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Há uma crença, um tanto errônea, de que a inovação está sempre associada à tecnologia e ao novo. Porém, se voltarmos um pouquinho ao passado, nos deparamos com invenções tão importantes nos dias de hoje, que nem mesmo lembramos, por exemplo, a Pilha Voltaica (1779) de Alessandro Volta e O Aparelho Auditivo (1886) de Markis Bergman.

Com o avançar dos anos, essas invenções evoluíram e foram otimizadas para atender as necessidades da sociedade. A pilha voltaica deu origem às baterias de longa duração que alimentam smartphones e notebooks. Hoje existem aparelhos auditivos que até filtram ruídos externos, fazendo com que o indivíduo ouça aquilo que realmente importa. 

Nas palavras de Gil Giardelli, um dos maiores difusores de conceitos e atividades ligados à inovação no brasil, o conceito de “inovação é um tijolinho que a cada dia vamos construindo e montando”. Ainda segundo ele, dentro nas escolas isso não acontece de forma diferente, a inovação é uma caminhada diária, um processo que precisa ser repensado todos os dias. 

Fim da Era da Informação e início Sociedade Global de Conhecimento

Assustado em saber que a Era da Informação ou Era Digital chegou ao fim? O período da história sucedeu a Era Industrial, especificamente após 1980, foi marcado por grandes invenções, como a fibra óptica e o computador portátil. Na educação, houveram avanços no uso de tecnologias educacionais em sala e na criação de plataformas colaborativas. 

Agora, chegamos ao momento em que a informação se tornou uma ferramenta de fácil acesso e imprescindível para o desenvolvimento da sociedade. Mais do que nunca, os professores têm a missão de transformar esse mundo de informações em conhecimento.

Na imagem acima, Gil Giardelli, que também é escritor, professor global de MBA e membro do WFSF (Federação Mundial de Estudos do Futuro), apresenta a Linha do Tempo da Ciência e Tecnologia. O infográfico é fruto de um encontro de cientistas, inovadores, acadêmicos e pós-graduados que aconteceu no Imperial College London. 

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Como a inovação é essencial para a evolução da escola?

Os pesquisadores identificaram mais de 260 inovações, originadas a partir da análise de cinco campos científicos que despertarão em um futuro próximo: biotech, nanotech, neurotech, digitech e greentech. Algumas dessas inovações já existem em muitos países, por exemplo, óculos de realidade aumentada, dinheiro criptografado e tradução em tempo real.

Gil, inclusive, relembra uma das experiências: “Quando eu estive na China, eu conheci uma empresa que faz inteligência artificial para tradução simultânea. Enquanto um tradutor juramentado tem um acerto de 92%, a inteligência artificial deles já está com 97% de acerto […] quando eu visitei essa empresa em um evento na China, ele usou um ponto para colocar no ouvido, colocou outro ponto no meu ouvido, ele em mandarim, eu em português, conversamos durante um tempo, sem nenhum tipo de desentendimento”. 

“Vão acabar com as escolas de línguas”? Não! Parafraseando Shakespeare, Gil explica que quando você aprende uma outra língua, você está aumentando o repertório cultural da sua língua, de novas palavras. Inovação e humanidade sempre andaram lado a lado, neste novo mundo os seres humanos ainda seguem no centro de tudo isso.

Novos comportamentos na educação

Atentas às mudanças globais, diversas escolas ao redor do mundo já incluíram em seus currículos temas relacionados à alfabetização de dados. Na Alemanha, existem escolas que ensinam às crianças sobre privacidade de dados; já no Brasil, alunos estão aprendendo a linguagem de Python, não para programar, mas entender como funcionam os robôs que muito em breve estarão nas nossas casas.

Por outro lado, muitas inovações, na verdade fenômenos globais, não são visualizadas como úteis no contexto escolar, por exemplo, os games. Na contramão desse pensamento, pela primeira vez no Brasil, a Secretaria de Educação Distrito Federal promoveu um campeonato escolar de League Of Legends com objetivo de estimular nos alunos aspectos importantes no processo de aprendizado, como responsabilidade e trabalho em equipe. 

Gil também faz um alerta sobre o futuro do mercado de trabalho. Segundo ele, o fim do trabalho repetitivo está bem próximo, que passará a ser executado cada vez mais pelas máquinas. Com isso, o ser humano será encarregado, principalmente, pelo trabalho intelectual e cabe às escolas formarem esses profissionais do futuro.

“As nossas escolas têm a missão de cada dia despertar mais a curiosidade. Entender que a diferença é que a invenção é um ato de criatividade intelectual e uma atitude econômica. Ora precisamos de inventores, ora precisamos de inovadores, e mais do que isso, de qualquer precisamos de curiosos nesse novo mundo”, declara o entusiasta da inovação. 

Para finalizar, Gil traz exemplos novas profissões que poderão ser criadas de acordo as necessidades da sociedade global de conhecimento e da nova economia:

  • Engenheiro de nanorobôs;
  • Roboticista;
  • Designer de órgão 3D;
  • Terapeuta de empatia artificial;
  • Programador de IoT.

“Tudo será transdisciplinar, não vai dar para você ter apenas uma formação. Vamos dizer que uma pessoa de nutrição vai ter que ser um data cientista, um tecnólogo, entender de storytelling, saber contar histórias, isso será um diferencial”, destaca.

Assista à palestra completa:

Como criar uma cultura de inovação na escola?