7 min de leitura

Vivemos em um planeta com quase 8 bilhões de pessoas, sendo que a metade delas têm acesso à internet. Isso significa que 4 bilhões de pessoas estão conectadas em tempo real, vivendo em um universo sem fronteiras, no qual tudo está acessível com apenas alguns cliques.

No mundo real, a cidadania compreende direitos e deveres sociais, civis e políticos. No mundo virtual não é diferente: também existe um código de conduta. É a chamada cidadania digital.

 

Cidadania digital

Cidadania digital (ou cybercidadania) é a prática responsável e consciente de direitos e deveres dos usuários no mundo virtual.

Os  cidadãos virtuais precisam ser educados sobre o que podem fazer no ambiente online e a agir de forma ética e segura.

Os princípios básicos da cidadania digital não são muito diferentes daqueles da cidadania real: proteção própria, respeito com os outros, responsabilidade social, entre outros. Se na cidadania real aprendemos a não roubar ou a não danificar a propriedade alheia, a cidadania digital ensina a respeitar a propriedade virtual e a privacidade das pessoas online.

Mas, em contrapartida, no cyberespaço existe um universo de direitos e deveres diferentes dos tradicionais. E é aí que a educação digital se faz importante.

Segundo especialistas, as crianças e adolescentes precisam desenvolver um senso crítico para usar a internet, mesmo quando não supervisionados por adultos. Isso significa usar o ambiente online sem prejudicar a si mesmos e aos outros, e sabendo identificar riscos e aproveitar boas oportunidades.

Vale lembrar que um dos problemas da internet, inclusive, é a facilidade para falsificar informações e a falta de segurança de dados. E mesmo vulneráveis, ainda há pessoas que navegam sem plena consciência dos perigos online.

 

Confira também: saiba como se preparar para a Lei de proteção de dados nas escolas

 

Os 9 elementos básicos da cidadania digital:

O americano Mike Ribble é uma das maiores referências em cidadania digital do mundo. Ele é autor dos livros “Raising a Digital Child” (“Educando a Criança Digital) e “Digital Citizenship in Schools” (“Cidadania Digital nas Escolas”). 

“Cidadania digital é o uso responsável e apropriado da tecnologia. Não podemos ficar bravos com as nossas crianças pelo uso inapropriado da tecnologia se não ensinarmos a elas o que consideramos apropriado”, diz o autor. 

Segundo Mike Ribble, a cidadania digital envolve 9 pontos básicos:

  1. acesso digital (inclusão eletrônica)
  2. comércio digital (compra e venda de produtos online)
  3. comunicação digital (troca de informações online)
  4. alfabetização digital (capacidade usar a tecnologia digital)
  5. etiqueta digital (padrão de conduta dos usuários da internet)
  6. lei digital (direitos e restrições legais para o uso da tecnologia)
  7. direito e responsabilidade digital
  8. saúde e bem estar digital (ligados ao uso da tecnologia)
  9. segurança digital (precauções para a segurança pessoal e da rede de contatos)

 

Educação digital na escola

A educação digital é importante na formação dos jovens do século XXI, para que sejam capazes de conviver no mundo virtual, cientes de seus riscos, desafios e oportunidades. Mesmo nascidos na era da internet, os jovens não sabem tudo o que precisam para surfar na rede com segurança e ética.

Por isso, as escolas têm um papel muito importante: tornar a cidadania digital conteúdo pedagógico, o que pode ser feito de forma transversal em diversas matérias.

Nas aulas de Português, por exemplo, é possível sugerir temas de redação para a reflexão sobre o uso da internet e cidadania digital. 

Já nas classes de Sociologia, os professores podem abordar a questões como felicidade e infelicidade nas redes sociais e promover a empatia no mundo virtual. 

Até nas aulas de Matemática é possível abordar o tema da cidadania digital. Fabricio de Paula, professor de Matemática do Colégio Franciscano Ave Maria, de Campinas, SP, dá um exemplo de como trabalha a ideia de potência no ensino fundamental e a de função exponencial no ensino médio usando alguns experimentos que demonstram a velocidade com a qual as informações se propagam no modelo digital. 

“Imagine um caso em que alguém compartilha uma mensagem com 10 amigos e esses 10 amigos compartilham, cada um deles, com outros 10. Isso é uma potência de base 10 e cada um desses compartilhamentos vai elevando exponencialmente o alcance da notícia. Se eu tiver, por exemplo, 5 compartilhamentos, a gente já está falando de 100.000 pessoas alcançadas por uma simples notícia. É a ideia da exponencial: 10 elevado a quinta potência é igual a 100.000. Com esses cálculos mostramos que com pouquíssimas interações podemos atingir um número tão grande de pessoas que a retratação fica muito difícil. A responsabilidade digital passa pelo entendimento do alcance das nossas ações nesse mundo“,  evidencia.

Além do uso em sala de aula, algumas escolas vem promovendo palestras especiais e workshops sobre temas ligados à cidadania digital. Um tema frequente é o cyberbullying (violência psicológica no ambiente virtual).

 

Confira também: Cyberbullying – como as escolas podem evitar e combater?

 

Para combatê-lo, é importante conscientizar-se sobre as consequências de posts sem autorização na internet e investir na formação dos jovens para reagir em situações imprevistas.

Segundo afirmam especialistas, para educar a sociedade a usar a internet com senso de responsabilidade e promoção do respeito mútuo, é preciso desenvolver o pensamento crítico e avaliar o impacto de cada clique em nossos teclados e telas.

Como trabalhar cidadania digital na escola

Existem exemplos de como professores podem abordar a cidadania em sala de aula e uma lista fundamental de pontos a abordar. Veja aqui 10 deles:

  1. As pessoas precisam conhecer os recursos disponíveis na internet
  2. Precisam ser cautelosas com seus dados pessoais (é fundamental criar senhas seguras, configurar a privacidade em redes sociais, usar um bom software antivírus, acessar a internet a partir de equipamentos próprios). A proteção de privacidade precisa estar sempre presente em quem navega pela internet.
  3. Respeitar o outro em redes sociais. Evitar discussões, mal entendidos, falar mal de outras pessoas, expor fotos que podem não ser do agrado do outro. A palavra-chave aqui é empatia, ou seja, a capacidade de se colocar sempre no lugar do outro.
  4. Ter cuidado com links recebidos, mesmo quando parecem verdadeiros e de fontes conhecidas (podem conter vírus, roubar dados…)
  5. Vivemos em uma era de fake news (notícias faltas), por isso vale ter atenção dobrada ao compartilhar notícias. Verifique a veracidade das informações antes de repostar e exercite ao máximo seu senso crítico.
  6. Tenha cuidado com exposição exagerada da sua vida em redes sociais. Lembre-se de proteger sua privacidade!
  7. Cuidado também com o tempo exagerado online.
  8. A internet tem a capacidade de propagar informações boas! Alerte parentes e amigos quando vir algo importante. 
  9. Lembre-se dos direitos autorais de fotos, textos, vídeos. Não faça copy and paste sem pensar nos direitos de propriedade. Cite sempre suas fontes e evite problemas com direitos autorais. 
  10.  E para completar, pense no seu digital footprint (pegada ou marca digital) – tudo o que você coloca na internet deixa um rastro que vai ficar registrado para sempre. 

 

Uso saudável da Internet nas escolas: Saiba como definir normas

Um contrato de matrícula bem redigido pode ser um dos melhores instrumentos para proteger as Instituições de Ensino do uso indevido da Internet por parte de professores, funcionários e alunos. Mas, como os diferentes aspectos relacionados ao tema devem ser abordados no documento?

Sobre o assunto, disponibilizamos a palestra “Blindagem Legal da Instituição de Ensino – do fundamental ao universitário: o que atualizar na documentação escolar para ter regras mais claras sobre o uso dos recursos tecnológicos por Docentes, Discentes e Funcionários”, confira!

 

Assista ao webinar aqui