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Perda de estudantes pode ser evitada por instituição que conte com mecanismos capazes de identificar os sinais de insatisfação apresentados por pais e alunos

“O que não pode ser medido não pode ser melhorado”. A frase de Bruno Eizerik, presidente da FENEP (Federação Nacional das Escolas Particulares), evidencia o papel da coleta de dados como aliada da gestão de ensino e demonstra o quão fundamental é o papel do monitoramento da evasão escolar. O cenário de crise econômica e períodos de campanha de matrículas são fatores-chave na influência sobre a tomada de decisões das famílias a respeito da manutenção dos filhos na escola ou a migração para outra instituição.

Até por isso, é importante ressaltar que a expressão “evasão escolar” tem diferentes sentidos quando utilizada para se referir ao ensino público e ao privado. No primeiro deles, o termo tem o sentido de abandono, algo que ficou evidenciado no contexto da pandemia de Covid-19: em 2020, cerca de 4 milhões de estudantes brasileiros deixaram os estudos – o número absoluto representa uma taxa de 8,4% de evasão escolar. O dado foi estabelecido por pesquisa do Instituto Datafolha sob encomenda do banco digital C6 Bank. Além disso, a evasão é um dado que exige o rastreamento individual do aluno e não pode mais ser apurado pelo Censo.

No caso do ensino privado, a explicação é feita por Fabricio de Paula Silva, mestre em Educação e pesquisador junto ao Escolas Exponenciais – líder em pesquisa e apoio estratégico para instituições de ensino:

“Diferentemente da educação pública, onde a evasão é entendida como abandono escolar, no caso do ensino privado, a perda de alunos tem motivações muito mais variadas. As saídas podem ocorrer por insatisfação pedagógica. Podem ser motivadas por negociações comerciais com escolas que oferecem mensalidades mais baratas. Podem ainda ter origem em simples mudanças de endereço ou local de trabalho de pais de alunos. Muitos desses fatores não podem ser totalmente administrados pelas escolas, mas precisam, no mínimo, serem monitorados.”

Instituições têm que realizar busca ativa

É por isso que Eizerik argumenta que esse é um problema menor para as escolas particulares na comparação com a rede pública. Ele exemplifica que “quando uma turma, em uma escola privada, começa um ano letivo com 20 alunos, ela pode terminar com 19 porque um deles se transferiu”. Ou seja, não houve o abandono dos estudos, mas a migração para o sistema de ensino oferecido por outra instituição.

Uma prática preconizada entre as instituições, ao sinal de que o estudante, possa estar com problemas, é a busca ativa. “É ver o que está acontecendo com esse aluno, para que ele não perca o ano, não deixe de estudar. Nós precisamos dos nossos jovens em sala de aula para termos um futuro melhor no nosso país”, diz o presidente da FENEP. “A escola trabalha com a fidelização, não só do aluno, mas também da própria família. Esse vínculo é criado no dia a dia. Quando termina um ano letivo, sempre existe um risco de que se perca aquele aluno. Mas essa decisão não é tomada ao fim do ano. Se a escola perdeu um aluno, ela perdeu durante o ano letivo.”

Fosse isso praxe em todas as camadas do ensino nacional, a informação de que 20% das cerca de 50 milhões de pessoas de 14 a 29 anos não completaram alguma das etapas da educação básica, revelada por dados da PNAD Educação 2019, poderia ser diferente. Os dados sobre evasão escolar também demandam atenção de gestores pelo fato de contribuírem negativamente para o cálculo das taxas de rendimento usadas para o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), fundamental para o monitoramento da qualidade da instituição.

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Índice de evasão escolar x campanha de matrículas

Esse ponto de vista é argumentado por Thiago Faria, profissional com experiência de 15 anos na educação e criador do perfil @escolacheia, no qual auxilia escolas privadas de educação básica com estratégias de captação e fidelização de alunos. Sobre o impacto da evasão escolar no período de campanha de matrículas, em específico, Thiago observa que:

“Para grande parte das escolas, principalmente as de ciclo completo (da educação infantil ao ensino médio), grande parte do resultado é proveniente da base de fidelização. Logo, se existe evasão, a escola pode ter queda significativa em seu resultado e na formação das turmas, o que pode acarretar em diminuição da escola para o próximo ano letivo. Para os gestores, toda vez que a evasão não for ocasionada por motivos financeiros, ela pode demonstrar inadequação entre o desejo das famílias e alunos e a oferta da escola. Isso pode ser um indício de que o gestor escolar precisa repensar a sua escola no sentido de acesso e manutenção dos alunos na instituição.”

O consultor também menciona práticas que podem contribuir com essa missão:

  • Acompanhamento da frequência dos alunos

Perceber que um aluno está faltando demais ou que mudou seu comportamento pode ser uma sinalização de que ele precisa de um pouco mais de atenção.

  • Investir em tecnologia e nas intervenções pedagógicas

O desinteresse e a falta de sentido das matérias e conteúdo são uma das principais razões para a evasão escolar. A escola precisa se adaptar aos alunos que estão em idade escolar hoje. Esses jovens cresceram com maior facilidade de acesso à internet e interações. Os monólogos da minha época escolar, diz Thiago, com certeza não despertam interesse nos jovens de hoje. Ter a tecnologia como aliada da sala de aula pode ser uma saída para propor novas práticas, apoiar o processo de ensino aprendizagem e colaborar para a redução da evasão escolar.

  • Conhecer a realidade dos alunos

A realidade na qual a escola está inserida é importante também. A escola precisa promover ações informativas que colaborem com o aumento do entendimento sobre a importância da educação. O gestor escolar deve acompanhar este processo aproximando-se das famílias e entendendo os motivadores que levam os alunos a terem baixa frequência escolar. Afinal, o que acontece nos muros de uma escola é problema de toda a comunidade escolar.

Setor financeiro não pode ser apenas balcão de cobrança

O pesquisador Fabricio de Paula Silva adiciona a esses tópicos o papel do setor financeiro das escolas, com base em pesquisas do Escolas Exponenciais. A grande maioria dos pais que cogitam trocar de instituição por questões financeiras têm como primeira alternativa buscar renegociar com a própria escola. “É sempre bom lembrar: é muito mais fácil fazer uma rematrícula do que captar um novo aluno!”, enfatiza.

“É por isso que o setor financeiro de uma instituição não pode ser um simples balcão para cobrança e recebimento de mensalidades. O setor tem de ser um canal de relacionamento, de acolhimento, de aproximação com as famílias. Além disso, é um setor que tem de estar constantemente alinhado com as áreas pedagógicas, pois muitas reversões de evasão de alunos ocorrem a partir da descoberta de indícios de saída obtidos a partir de conversas entre alunos e em reuniões da coordenação com pais”.

É por essa e outras razões que a manutenção de levantamentos periódicos sobre o índice de satisfação das famílias é capaz de influenciar positivamente as estatísticas de evasão escolar no Brasil, especialmente no ensino privado. Fabricio diz que o pior dos casos é perceber que uma família saiu da instituição sem que ao menos tivesse tido a oportunidade de expor sua insatisfação, seja a qualidade do serviço prestado pela cantina ou a disponibilidade de um plantão de dúvidas no contraturno, por exemplo, argumentos que fogem da proposta pedagógica, mas são capazes de influenciar.

O hábito de promoção da escuta precisa ser desenvolvido pela escola para, através dos canais criados, os pais terem a oportunidade de se abrir, “contribuindo não só para a retenção de um aluno específico, mas identificando possibilidade de aprimoramento para a escola”, aponta o mestre em Educação. “Existem gestores que tem medo de ouvir, de realizar pesquisas. Porém, se bem feitas, elas são instrumento fundamental de aperfeiçoamento e de geração de conhecimento para as instituições”.

Ranking EX entrega resultados por região e segmento

Tal visão é atendida pelo Ranking Escolas Exponenciais. Ele oferece oportunidade de acesso a uma certificação de reconhecimento com alcance nacional. O levantamento identifica as instituições com maiores níveis de satisfação no Brasil, inclusive com resultados por região e segmento de atuação, a partir da visão de pais e alunos. 

O ranking é construído pela avaliação do grau de fidelização e satisfação das famílias dos estudantes matriculados. Ao final da jornada, as escolas recebem um relatório compilando os resultados da pesquisa referentes a sua própria instituição. Aquelas que tiverem boa pontuação ganham o Selo de Qualidade Escolas Exponenciais e podem ter a sua marca divulgada entre as melhores do País e de cada região.

“O Ranking EX atua muito nesse sentido, de dar voz às famílias”, completa Fabricio de Paula Silva, ao argumentar a relação do ranking com os mecanismos que contribuem para evitar a evasão escolar. “E não só a elas. São ouvidos também os professores da instituição. Eles são as engrenagens que permitem à escola manter-se ativa no dia a dia. Através da pesquisa que fundamenta o Ranking, diretores e mantenedores podem construir uma visão 360° dos desafios, oportunidades e pontos de melhoria existentes na escola”.

Conheça mais a fundo o público da sua escola, e tenha a chance de ser reconhecido entre as melhores da sua região, inscreva-se no Ranking Escolas Exponenciais:

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