O processo de aprendizagem e a tecnologia têm muita coisa em comum. Ambos buscam simplificar o complexo. Enquanto a tecnologia evolui rapidamente, nosso modelo de educação insiste na utilização de aulas expositivas com apresentações em PowerPoint intermináveis.
Muita gente acredita que ao compreender um determinado assunto já o tenha aprendido. Está longe de ser isso! Quantos cursos você já fez cujo conteúdo você não se recorda mais?
O típico modelo de aula em que o professor é o dono da informação e o aluno fica na carteira copiando não funciona bem devido ao baixo engajamento dos alunos e à baixa retenção de aprendizado. O fracasso dessa abordagem se intensificou devido à facilidade que os estudantes passaram a ter para se conectar num universo bem mais interessante, por meio de seus smartphones.
A disputa pela atenção se tornou muito maior nos últimos anos. E o modelo de educação ficou assistindo tudo isso acontecer. Sim, o modelo está ultrapassado, e os números não mentem: 90% dos alunos estão insatisfeitos com suas aulas, como mostra o portal educacional Porvir, e a causa-raiz desse problema é o fato de as aulas expositivas não engajarem os alunos.
É preciso engajar para educar! Se não retermos a atenção do estudante, ele não vai aprender nada! O foco deve estar na estar na experiência, e não no aprendizado. O aprendizado é uma consequência da experiência que o estudante escolhe ter ou não.
Aprender vai além de compreender
Existem 5 fases do aprendizado: compreender, reter, praticar, disseminar e criar. Dentro de sala de aula e com aulas expositivas, o aprendizado fica frequentemente limitado à segunda fase apenas, o que impacta na eficiência da retenção. Conhecimento guardado não tem grande valor. Apenas quando o associamos a uma ação, ele começa a gerar algum resultado prático.
Portanto, é preciso projetar experiências que tenham o intuito de estimular as outras fases do aprendizado e sejam oportunidades para que outras habilidades sejam desenvolvidas. Algumas delas são frequentemente exigidas no mercado de trabalho e na vida, mas pouco desenvolvidas na escola, como: autonomia, trabalho em grupo, colaboração, iniciativa, criatividade, senso crítico, resolução de problemas e tomada de decisões rápidas com poucas informações.
Educador, um arquiteto de aprendizados.
Um educador deve ser uma arquiteto de aprendizados que projeta uma experiência que irá mexer com as emoções dos estudantes.
Nesse momento em que há uma grande oferta de conteúdo na internet, o professor deve atuar como um grande líder do processo de aprendizagem dos estudantes, por meio de mentorias e curadoria de conteúdo. A escola deve ajudar os alunos a gerenciar o próprio aprendizado, dando-lhes autonomia nesse processo, proporcionado ferramentas para que essa jornada seja prazerosa.
Um mix de interação presencial e vivência digital
O estudante quer vivência digital, mas também anseia pelas interações presenciais. Tecnologia vai além de aparelhos eletrônicos e softwares. No contexto da educação, tecnologia são novas formas metodológicas de promover o aprendizado. A tecnologia pode suportar essas estratégias, como: sala de aula invertida, Project Based Learning, Problem Based Learning, Rotação por estações e Gamificação.
Com ou sem tecnologia, o importante é arquitetar uma experiência que marque a memória dos estudantes. Agora, pare um momento e reflita. Quais são os momentos que mais te marcaram da época da escola? Você estava copiando algo quadro ou ouvindo o professor? Aposto que não, provavelmente você se lembra de uma apresentação, de um jogo, de uma feira de ciências, de um debate, de uma gincana ou de uma peça de teatro.
Pare de fazer o tradicional. Explore o caminho das emoções!
Coluna por
Felipe Baldi
Felipe Baldi é fundador da tangram, edtech que ensina matemática, educação financeira e empreendedora utilizando jogos. Engenheiro Químico, atuou como consultor em diferentes países e trabalhou em startups. Fundador de um projeto voluntário para preparar alunos de escolas públicas para Olimpíadas de Matemática.