Escola do futuro: como o empreendedorismo das Startups pode ajudar na educação?
Senso de urgência, planos disruptivos e liderança em sua área de atuação são características que definem as startups e orientam os gestores à formação de escolas do futuro.
O caminho trilhado pelas startups de sucesso é motivo de inspiração para diversos setores, que observam com curiosidade e admiração a relevância do serviço que prestam, o impacto que causam e, especialmente, a facilidade que elas têm em inovar e crescer de forma exponencial.
Em um mundo que muda diariamente, apurar essa habilidade de “pensar fora da caixa” e de aplicar as boas ideias no campo prático pode ser um diferencial competitivo fundamental para qualquer negócio.
E isso vale sobretudo para as escolas, que precisam estar um passo à frente se desejam sobreviver no cenário da Nova Economia e se querem atender com precisão às demandas de formação das novas gerações.
Mas o que há no “mindset” de empreendedores à frente de grandes startups que podem inspirar gestores a trilharem caminhos rumo à escola do futuro?
Resiliência aos erros
Fabrício Bloisi, CEO da Movile, startup brasileira criadora do iFood, PlayKids, Leiturinha entre outros, defende que as mudanças que despertem para a inovação precisam acontecer agora.
“Para quem tá aqui preocupado com o mundo que muda muito rápido, tenho uma má notícia: vocês estão perdidos porque vai mudar muito mais e muito mais rápido. E você não vai conseguir manter o que tá acontecendo hoje porque seu aluno vai te pressionar para ir além. E isso é muito bom porque a gente tem espaço para mudar a posição, para sair de onde a gente tá e ir para um lugar muito diferente do passado. Mas isso só vai acontecer se a gente tiver aberto para liderar e aproveitar essas mudanças”, destacou durante painel de abertura do “ClassUP – Escolas Exponenciais”.
Para ele, um bom caminho para começar a se adaptar a esse mundo que se transforma a todo momento, é testar as novas ideias de forma ágil.
Citando o exemplo da própria Movile – que cresceu 500% em 15 anos -, ele defende que esse desenvolvimento expressivo se deu principalmente pela capacidade de ser resiliente aos erros e de aprender com eles, trabalhando sempre com o maior ritmo possível.
E, na opinião do empreendedor, essa postura pode ser transportada às escolas.
“Se vocês continuarem fazendo o que faziam antes vão perder oportunidades incríveis e não há como segurar essa onda. Se surgir uma ideia, a escola deve colocar em prática nesta semana! Testar, corrigir e voltar a aplicar na semana seguinte. Se funcionar, pode ser a primeira a dar certo no seu segmento”, defendeu.
O senso de urgência também é apontado por Gustavo Fuga, fundador e presidente da rede de idiomas 4YOU2, como primordial às escolas.
“Se não se prepararem agora, elas podem em breve ver seus alunos criarem um modelo de escola que vai destruir a que possuem”, alertou, durante o evento ClassUP.
Como fazer mais com menos? Conheça o caso da 4YOU2.
A escola do futuro deve partir dos gestores
Incorporar a inovação à cultura organizacional da escola, na visão de ambos, é tarefa para os gestores. Por isso, assumir a liderança e aprender a lidar e a falar abertamente sobre os erros, de forma a transformá-los em oportunidades, são estratégias que devem estar na mira dos responsáveis pela gestão dos colégios.
“Formar mais empreendedores dentro das escolas é papel da liderança, da cultura organizacional. Não ter medo de errar é ter uma cultura que fala com orgulho dos problemas e dos erros que cometeu. Mas isso, a maior parte dos gestores de escolas brasileiras não faz. Eles escondem, abafam os erros e camuflam tudo. Não pode ser assim! Quem da sua equipe vai querer ousar se vocês mesmo ficam com medo, acuados?”, questiona Fuga.
Um dos exercícios apontados por ele para levar essa cultura à sala de aula é fazer uma rodada de conversas sobre um determinado problema e, sem exercer pressão para que “acertem”, estimular que todos falem sobre o que pensam daquele impasse e pedir soluções e caminhos para resolvê-lo.
Ambos empreendedores concordam que a “escola do futuro” precisa ser concebida hoje. E, para isso, afirmam que os gestores precisam ser críticos e se questionarem constantemente se estão inertes e passivos em suas funções.
“É muito difícil estar na posição que a gente está, de gestores de escolas. A gente fica na operação, tem que apagar incêndio todos os dias. Não dá tempo de começar a pensar nos próximos cinco anos. É bem difícil, eu sei, mas é uma responsabilidade que a liderança precisa ter. Não tem outra escolha, o nosso país clama por criar escolas exponenciais”, pontuou.
Como alcançar o crescimento exponencial
Para Bloisi, as estratégias básicas para o desenvolvimento mais eficaz de uma escola do futuro são:
Entretanto, ele defende também que nenhuma aplicação dessas é possível quando não há um olhar com apreço às pessoas que compõem sua equipe.
“O ativo mais importante que temos na Movile são as pessoas. São elas que fazem os produtos que vão fazer a diferença. Então, me preocupo o tempo todo em investir e treinar essas pessoas, desenvolver elas, dar atenção, ouvir e trazer mais gente boa. Com elas, desafio o status quo o tempo todo para crescer. Vocês estão fazendo isso nas suas instituições? Gente é tudo!”, exclama.
Uma escola do futuro não tem medo de arriscar
A gestão de processo dentro das startups também tem muito a ensinar às escolas, na visão dos empreendedores.
Acompanhadas frequentemente por métodos que conseguem calcular a produtividade, por exemplo, as startups são capazes, em um período curto de tempo, de definir, medir, testar, avaliar e reavaliar suas operações – o que, muitas vezes, ajudam a desconstruir estereótipos.
“Uma vez recebemos uma reclamação de aproximadamente 10 pais sobre um aspecto do aplicativo e nossa proposta inicial era fazer mudanças. Porém, antes disso, decidimos fazer uma pesquisa para verificar qual era o índice de aprovação. Descobrimos que 95% dos pais estavam satisfeitos e quase havíamos mudado o processo por conta da ‘voz do contra’ que geralmente fala mais alto, mas não necessariamente representa a maioria”, destaca Vahid Sherafat, CEO da ClassApp, que sugere o uso de enquetes como mecanismo de proteção para mudanças que precisam de maior embasamento.
Na mesma linha, Samim Shams, CTO e cofundador da ClassApp, aponta que além de um olhar racional para as críticas, ter transparência também é vital nos processos de inovação.
“É muito importante falar para as pessoas que uma determinada ação pode dar errado, assim elas se preparam para isso. Uma vez eu li que os grandes CEO’s de startups tomam riscos calculados. Isso significa que você avalia o seu risco, o que vai acontecer se você falhar, mas mesmo assim vai em frente. Neste caminho, as startups acabam falhando mais, com certeza, mas o sucesso também é mais garantido, justamente porque elas se arriscam.”, observa.
Dicas para formar alavancar sua escola
Baseado nos discursos acima, apresentamos abaixo 5 dicas para ajudar os gestores a criarem uma escola do futuro.
Veja a palestra sobre o tema, ministrada no ClassUP 2018
Quer saber ainda mais como estimular a capacidade de “pensar fora da caixa” na sua instituição? Veja como criar ambientes que instigam a busca por inovações e se espelhe em um case de sucesso, em que uma escola apostou em uma proposta pedagógica que estimula os estudantes ao protagonismo.