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Nos últimos tempos, uma expressão que se popularizou no mercado de trabalho foi a lifelong learning, que traduzida do inglês significa algo como educação ao longo da vida ou simplesmente educação continuada. O conceito é fundamentado no dinamismo do mundo atual, em que os conhecimentos são atualizados com mais frequência e pelas transformações constantes do mercado de trabalho. 

Na educação isso também deve ser uma preocupação por parte das escolas. Implantar a formação continuada de professores é fundamental para que o colégio contemporâneo consiga levar uma educação de qualidade e alinhada ao aluno do século 21. 

É por meio da formação continuada que os educadores fazem reflexões da prática pedagógica, do processo ensino e aprendizagem e do papel na formação dos estudantes.  Além disso, é fundamental para manter a qualidade da educação. 

“A formação será eficiente se contribuir para os professores repensarem e transformarem sua forma de ensinar e sua concepção do processo ensino e aprendizagem.  Esse é um dos maiores desafios para a formação”, aponta Daniele Eloise do Amaral Silveira Kobayashi, coordenadora do curso de pedagogia da Faculdade Anhanguera.

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A importância da formação continuada dos professores

A coordenadora do curso de pedagogia da Faculdade Anhanguera cita dois pensadores para corroborar a importância da formação continuada dos professores:

O primeiro deles é Antonio Nóvoa, especialista em formação de professores. Daniele lembra que o pesquisador aponta que a formação continuada é um “aprender contínuo que deve ser constituído em dois eixos: a formação pessoal do professor, como atuante no processo de ensino e aprendizagem e agente de mudanças e também na escola, como espaço de mudança e crescimento dos estudantes”, explica Daniele.

A professora também resgata o pensamento de Madalena Freire, que afirmou:

“Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma como educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática” (livro “A Formação Permanente”, p. 589). 

Segundo a especialista, uma grande contribuição da formação continuada é promover estratégias para os professores lidarem com os novos desafios que acompanham a geração de crianças e adolescentes – nativos digitais. 

“Por estarem inseridos no universo digital desde o início do desenvolvimento, os professores devem compreender e usar as novas tecnologias e inovações na educação como forma de ampliar o processo de ensino e aprendizagem”, ressalta Daniele. 

Consultor de Educação e Vendas da Disal, Guilherme Paukoski também cita a questão dos alunos serem nativos digitais e afirma que, muitas vezes, eles podem ter mais conhecimento que os próprios professores.

“A Internet está fazendo uma revolução na educação. Hoje o professor não é o único detentor de conhecimento, já que a informação está ao alcance de todos 24 horas por dia. Cabe ao professor saber gerir o universo gigante de dados e trabalhar com os alunos para que a informação torne-se conhecimento”, explica. “A formação continuada ajuda os professores nos desafios atuais e a seguir o ritmo dos alunos”, diz.

Benefícios para a escola

A formação continuada possibilita a melhoria da qualidade de ensino ofertada pela escola, refletindo em mudanças e crescimento dos estudantes e para as faculdades representa a revisão de diretrizes e matriz curricular mais adequadas à realidade da educação brasileira. 

O educador não se forma somente com a leitura de teorias pedagógicas, mas sim com uma reflexão sistemática e contínua da prática profissional. Nesse sentido, quando o docente procura uma formação continuada, estará contribuindo para melhorar a qualidade de ensino ofertada pela escola em que leciona.

“A reflexão sobre a prática permite a renovação do ensino e pode possibilitar a aprendizagem de todos os alunos”, ressalta a professora Daniele Kobayashi.

Com o aprendizado contínuo, o corpo docente pode socializar o que aprendeu com outros colegas de profissão, replicar a formação recebida e também poderá planejar novos projetos didáticos para trabalhar com alunos, projetos para atender a recuperação e aprofundamento da aprendizagem. 

“Os projetos elaborados e a implantação das ações formativas podem ser incorporados no Projeto-Pedagógico da escola”, lembra a coordenadora do curso de pedagogia da Faculdade Anhanguera. 

Como escolher um curso?

Para escolher um bom curso de formação, segundo Daniele Kobayashi, devem ser considerados dois pilares:

  1. trazer contribuições sobre o processo de ensino e a aprendizagem 
  2. cooperar sobre a forma e a metodologia a ser tratado em sala de aula

“As palestras, cursos, seminários, oficinas pedagógicas são possibilidades de formação para o professor, mas é essencial selecionar formações que ampliem o conhecimento do fazer pedagógico para contribuir para gerar aprendizagem dos estudantes”, disse a professora.

“Todo conhecimento é válido, porém os cursos têm que ter estar associados a algum objetivo. O professor tem que levar em consideração os cursos que trabalham as temáticas atuais da área da educação e também focar no interesse dos alunos”, sugere o representante da Disal, Guilherme Paukoski.

Como criar uma cultura de formação continuada de professores

A cultura da formação continuada ocorre a partir da observação, reflexão e análise do cotidiano escolar.  

Para ter êxito dentro de uma escola, porém, deve ser estimulada dentro das escolas e o gestor tem papel fundamental para que isso ocorra. A gestão deve observar as necessidades formativas e explicitar ao corpo docente da escola com a finalidade de organizar, planejar e realizar formações para auxiliar na qualidade de ensino. 

“É importante ressaltar que a formação apenas não garante mudanças na prática pedagógica, pois ela precisa ser vinculada ao acompanhamento da sala de aula e da observação do cotidiano escolar”, lembra a coordenadora do curso de pedagogia da Faculdade Anhanguera.

Consultor de Educação e Vendas da Disal, Guilherme Paukoski diz que o gestor tem que estar atento aos temas atuais da educação e, assim, conseguir fazer indicações de novas formações e cursos ou até mesmo desenvolver essas atividades dentro do próprio ambiente de trabalho, como por exemplo os grupos de estudos.

“A rotina escolar é muito intensa. É importante que a escola disponibilize tempo aos seus professores para que assim tenham uma agenda mais flexível. Dentro das possibilidades, é interessante que o gestor escolar vincule novas formações ao plano de carreira do profissional dentro da escola”, sugeriu Guilherme.

O gestor deve ainda divulgar oportunidades de formação e acompanhar a formação do professor, dando devolutivas sobre as observações do cotidiano escolar. 

“O incentivo à formação continuada, apesar de não ser a única solução para todos os desafios presentes no cotidiano escolar e para prática docente, constitui-se como uma atividade fundamental na formação do professor contemporâneo”, finaliza Daniele.

 

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