6 min de leitura

Com a quarentena prorrogada em todo o estado de São Paulo até o dia 10 de maio, as escolas de educação infantil continuam enfrentando o desafio de dar continuidade ao ano letivo, porém, de maneira remota. O lúdico, as brincadeiras, as atividades de exploração e toda a convivência escolar, agora precisam passar por adaptações. 

“É um momento delicado, especialmente para a educação infantil. Escola é presença, nada substitui o momento de estarmos com as crianças, de vivermos as experiências reais, mas agora a experiência é na casa. A gente rompe com tudo com que até hoje foi discutido, de quanto as crianças pequenas não têm que ficar muito na tela e tem que ter experiências reais”, reflete Mônica Padroni, diretora do Colégio Projeto Vida, de São Paulo.

Entretanto, Mônica afirma que, no momento, o mais importante é cuidar da saúde mental dos alunos. “Estar em contato com as pessoas que são referências na escola, com a professora e outros colegas, é cuidar da saúde emocional. Temos apostado nisso, na continuidade e na aproximação que é possível pelos meios virtuais”, explica.

Para isso, a profissional explica que a escola tem adotado estratégias diferentes a cada semana. Na primeira semana em que ocorreu a suspensão das aulas, a aposta foi o envio de atividades para serem feitas com o auxílio da família. No momento, o Colégio Projeto Vida tem utilizado mais a ferramenta online. “Temos buscado bastante isso, instruir as crianças para a atividade, buscado bastante a interação”, conta. Então, se antes as professoras gravavam uma história e enviavam aos pais, agora as educadoras fazem a leitura ao vivo. 

 

Leia também:
Como fortalecer a sua escola para enfrentar a crise?

 

Mantendo Vínculo

De acordo com Vivian Mozas, que é diretora pedagógica e co-fundadora da Senses Montessori School, também localizada na capital paulista, manter o vínculo com os alunos também foi um dos cuidados da escola, que estabeleceu uma agenda diária de aulas ao vivo. “A ideia dos encontros ao vivo, além de ser a ferramenta escolhida para passar às crianças e aos pais as atividades propostas, foi a forma que encontramos para manter a rotina e o vínculo entre as crianças, as educadoras e os colegas”, ressalta. 

E os encontros virtuais proporcionaram uma ampla variedade de atividades para serem feitas pelos alunos e alunas da educação infantil. “Cada educadora usou o seu potencial, suas maiores habilidades, e transformou em conteúdo para as crianças. Tivemos aulas diárias de música e yoga, tutoriais em vídeo de artes, vida prática, origami, histórias contadas e guias de atividades. Tudo isso foi usado como apoio na proposta pedagógica e disponibilizado aos pais em documentos e vídeos no nosso youtube”, completa.

A Escola Bosque das Letras, situada em Jandira (SP), também apostou em manter proximidade relacional com as crianças. Para isso, a escola tem promovido a interação com os pais e mães e a troca de informações com a direção, estimulando a relação de pais e filhos por meio de propostas diárias. Entre as atividades sugeridas, a instituição tem valorizado o explorar, investigar, interagir, criar, questionar e, claro, brincar!

“Temos ouvido muito a respeito do homescholing, porém cremos que neste momento, a leveza, a brincadeira e a interação pais e filhos para crianças da primeira infância é primordial, além de considerar que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), crianças de até 4 anos devem passar, no máximo, uma hora em frente a telas de forma sedentária e quem tem até 1 ano, não é recomendado ter contato com telas”, traz a nota publicada no site da escola.

 

Aposta na rotina

Para manter a interação com os alunos e as famílias, além de reforçar os vínculos, Karine Carvalho Gamboggi Segreto, que é sócia-mantenedora da escola Blue Sky e diretora da unidade Brooklin, em São Paulo, ressalta que a instituição tem enviado diariamente conteúdos pedagógicos e orientações para as famílias com textos, links com contação de histórias, músicas, e sugestões de atividades lúdicas e de fácil aplicação.

Karine relata que uma das preocupações com os alunos era a manutenção de uma rotina e propostas de atividades, com o objetivo de amenizar a falta que a escola faz no cotidiano das crianças. “Então, tivemos a ideia de não aderir ao recesso ou às férias e, sim, manter, mesmo que a distância, nosso trabalho, reforçando nossos vínculos e todos os objetivos que já tinham sido alcançados”, afirma.

Segundo Karine, a escola criou uma plataforma para armazenar videoaulas, que possuem uma sequência que espelha o dia a dia dos alunos na Blue Sky. “Tem ‘o bom dia/boa tarde’; chamadinha com os nomes das crianças em placas sendo mostradas no vídeo pela professora; calendário com o dia da semana, dia, mês e ano da vídeoaula, parlenda ou trava língua a depender da faixa etária, a música do dia e a contação de história”, exemplifica.

No Jardim de Infância Ninho, em Americana, a professora Waldorf Vanessa Bianconi, ressalta que o corpo pedagógico da instituição se reúne, virtualmente, duas vezes na semana e que o foco, no momento, é dar suporte aos pais e mães. “Estamos orientando os pais sobre como tentar manter a rotina, o ritmo, assim como a gente fazia dentro da escola. Mas sem rigidez, sem obrigatoriedade. Na escola, as crianças amam fazer o pão e isso faz parte da rotina deles. A gente compartilha a receita para que os pais possam fazer em casa”, exemplifica. As histórias que seriam contadas nesse período, também são compartilhadas com as famílias, que recebem orientação de como contar. 

 

Confira também:
Coronavírus: como fica a alfabetização durante a quarentena?

 

Pais e mães que tenham alguma demanda específica com o filho ou filha, estão recebendo atenção individualizada. “Eles nos procuram e nós orientamos. Estamos fazendo algo muito mais para os pais ficarem mais tranquilos, pensando em deixa-los mais amparados nesse momento. Quanto mais tranquilos eles estiverem, melhor para eles e para as crianças. Então, a gente tenta trabalhar muito com os adultos”, afirma. 

Karine conta também que a escola sentiu a necessidade de oferecer maior suporte aos pais e mães, que estão em home office e precisam de apoio durante a quarentena. “As famílias receberam uma mensagem da direção contendo as orientações necessárias para o início desse novo e grande desafio. Nessa orientação, passamos a importância da rotina para os pequenos do berçário ao infantil, tarefas apropriadas para a idade, e estabelecemos a parceria com os pais nessa jornada”, pontua.