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A pandemia completa um ano e nesses longos meses, alunos e alunas passaram a estudar por meio do ensino remoto. Então, o momento mais esperado por muitas famílias, crianças e adolescente chegou: a retomada das aulas presenciais, que foi permitida em algumas regiões do Brasil neste início de ano letivo. Porém, vivenciar novamente o convívio escolar tem sido um desafio para muitos estudantes, que sentem dificuldade em se distanciar da família, além de demonstrarem medo e insegurança devido ao cenário pandêmico que assola o mundo.

Para a pedagoga Jéssica Talita, que é pós-graduada em alfabetização e letramento e administra o perfil @pro_pretinha, no instagram, é comum que alguns alunos e alunas sintam uma certa estranheza ao retornar para as aulas presenciais, até mesmo por terem se acostumado com a rotina de ficar em casa. “As crianças sentem e sabem o que está acontecendo em sua volta, de tanto ouvirem os adultos falarem sobre a pandemia, elas acabam despertando um receio e, talvez, até um medo profundo de ficarem doentes”, afirma.

A psicóloga Ruta Fortunato ainda ressalta que há crianças e adolescentes que podem ter ainda mais dificuldade na adaptação e aprestarem até mesmo outros comportamentos, além do estranhamento com a nova rotina. “Retração, isolamento constante, pessimismo, agressividade, sentimento de incapacidade e medo de errar podem ser identificados por meio de mudança de comportamento”, exemplifica. Rute ainda acrescenta que alguns alunos ainda podem desenvolver sentimento de angústia, dor, desânimo, preguiça, vergonha, entre outros.

E, se a adaptação já estava sendo um obstáculo para algumas crianças, a situação pode se tornar ainda mais desafiadora, já que, ao menos no Estado de São Paulo, foi decretada a fase emergencial, onde escolas estaduais e municipais ficam fechadas, e as particulares podem funcionar presencialmente, desde que atendam até 35% dos alunos matriculados. “Todos nós estamos inseguros com tudo o que vem acontecendo e não seria diferente com as crianças. Há insegurança do que é novo, se tudo ficará bem, se tudo voltará ao normal. E esse incerto pode gerar ansiedade”, pontua a psicóloga Giovanna Almeida Leite, que tem especialização em psicologia escolar, infantil e orientação de pais e professores.

Manter uma comunicação assertiva com a família, explicando quando ocorrerá a retomada das aulas, e as medidas sanitárias e de segurança adotadas, são fundamentais para que pais e mães estejam sempre informados e possam conversar abertamente com os filhos e/ou filhas, diminuindo a ansiedade gerada neste momento. Por isso, a agenda virtual, que substitui os antigos cadernos, pode ser uma boa aliada das escolas. Neste sentido, a ClassApp pode contribuir para auxiliar as instituições de ensino a enfrentarem estes atuais desafios.

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Como a relação escola-família pode atuar na adaptação?

De acordo com a pedagoga Jéssica Talita, as escolas devem apostar na contratação de estagiários e auxiliares, com o objetivo de ampliar a equipe e, então, auxiliar o professor ou professora a atender a demanda das crianças que estão sentindo mais a retomada das aulas presenciais. “Afinal de contas, se já havia dificuldade antes da pandemia e os professores não davam conta, imagina agora tendo que começar do início para muitos”, afirma.

Para a psicóloga Giovanna Almeida Leite, escola e professores precisam ter empatia e paciência para acolher as crianças que estão sentindo dificuldade em retomar as aulas presenciais. “O aluno que retorna não é o mesmo que você, enquanto educador, conhecia antes. Nesse período, seu desenvolvimento percorreu diversas influências. Alguns alunos perderam familiares, todos perderam seu convívio social, alguns sofreram impactos econômicos em sua família, dentre outras circunstâncias. Por isso, é preciso acolher esse aluno com empatia, ouvi-lo, entender a sua dor e suas inseguranças e colocar-se disponível para auxiliar em seus sentimentos”, orienta.

A família também pode e deve auxiliar neste processo de adaptação das crianças. A recomendação da pedagoga Jéssica é para que pais e mães invistam no diálogo com os filhos e/ou filhas. “Reforce todos os dias o quanto é importante ir para escola. Relembre das coisas boas da escola, sempre estimulando a criança. A fase de adaptação da criança tem que ser respeitada e gradativamente ela vai se adaptar novamente”, enfatiza.

Sendo assim, agilizar a comunicação com a família é essencial. Com o ClassApp, pais e mães têm acesso facilitado com a direção, coordenação e professores. Por meio do aplicativo, é possível tirar dúvidas, enviar sugestões e participar mais ativamente da vida escolar das crianças.  

Os novos protocolos podem atrapalhar a adaptação de alguns alunos?

Devido à pandemia, diversos protocolos precisaram ser adotados pelas escolas. Além de manter o distanciamento físico, o que incluir vetar beijos e abraços, as crianças precisam usar máscaras, há uma higienização constante das mãos e aferição da temperatura logo na entrada dos colégios. Com tantas restrições, mesmo necessárias, é comum pais e mães ficarem receosos de que tais medidas podem acabar dificultando a adaptações dos filhos e/ou filhas, não é mesmo?

Porém, as profissionais da educação são enfáticas  ao afirmar que as atuais medidas sanitárias não necessariamente tornam a adaptação mais desafiadora. “Acho que nós professores conseguimos controlar essa situação. Somos criativos e sempre pensamos em alguma maneira divertida e prática para que eles se adaptem e tudo fique bem. A criança respeita mais do que os adultos, isso eu tenho certeza”, enfatiza a pedagoga Jéssica Talita.

A psicóloga Giovanna Almeida Leite também compartilha dessa opinião e, ainda, reforçar que os protocolos são precisos para fortalecer a segurança de estar naquele ambiente. “Na escola em que trabalho, os alunos ao chegarem passam por higienização com álcool e medição de temperatura, assim, ao adentrar à escola, estão confiantes de que eles e seus colegas estão seguros e livres do vírus. Não abraçar e manter a distância também estabelece segurança, por isso, os alunos encontram outros meios de se conectarem. Brincadeiras, conversas, desenhos, cartinhas”, exemplifica.

De acordo com Giovanna, a higienização e troca de máscara, por exemplo, são feitos de maneira descontraída e passam a ser encaradas com naturalidade pelos alunos. “Para nós, talvez seria difícil imaginar isso. Mas, principalmente para os menores, é a forma como o mundo tem sido apresentado a eles. Ou seja, já tornou-se habitual esses momentos na escola e para criança não tem tempo ruim, tudo pode ser feito de forma divertida!”, destaca. 

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