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Oito a cada dez pais não pensam em trocar os filhos de escola no próximo ano, conforme mostrou a pesquisa Certificação Escolas Exponenciais. Entre os motivos mais apontados pela satisfação com o colégio estão o cuidado da equipe com os filhos e a qualidade na formação acadêmica.

A pesquisa foi feita com cerca de 150 mil pais que têm os filhos matriculados em 361 escolas particulares de todo o país. Os dados mostram que, na média, a satisfação dos pais continua semelhante ao ano de 2021, quando 81% deles não tinham a intenção de trocar os filhos de unidade – a margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Entre os 21% que pensam em trocar de escola, 2% disseram estar decididos com a mudança. Entre os motivos mais apontados para essa decisão, está a pouca abertura para o relacionamento com aqueles que atuam com seus filhos (16%), localização distante de onde moram (16%) e pouca divulgação das atividades pedagógicas desenvolvidas (15%). 

A pesquisa mostra ainda que 3% dos pais terão que fazer a troca porque a escola atual não oferece a série seguinte. Há ainda 16% que não estão certos da decisão e ainda avaliam a mudança. 

Questões financeiras

Entre os que ainda cogitam a mudança, 6% afirmaram que a troca ocorre por questões financeiras. Dentro desse grupo, 45% diz que vai procurar escolas com mensalidades mais baratas e 36% diz que ainda vai tentar negociar descontos com a unidade atual. 

Fabrício de Paula Silva, pesquisador do Escolas Exponenciais e especialista em educação, destaca que no ano passado a proporção de famílias que cogitava a troca por problemas familiares era maior.

“Por um lado, essa é uma boa informação para as escolas. Já que gerenciar a necessidade de desconto com as famílias é sempre um desafio, já que os colégios trabalham com uma planilha de custos apertada e com pouca margem para negociar”, diz.

Mas, por outro lado, isso significa que os pais estão saindo da escola por problemas pedagógicos. “Se o problema é de relacionamento ou no ensino, a escola precisa repensar a sua essência, o que está fazendo de errado com os alunos”, conclui. 

Adaptação após a pandemia

Silva avalia ainda que a insatisfação de parte das famílias com o desenvolvimento pedagógico pode ser consequência da readaptação à rotina presencial após a pandemia. 

“No ano passado, muitas escolas continuavam com o ensino remoto ou híbrido e isso impactava nas avaliações. As notas dos alunos estavam um pouco maquiadas com as concessões que as escolas precisaram fazer por entender a dificuldade que enfrentavam para estudar em casa”, diz.

Para ele, parte dos pais pode estar insatisfeita com as atividades pedagógicas porque os filhos tiveram queda no rendimento escolar. 

“Algumas famílias podem ter mais dificuldade em compreender que esse é um período de adaptação para os alunos recuperarem a aprendizagem perdida na pandemia. Por isso, a comunicação da escola precisa ser fortalecida.”

Cuidado e bom relacionamento

Entre as respostas dos pais que pretendem manter os filhos na mesma escola, a relação próxima com os professores e a boa comunicação estão entre os principais motivos para a satisfação, seguida pela qualidade na formação acadêmica. 

O cuidado e atenção pessoal da equipe pedagógica com os filhos foi o motivo mais votado, sendo a resposta de 28% dos responsáveis. Em seguida aparece a qualidade na formação acadêmica (24%), qualificação da equipe pedagógica (20%) e relacionamento próximo e participativo com pais e alunos (19%).

Aizita Stênico Miller, 42, é mãe do Guilherme, de 10 anos, e da Melissa, de 5 anos, que estudam em uma escola particular de Santa Bárbara d’Oeste. Para ela, um dos principais valores de uma instituição de ensino é a parceria com as famílias. 

“Entendo que a educação é um esforço conjunto entre a escola e a família. Dessa forma, prezo muito por uma instituição que naturalmente estreite essa relação, onde os assuntos relacionados ao desenvolvimento da criança sejam tratados de forma franca e a qualquer momento”, diz. 

Escolas estão financeiramente mais saudáveis

Ainda de acordo com a pesquisa, a situação financeira das escolas melhorou. Em 2021, 56% delas relataram ter perdido alunos ao longo do ano. Em 2022, esse número caiu para 41%.

Além disso, 64% das escolas responderam ter ganhado alunos neste ano. Em 2021, apenas 31% tinham aumentado o número de matrículas. 

A pesquisa identificou ainda que as escolas estão otimistas com o ganho de novos alunos e já programam novos investimentos, 82% das unidades disseram que pretendem investir em melhorias até o fim do ano.

Os dados mostram ainda que 19% das unidades estão com dificuldade em manter os salários dos funcionários em dia – no ano passado, eram 22%. A taxa média de inadimplência se manteve estável nos últimos dois anos, em 10%. 

Certificação Escolas Exponenciais

Esse é o quarto ano que a pesquisa é feita. Nesta edição, das 361 escolas participantes, 199 conquistaram a Certificação Escolas Exponenciais. O certificado é dado às unidades que tiveram boa avaliação com base nas respostas dos pais. 

“A pesquisa traz para a escola a possibilidade de ouvir seu público e, assim, planejar novas estratégias. Essa escuta com as famílias permite às escolas entender onde precisam melhorar ou enxergar o que estão fazendo de forma acertada”, diz Kely Gouveia Teixeira, gerente na Escolas Exponenciais.