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Uma forma eficiente de enfrentar os atuais desafios das gestões educacionais é a aprendizagem baseada em projetos, uma metodologia ativa com foco na aprendizagem significativa. De acordo com a coordenadora pedagógica Raquel Sanches Pereira, geralmente essa proposta é desenvolvida em grupos e tem o professor como um mediador.

“Na ABP (aprendizagem baseada em projetos) o objetivo do educador é integrar as disciplinas, trabalhando competências e habilidades, estimulando soluções de problemas do mundo real. Em turmas mais avançadas e acostumadas com essa metodologia de ensino, é possível trabalhar com diferentes projetos, individuais ou em grupo, nos quais cada aluno desenvolve estudos de acordo com seu interesse de aprendizagem”, explica.

Os temas são escolhidos de acordo com as necessidades e/ou interesse dos próprios alunos. “O tema é escolhido preferencialmente pelos alunos. O professor pode elencar os principais temas na turma e abrir votação ou apresentar um tema de acordo com as curiosidades dos alunos”, afirma Raquel.

A professora Janaína Fernandes Pessoa, que também é consultora de estratégias educacionais criativas e criadora do @linguaportuguesadivertida, conta que gosta de afirmar que essa metodologia é uma possibilidade da experimentação do pensamento. “O trabalho com projetos permite o desenvolvimento de habilidades cognitivas e socioemocionais, estimulando a criatividade e o protagonismo dos estudantes, permitindo a oportunidade de identificar problemas reais, agindo de forma ativa e colaborativa em busca de uma solução”, exemplifica.

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Como funciona a aprendizagem baseada em projetos?

Nesse tipo de abordagem, a educadora Janaína Fernandes Pessoa explica que o professor deve levantar situações-problema para, a partir daí, pensar em um projeto que gere soluções para a situação levantada. 
Após definida a temática, a coordenadora pedagógica Raquel Sanches Pereira esclarece que, então, é necessário criar um cronograma para, então, estimular a pesquisa, a cultura maker, o estudo do meio e outras metodologias ativas para desenvolver os conteúdos, habilidades e competências necessárias para cada faixa etária.

“É primordial promover avaliações contínuas para acompanhar o desenvolvimento e o nível de aprendizagem dos alunos, planejando as atividades propostas durante o projeto de acordo com as necessidades de aprendizagem dos alunos”, pontua.

E como implementar?

Nessa metodologia, o educador deixa de ser um mero transmissor de conteúdo para se tornar um mediador da aprendizagem e curador de conteúdos e materiais. Por isso, a coordenadora pedagógica Raquel Sanches Pereira afirma que é fundamental trabalhar, inicialmente, com a formação de professores

“Também é necessário informar as famílias sobre a mudança na organização do ensino e no trabalho com os conteúdos, já que a ABP trabalha de forma completamente diferente do ensino tradicional”, destaca.

Já em sala de aula, a orientação da profissional é preparar os alunos para esse formato de trabalho, pois muitos estudantes também estão acostumados com o ensino tradicional e podem ter dificuldade no primeiro contato com essa iniciativa de aprendizagem. “Por isso, o professor deve ter um planejamento muito organizado, com um cronograma de tarefas diárias e atividades que contribuam com a participação ativa dos alunos”, acrescenta Raquel.

Para a professora Janaína Fernandes Pessoa, os projetos são o caminho para a participação ativa dos estudantes. Sendo assim, é fundamental envolvê-los através de uma escuta ativa, oferecendo oportunidades de experimentação e criação. “Fazer um levantamento de habilidades que necessitam ser desenvolvidas é muito importante na hora de construir as ações”, justifica.

Quais recursos necessários?

Investir em equipamentos como celulares, tablets ou notebooks, com boa conexão com a internet, podem ajudar na realização das pesquisas. A coordenadora pedagógica Raquel Sanches Pereira ainda orienta quando a criação de espaços colaborativos, nos quais os alunos tenham mais liberdade para alcançar materiais, circular e construir conhecimento. “O maior investimento, no entanto, deve ser em recursos humanos, como a formação continuada dos professores”, destaca.

Entretanto, a educadora Janaína Fernandes Pessoa destaca que os recursos necessários também podem depender da intencionalidade e condições existentes para a realização dos projetos. “O professor pode desenvolver um projeto com seus estudantes que utilizará apenas lápis e papel, como também pode precisar de materiais mais sofisticados”, afirma.

Quais os desafios para implementá-la?

Na opinião da coordenadora pedagógica Raquel Sanches Pereira, o maior desafio é a mudança de paradigma na educação. De acordo com a profissional, por ser uma metodologia ativa, com foco no aluno, é comum provocar uma certa ‘estranheza’ na comunidade escolar. 

“Por isso, é primordial que haja um grande estudo das necessidades da comunidade e no perfil do aluno, manter forte comunicação com as famílias e formação continuada dos educadores, garantindo que a metodologia seja aplicada com sucesso, para que não vire apenas mais um nome em meio a tantas propostas pedagógicas”, enfatiza. 

Apesar de ainda envolver muitos desafios, a educadora Janaína Fernandes Pessoa destaca que o desenvolvimento dessa prática pedagógica é necessário para o desenvolvimento das habilidades exigidas pelo século 21. “A ABP traz o aprender como atividade social, proporcionando uma formação integral dos nossos alunos”, pontua.

Conhece uma equipe pedagógica que pretende implementar a aprendizagem baseada em projetos no próximo ano letivo? Então, indique a leitura desse texto para que possa auxiliar também outros gestores!

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