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O aclamado ‘Uma Escolha’ (Mercy’s Blessing) aborda os desafios sociais em Malawi e desperta o valor da Educação.

Depois da publicação internacional, o premiado curta-metragem será oficialmente divulgado no Brasil, no próximo dia 21 de junho. Com enredo centrado nas diferenças sociais em uma comunidade da África, “Uma Escolha”, com título original Mercy’s Blessing, traz importantes reflexões sobre questões de gênero e, principalmente, sobre a importância da Educação. Para marcar a data, a ClassApp, startup especializada em Comunicação Escolar, e a VideoCamp, responsável por disponibilizar o vídeo, promovem o lançamento do filme. 

 

Filme disponibilizado gratuitamente para exibição

O curta, com 30 minutos de duração, já está disponível gratuitamente, por meio da plataforma online VideoCamp, com classificação indicativa livre para todos as faixas etárias, que pode ser trabalhada na área educacional. Dada a relevância e sensibilidade com que trata a temática, o filme tem o apoio de organizações como a ONU, Unicef, Unfpa e Bambinos Fundation MW. Com sua metalinguagem, “Uma Escolha” pode ser trabalhado nos diferentes segmentos da educação, pois elucida o valor que a formação na escola confere à vida dos moradores da comunidade retratada.

Escrito e dirigido pela cineasta de descendência iraniana, que nasceu no Reino Unido, May Taherzahed, o curta conta a história de Mercy e Blessings, irmãos que vivem em uma cidade de Malawi, localizado na África Ocidental. Realidades similares a muitas vividas ao redor do mundo, existem pontos muito evidenciados, como o papel da mulher na sociedade e a diferença que existe comparado ao do homem. Se por um lado os homens possuem vantagens, muitas vezes as mulheres têm seus destinos traçados.

A desigualdade educacional para as mulheres se deve a diversos fatores, que incluem casamento e gravidez precoce, além da relativa pobreza para a mulher e o aumento do subdesenvolvimento de comunidades maiores (mais de 60% da população vivem na zona de pobreza, com cerca de US$ 1,25 ao dia). Outro dado lamentável aponta que somente 25% das meninas finalizam o Ensino Básico e apenas 5% completam a Educação Secundária.

Para o cofundador da ClassApp, Vahid Sherafat, o filme se revela como uma representação, ainda que potencializada, das coisas que acontecem em nosso país. Por isso, ele atribui o sucesso que o filme já vem apresentando, mesmo sem ter sido lançado oficialmente. Em Malawi, um dos locais mais carentes do mundo, a ausência de educação gratuita atinge as comunidades, sendo a questão financeira uma das barreiras. Nos lares, os pais acabam por se depararem com a difícil escolha de decidir qual filho deve frequentar a escola.

“É curioso como a educação pode ser tão essencial e ao mesmo tempo tão banal como a água. E quando vemos uma realidade onde ela é escassa, nos lembramos do real poder dela”, disse Sherafat. Em Malawi não existe educação pública, esse contraste com nosso país, que tem educação pública, apesar das limitações, pode despertar nos alunos o senso de privilégio de ter educação universal. 

 

Confira como o Storytelling, técnica utilizada por May Taherzahed no curta-metragem, pode ser usada nas escolas para criar engajamento

 

Uma Escolha” nas Escolas

Algumas escolas participaram de sessões prévias ao lançamento e o retorno foi muito bom. A professora de Geografia do Colégio Da Vinci de Limeira (SP), Marina Goya, 30, conta sobre o impacto do curta nas turmas do 7º, 8º e 9º ano do Ensino Fundamental. Para ela, existem características que marcam profundamente o continente africano, como pobreza, diferenças sociais, conflitos, doenças e baixo nível de escolaridade, especialmente entre o sexo feminino.

“As meninas sentem logo cedo, o peso de nascer mulher em uma região onde a sociedade é controladora e autoritária”, comenta a professora. Ela analisa que, enquanto as escolas estão ensinando a ler e a escrever, muitas garotas se dedicam a aprender a conviver com a precariedade a seu redor. “Muitas crescem sem conhecer o amor, sem oportunidades ou sem a simples chances de escolher o que querem ser”, lamenta a educadora.

Iniciativas como essa, idealizada por May, sensibilizam as pessoas e despertam novos olhares sobre outras culturas, como diz Marina, pois “nos faz acreditar na possibilidade das pessoas enxergarem lugares que, até então, ‘pareciam’ ser invisíveis para o mundo”. Além do curta, a cineasta disponibiliza roteiros para discussões, que estará, inclusive, na plataforma do VideoCamp. “Trinta minutos são o suficiente para nos fazer refletir o que crianças e jovens passam todos os dias em diferentes lugares do mundo, em específico na África”, é o que diz a aluna do 9º ano, Maria Carolina, 14.

Para ela, um dos pontos marcantes se volta para a injustiça social presente, atribuída à desigualdade entre homem e mulher, que faz com que o público feminino se submeta a situações constrangedoras, “que condizem com os direitos humanos”, tendo como pano de fundo a pobreza extrema. “Não são todos que podem ir à escola, não são todos que têm moradia digna ou alimentação saudável”, compartilha Ana Carolina, 13, aluna do 8º ano.

O fato de haver casamentos arranjados, para que as despesas das meninas sejam supridas por seus respectivos maridos, impactou a aluna. “Neste continente tão rico culturalmente, a desigualdade social e a pobreza extrema são muito marcantes”, disse. Na Escola Técnica “Prof. Armando Bayeux da Silva”, de Rio Claro (SP), em que houve exibição, a professora e coordenadora de projetos, Adriana Silmara de Góis Lima, diz ter se emocionado ao assistir o curta.

“Retratou muito bem uma realidade carente e de discriminação, muitas vezes até conhecida, porém esquecida pelas autoridades e população”, comentou a coordenadora. Adriana acredita que o filme propõe a conscientização dos alunos sobre tais situações e ainda motiva mobilizações para mudanças dessa comunidades e de outras do mundo.

“Gostei bastante do filme e me senti muito mal ao ver essa situação tão ruim. Realmente, ela (cineasta) soube transmitir essa triste realidade da África, de pobreza e das meninas que lutam para sobreviver”, disse Cristiane Alves da Costa que se sentiu muito satisfeita em ter tido a oportunidade de assistir ao filme e afirmou ser uma ótima iniciativa divulgá-lo às escolas.

Clique neste link para assista ao trailer e ter acesso ao filme completo