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Depois de enfrentar um período crítico durante a pandemia com a queda de matrículas na educação infantil, as escolas particulares dessa etapa de ensino vivem em 2023 um cenário de recuperação do número de alunos, como já comentamos por aqui.

Para gestores da área, o avanço no segmento se deve não apenas à retomada das atividades presenciais, mas, principalmente, à maior consciência das famílias sobre a importância de colocar os filhos logo cedo na escola para um melhor desenvolvimento durante a primeira infância.

Dados do Censo Escolar 2022, divulgados pelo Inep em fevereiro, mostram que essa recuperação começou ainda no ano passado e a entrada de novos alunos já fez com que as perdas fossem neutralizadas. 

Em 2019, as creches particulares tinham 1,29 milhão de matrículas. No primeiro ano da pandemia, elas perderam 7% dos alunos e, em 2021, a queda foi ainda mais acentuada, acumulando um recuo de 21,7% nas matrículas. 

A entrada de novos alunos em 2022, no entanto, fez com que elas recuperassem as perdas dos últimos dois anos. No ano passado, as creches privadas já estavam com 1,32 milhão de alunos – 1,7% a mais do que no ano anterior à pandemia. 

Recuperação semelhante também foi observada na pré-escola. Durante os dois primeiros anos de pandemia, as escolas particulares perderam 25,6% das matrículas. Mas já em 2022 recuperaram parte dessa queda e conseguiram matricular 1,07 milhão de alunos – ainda que 10% a menos do que em 2019.

“A recuperação começou forte no ano passado, que foi o primeiro de mais normalidade após a pandemia. A tendência para 2023 é que a entrada de novos alunos continue acentuada, porque as famílias estão mais seguras com o quadro pandêmico e com a economia”, diz Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo).

 

Educação infantil: recuperação com estabilidade

Para Silva, apesar de a tendência ser de as escolas recuperarem o patamar de matrículas pré-pandemia, o setor como um todo não deve esperar grandes aumentos. Por isso, recomenda que as escolas tentem manter a planilha de custos dentro do mesmo padrão e sem grandes investimentos, que possam impactar o caixa da escola ou pressionar por aumento das mensalidades no próximo ano.

“É um momento de recuperação, em que o cenário de volta ao pré-pandemia já é considerado positivo. Então, recomendo que as escolas sejam cautelosas ainda que possam ficar otimistas”, avalia. 

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Foco na qualidade e benefícios na educação infantil

Silva destaca que as escolas podem aproveitar o momento de retomada das crianças para a educação infantil para enfatizar ainda mais os benefícios da escola no desenvolvimento da primeira infância. 

“As famílias viram como o desenvolvimento da criança fica prejudicado sem ir à escola. Mesmo aqueles que ainda não tinham filhos em fase escolar durante a pandemia perceberam por amigos ou familiares o impacto negativo da ausência da escola.”

É o caso de Maria Fernanda Assis, 29, que teve sua filha Maria Teresa ainda no primeiro ano da pandemia. Ela não viveu o impacto do fechamento das escolas durante a pandemia, pois planejava iniciar a vida escolar da menina só após os três anos, mas decidiu antecipar. 

“Vi pelos filhos de amigos e parentes como a escola fez falta. Então, decidi já no fim do ano passado matriculá-la em uma creche, para que ela tivesse estímulos além da família”, conta. 

Ela matriculou a filha em uma escola de educação infantil da zona sul de São Paulo e diz não se arrepender da decisão. “A comunicação dela melhorou muito, ela ficou mais falante, menos tímida, mais independente até mesmo dentro de casa. Ainda que nós, como pais, fizéssemos um esforço para estimular, a escola tem uma capacidade muito maior nesse sentido”, avalia. 

 

Campanhas de matrícula e rematrícula

Para Silva, o planejamento para a rematrícula do próximo ano deve ser sempre contínuo ao longo do ano letivo para avaliar o que funciona e o que precisa ser melhorado. Mas a captação de novos alunos deve começar, de fato, ao longo do segundo semestre. 

“Eu costumo brincar que a campanha de rematrícula começa no 1º dia letivo do ano, porque se o pai não estiver feliz com a escola ao longo do ano todo, não adianta fazer campanha mirabolante ou conceder descontos. A campanha acontece o ano todo, ofertando uma educação de qualidade”, diz. 

 

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