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Qual o perfil da minha escola? Quais os objetivos a curto, médio e longo prazo? Como alcançá-los? E qual a filosofia que norteará esta busca? As respostas para essas questões, intrínsecas ao funcionamento de qualquer instituição de ensino que se preze, são a base para a elaboração de um PPP (projeto político-pedagógico), uma espécie de guia que define a identidade da escola e indica os caminhos para atingir as metas estipuladas. 

Para que o documento se torne aplicável, e não apenas algo meramente burocrático, é necessário que seja construído em conjunto com a comunidade escolar. Afinal, saber as necessidades de sua clientela é essencial para desenvolver o plano de ação, de modo que dialogue com as necessidades do público-alvo.  

Antes de qualquer coisa, é necessário que o PPP esteja alinhado com o que determina a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. De acordo com o doutor em educação pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), João Luís de Almeida Machado, o projeto precisa considerar as bases que norteiam a legislação. 

“A escola tem que se perceber como parte de um todo, precisa levar em consideração a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e toda legislação que existe antes de elaborar o seu modus operandi, a sua forma de estrutura-se enquanto instituição”, reforçou. 

Atualmente, Machado é gestor acadêmico da franquia de escolas Luminova, do Grupo SEB. O exemplo da instituição ajuda a entender como o PPP faz a diferença na hora de definir os objetivos a serem alcançados. 

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Como construir um Projeto Político-Pedagógico

O projeto da Luminova foi concebido para oferecer uma escola “low cost”, ou seja, de custo baixo, mas que garantisse qualidade do ensino. O modelo permitiria atingir um público amplo, já que não teria o impeditivo da mensalidade elevada. Ainda assim, a ideia era “bater de frente” com as instituições mais caras, no sentido de que a qualidade da educação fosse tão boa quanto das demais.

“Tem uma fundamentação de mercado, que é atender a demanda desse público que busca escolas de qualidade, mas tem dificuldade de pagar. Então você atinge outra classe social e tem a chance de alcançar mais pessoas”, disse Machado. 

Uma vez definida a clientela, o que a escola vai oferecer em termos de conteúdo? Este é outro tópico fundamental para a elaboração do PPP. O documento pode prever, por exemplo, que o perfil da instituição será moderno, utilizando metodologias ativas e focadas no ensino de língua estrangeira. 

“Quando você vai fazer o PPP, precisa definir as instâncias que você quer trabalhar. Entra todo esse processo de identificação, de apresentação da instituição, contextualização e caracterização da escola que a gente está trazendo. Até chegar no ponto de falar: qual é a nossa visão? Qual a missão e os valores que norteiam nossa ação?”, apontou Machado. 

Portanto, é natural que o PPP traga os objetivos gerais da escola, mas não de forma genérica. É fácil dizer que a instituição oferecerá uma “educação de qualidade”. Entretanto, o que isso significa de verdade? 

Se o perfil da escola é formar alunos que possam ser aprovados nas melhores universidades públicas, então seria lógico o PPP trazer que uma das metas é oferecer educação de qualidade para que os estudantes obtenham resultados expressivos em avaliações como o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), ou até mesmo que sejam referência em eventos como a Olimpíada de Matemática.  

“Você estipula um objetivo geral e depois vai para os específicos, que são os caminhos para chegar nessa meta. E como eu faço isso? Tem processo de ensino que vai priorizar um trabalho bastante contextualizado com matemática, ciências, língua portuguesa. Então, dentro deste universo, você vai do macro para o micro. O que quero atingir, quais os objetivos e como chego lá”, detalhou Machado. 

Importância da escuta ativa 

Porém, nada adianta a escola trazer todas as suas propostas se não estiver aberta a ouvir a comunidade de forma ampla. Além de direção, coordenação e professores, é necessário entender as necessidades do seu público-alvo e seus anseios. Um PPP que não faz sentido para sua comunidade está fadado a se tornar inócuo. 

Desta forma, não é recomendável comprar um modelo pré-definido de PPP ou encomendar o serviço de algum órgão externo. A atualização do documento também deve ser feita, analisando os resultados alcançados e alterando pontos que não estejam funcionando. 

“Às vezes, são as especificidades de cada comunidade que vão nortear a ação. Se é uma comunidade rural, ribeirinha ou mais afastada de grandes centros, com algum problema mais específico que precisa ser considerado. É uma necessidade fundamental que a gente tenha abertura para conversar com toda a comunidade que vai ser atendida”, ressaltou Machado. 

O ideal é de que o projeto político-pedagógico seja colocado em prática assim que a escola esteja estabelecida na comunidade. Desta forma, ele se torna, de fato, um documento regulatório e norteador. “Muito importante que, depois de aprovado, seja divulgado e conhecido por todos. Para que as pessoas saibam que escola é essa, como funciona e qual sua filosofia”, destacou Machado.

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