positivo nisso, e sempre tem algo a ser aprendido, não dá para ficar simplesmente lamentando”, defende a diretora pedagógica da Kinder Kampus. 

Um dos proveitos que ela pretende tirar é, justamente, da tecnologia, que, na sua perspectiva, veio para somar em sala de aula. “Os alunos são nativos digitais, eles nos ensinam muito mais do que nós ensinamos a eles nessa área […] nós temos como usar a tecnologia a nosso favor como uma ferramenta que vai agregar ao ensino, não substituir tudo e nem para ir para o remoto”.

Luiza corrobora com o pensamento de Fernanda e acrescenta: “se antever é continuar no tempo do aluno e aproveitar aquilo que nós aprendemos com a experiência catastrófica, mas aprendemos muito e temos que continuar com isso adiante, não podemos pensar: “acabou a pandemia, acabou o mundo online”, não dá, isso não existe”.