Com a nova rotina de educação remota em função da pandemia, uma das principais problemáticas desse cenário girou em torno da manutenção ou não do preço das mensalidades. Esse impasse chegou à mais alta instância do poder judiciário, o Supremo Tribunal Federal (STF), e mobilizou toda a comunidade escolar.
Mas agora, um ano após o início da pandemia, os pedidos de desconto e renegociação por parte dos pais ainda perduraram. E isso tem sido um dos grandes desafios para os gestores educacionais, já que a decisão não é baseada apenas na atipicidade do momento, mas também na gestão financeira da escola.
A importância de uma boa gestão financeira
Em alguns estados as aulas presenciais na rede particular de ensino não foram remontadas e todo o processo de ensino-aprendizado, bem como as atividades internas, em sua maioria, continuam à distância. Apesar do espaço físico não estar sendo totalmente utilizado, algumas despesas e gastos seguem fixos.
O especialista em Finanças e Marketing Educacional, Marino Menossi Junior, afirma que é prioridade manter a situação financeira em ordem, com bastante atenção ao capital de giro, e sem esquecer de reexaminar os empréstimos e financiamentos. Por isso, sua dica ouro de gestão financeira é monitorar o cumprimento das cláusulas contratuais e acordos financeiros, seguindo três prioridades: 1º caixa, 2º caixa, 3º caixa, ou seja, liquidez.
O corte e/ou redução de gastos geralmente é o principal caminho para equilibrar as finanças das escolas. Contudo, Marino alerta que para essa ser uma decisão efetiva, as reduções de custos devem ocorrer em processos específicos “Não pratique reduções de custos horizontais […] Adote procedimentos simples para sua cadeia de operações e atue nos elos fracos”.
Isabel Ferreira, gestora da Joaquim Ferreira, uma pequena escola em Salvador, disse que precisou realizar diversas reuniões e análises, sempre com bastante cautela, para tomar a decisão de desconto das mensalidades. No cálculo foi considerada a redução de alguns custos em decorrência do fechamento temporário do espaço físico, como contas de água e energia, e a folha de pagamento.
Por conter apenas 20 funcionários, a manutenção dos empregos desses profissionais foi uma das variáveis incluídas no cálculo. “Pensamos em qual seria a medida justa para manter uma boa situação financeira da escola, garantindo os empregos dos colaboradores e sendo justo com as famílias que também estão apreensivas com o atual cenário”, explica.
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Descontos são realmente a melhor opção?
Sabendo que este é um período de incertezas, hipercompetitividade e volatilidade crescente, os gestores precisam compreender a verdadeira situação, e não apenas aquela que gostaria de visualizar. Além disso, é importante que as instituições de ensino sejam rápidas nas tomadas de decisões, pois é preciso se posicionar; que foque unicamente no que gera resultados e nos principais riscos dos seus negócios.
Descontos nem sempre são as melhores opções para os pais que reclamam de preço, visto que, a instituição continua abordando questões que vão além das salas de aula, por exemplo, atualização dos docentes, investimentos em canais de comunicação e sistemas de gestão escolar.
Ainda há as questões não visíveis aos olhos que influenciam na tomada de decisão. “No campo da gestão orçamentária educacional, descontos, gratuidades e bolsas são elementos importantes. Geralmente o coração dá lugar para a razão no processo de negociação e implementação de tais políticas”, explica o especialista.
Algumas alternativas podem ser consideradas na hora de negociar com os pais:
Isenção da taxa de matrícula – na forma promocional ou como negociação, a isenção da taxa de matrícula é visto como um alívio para as famílias que acumulam outros gastos sazonais do início de ano, como IPTU e IPVA.
Parcelamento do saldo devedor – considerando os casos de inadimplência, renegociar as dívidas é uma opção que pode ser satisfatória para pais e escolas, uma vez que há intenção mútua de continuar a prestação do serviço.
Descontos – como última alternativa, os descontos podem ser aplicados na mensalidade ou anuidade, em diferentes categorias: irmãos, convênio de empresas e pagamento antecipado.
Tempos de crise também são momentos para reavaliar oportunidades desenvolvidas e até mesmo as que estão “guardadas na gaveta”, mas sempre de forma consciente. Um dos destaques do momento é o modelo low cost (baixo custo), que oferece educação de qualidade com mensalidades abaixo da média praticada no mercado.
Em expansão no país, esse modelo é alicerçado numa metodologia vanguardista, com formação tecnológica, ensino de línguas, prática digitais e outros complementos disponíveis em uma estrutura bem projetada e mobiliada.
Por fim, o especialista em Finanças e Marketing Educacional reforça que antes de iniciar a “dança” dos descontos ou qualquer outro tipo de negociação, os seguintes aspectos da gestão financeira da escola devem ser levados em consideração:
- Preço (de acordo com qualidade oferecida e percebida);
- Volume de alunos;
- Gastos diretos, indiretos, fixos e variáveis;
- Estatística e probabilidade da evasão pós matrículas;
- Perdas efetivas com devedores;
- Investimentos para competitividade;
- Reservas de caixa;
- Lucratividade.
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