Pesquisa revela sistemas de ensino mais bem avaliados no país
O Geekie One é o material didático com NPS mais alto em 2020, segundo o Diagnóstico Nacional da Educação, conduzido pelo Escolas Exponenciais em mais de 400 instituições
O Diagnóstico Nacional da Educação identificou os sistemas de ensino mais bem avaliados por pais e responsáveis de estudantes de todas as regiões do País em 2020. O levantamento, conduzido pelo Escolas Exponenciais – líder em pesquisa e apoio estratégico para instituições de ensino -, contou com respostas de mais de 400 escolas, 14 mil professores e 130 mil famílias, entre 26 de maio e 19 de setembro do ano passado.
O Geekie One foi o material didático com melhor avaliação, com nota 53 no NPS (Net Promoter Score). O cálculo está estabelecido diante do percentual de pais promotores subtraído pelo percentual de pais detratores. Ao responder à pergunta “qual a probabilidade de você recomendar o material didático utilizado pela escola para outra escola?”, uma escala foi atribuída aos responsáveis: 9 ou 10, promotor; 7 ou 8, neutro; e 0 a 6, detrator. O segundo melhor NPS foi obtido pelo COC (35) e o terceiro, pelo Anglo (33). Eles foram seguidos por Objetivo (28), SAS (28), Bernoulli (28), Poliedro (27), Moderna (25), Ético (24) e FTD (22).*
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Famílias menos fidelizadas
Além dos materiais didáticos, a pesquisa também avaliou o grau de fidelização das famílias às instituições de ensino. No caso delas, na média, houve recuo do NPS na comparação com os levantamentos elaborados em 2018 e 2019: de 64, em ambos os anos anteriores, para 59. Esse score avalia o grau de lealdade das famílias, o que possibilita identificar que a pandemia causou fissuras na relação delas com as escolas. Isso, segundo o mestre em Educação Fabrício de Paula Silva, pesquisador junto ao Escolas Exponenciais. “É interessante notar que o índice médio das escolas é maior que o de todos os materiais didáticos, o que mostra, num primeiro momento, que as famílias são mais ligadas às instituições do que aos materiais”, afirma.
Por outro lado, em relação à queda na média das escolas, ele aponta que os danos foram muito menores do que poderiam ter sido. “A redução do NPS se deu muito mais pela diminuição no percentual de promotores, caindo de 72% para 68%, do que em função do aumento no número de detratores, que oscilou de 8% para 9%. Essa avaliação positiva é reforçada por outro resultado da pesquisa que mostrou que, para 77,2% dos pais, a relação com a escola está ainda mais fortalecida, diante de todo o esforço empenhado na superação deste ano atípico”, explica o pesquisador.
A construção da pontuação passou por dois diferentes critérios obrigatórios. Foram ranqueados os sistemas de ensino avaliados por pelo menos 200 pais de pelo menos cinco escolas diferentes.
Avaliação de materiais exclusivos apresenta resultado intermediário
A pesquisa previa duas opções caso o responsável não fosse capaz de identificar qual material era utilizado pela escola: “não sei” e “material exclusivo da escola”. Os 18% que disseram que o material era exclusivo da escola produziram um NPS abaixo dos primeiros colocados.
O resultado indica que materiais didáticos criados pela própria instituição não encantam os pais ao ponto de eles desejarem vê-los em outros ambientes escolares e que responsáveis que não são capazes de reconhecer a marca de determinada proposta de ensino não estão inclinados a recomendá-la. Além do grupo que reagiu ao material exclusivo elaborado pela escola, 7% disseram não saber qual o material didático utilizado.
Na avaliação do pesquisador do Escolas Exponenciais, em um contexto de crise, como foi o caso de 2020, a capacidade de adaptação e o acesso a recursos digitais foram diferenciais na superação das limitações impostas pela suspensão das aulas presenciais. Ao mesmo tempo, uma estrutura sólida e integrada foram características que permitiram apontar um norte viável para alunos e professores.
De acordo com Fabricio de Paula Silva, sistemas de ensino e materiais didáticos consolidados no mercado possuem especialistas 100% focados em produzir conteúdo e acompanhar as inovações do mercado, enquanto escolas que produzem seus próprios materiais não têm essa mesma capacidade de reação no curto prazo. “Além disso, [as escolas] dificilmente têm os recursos necessários para estarem sempre na vanguarda tecnológica, especialmente do ponto de vista de recursos digitais. Quem já tinha essa visão, focada nos benefícios que a tecnologia pode trazer à educação, com certeza saiu na frente na hora de contornar a crise”, completa.
O levantamento do Diagnóstico foi construído com dados de diferentes segmentos de alunos, distribuídos entre Ensino Fundamental I (41,6%), Ensino Fundamental II (28,7%), Infantil (16,9%) e Ensino Médio (11,8%). O tamanho das escolas também contou com uma base variada, desde 47,5% de escolas médias até 1,3% de escolas muito grandes.
Reconhecimento de pais sobre instituições é reforçado mesmo sob crise
Em um ano marcado pela pandemia da Covid-19, 72,3% dos pais relataram que tiveram redução de renda. Ainda nesse campo de resposta, 78,1% disseram que não pretendiam trocar o filho de escola, enquanto 19,6% indicaram “talvez” e 2,3% que “sim”, com a decisão já tomada. A motivação financeira respondeu por 53,9% do público presente nesta parcela, ante 31,4% por razão pedagógica.
Diante de limitações financeiras, os pais que responderam ao Diagnóstico e se viram diante desse quadro deram prioridade à manutenção dos filhos em instituições privadas, seja pela renegociação comercial na mesma escola (40,8%) ou por meio da busca por uma mensalidade mais barata (35,4%). A migração para o ensino público foi a resposta dada por 18,7% dos consultados.
Fabricio de Paula Silva observa que todos os atores envolvidos – pais, professores e gestores escolares – entenderam que a crise seria muito pior se não cedessem em algum ponto. Da parte das escolas, cortes foram inevitáveis, porém, foi preciso investir em novos recursos e manter a estrutura em funcionamento. Da parte dos pais, houve o reconhecimento dos esforços empenhados pelas instituições de ensino, ao mesmo tempo que havia menos dinheiro no orçamento familiar.
“Dado esse relacionamento fortalecido e, sabendo que todos estavam enfrentando os mesmos desafios, a opção dos pais privilegiou os laços já estabelecidos. Além do mais, em momento de incerteza, dificilmente o ser humano abre mão do que lhe é familiar. O bom trabalho das escolas, aliado a um certo conservadorismo das famílias, levou a essa solução conciliatória”, argumenta o mestre em Educação.
As escolas que fizeram essa leitura e souberam negociar, ao mesmo tempo que comunicaram bem os seus esforços às famílias, ainda segundo o pesquisador do Escolas Exponenciais, certamente tiveram sucesso em superar o período mais conturbado da crise.
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