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A definição do valor do reajuste mensalidade escolar é sempre uma decisão complexa para os gestores e se torna ainda mais difícil em um ano com alta da inflação, perda do poder de compra das famílias e eleições presidenciais.

Para especialistas da área, especificamente em 2022, diante da instabilidade dos cenários político e econômico do país, o ideal é que as escolas busquem reduzir custos, adiem investimentos altos e deixem para definir o percentual de reajuste nos últimos meses do ano. 

“O cenário atual é completamente instável e é difícil prever como ficará a inflação. Meu conselho para as escolas nesse momento é que tenham calma”, diz Benjamin Ribeiro, presidente do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de São Paulo).

Durante a 4ª Edição do Check-in, evento realizado pelo isaac, a maior plataforma de serviços financeiros feita para escolas particulares, Marina Cordaro Camargo, consultora de escolas privadas e sócia da Corus Consultores, recomendou que as instituições de ensino não divulguem para as famílias o reajuste mensalidade escolar antes do dia 10 de outubro.

A profissional acredita que o cenário político e econômico podem continuar sendo bastante impactados até lá, por isso aconselha aguardar essa data. 

Pela lei, as escolas só podem reajustar a mensalidade escolar uma vez ao ano. O percentual deve ser informado às famílias com um prazo mínimo de 45 dias antes da data final para a matrícula. 

“São dois riscos em definir o reajuste de maneira incorreta. De um lado, o risco de aumentar demais e as famílias não terem condições de arcar com o novo valor e, assim, a escola perde alunos. De outro, fazer um reajuste muito baixo que não vai cobrir as despesas do próximo ano”, explica Ribeiro. 

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Para CEO do Grupo Rabbit, reajuste mensalidade escolar deve ficar próxima a 12%

Christian Coelho, CEO do Grupo Rabbit, consultoria especializada em instituições de ensino, também aconselha acompanhar a situação econômica do país. Segundo ele, se a escalada inflacionária permanecer nos próximos meses, é possível que o reajuste mensalidade escolar para 2023 fique próximo a 12%.

No país, as escolas têm liberdade para reajustar os preços em qualquer patamar desde que apresentem planilha de custos para justificar o valor. Entre os fatores que mais pesam na construção do índice, está a folha de pagamentos dos funcionários, especialmente, dos professores – em média, os salários representam quase 60% dos custos das instituições de ensino.

Ribeiro lembra que no estado de São Paulo, por exemplo, uma convenção coletiva já definiu que os professores receberão em maio de 2023 reajuste salarial no valor da inflação acumulada nos 12 meses anteriores. 

Em um período de inflação alta, os reajustes de gastos básicos recorrentes como água, luz, aluguel e os impostos também precisam ser levados em conta.

Para os especialistas, é importante que os gestores se atentem ao valor de reajuste dos concorrentes, mas não balizem a decisão de acordo com os demais. Eles lembram que cada escola tem custos e realidades diferentes.

“Em um mercado tão competitivo é imperativo saber como a concorrência se comporta, mas não existe um número mágico para o reajuste, cada unidade tem a sua realidade. Uma escola pode gastar mais com energia por ter ar condicionado, outra ter mais gasto com aluguel”, exemplifica Ribeiro.

Em 2021, um levantamento realizado pelo Escolas Exponenciais revelou que o reajuste mensalidade escolar ficou em até 10% nas escolas particulares do Estado de São Paulo.