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Em 2003, a legislação brasileira tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-brasileira em todas as instituições de ensino do país. Entretanto, apenas a lei parece não ser o suficiente para conseguir praticar a equidade racial nas escolas.

De acordo com dados do Data Favela, 85% da população brasileira percebe algum nível de racismo presente no ambiente escolar. Para diminuir esse cenário alarmante, é preciso colocar em prática a equidade racial na gestão escolar e nos projetos pedagógicos.

“A gente ainda tem nas escolas públicas e privadas essas marcas do racismo, tanto na gestão quanto no campo pedagógico, com o que as escolas priorizam nos projetos”, pontua Ana Claudia Leite, consultora de Educação do Instituto Alana.

 

O que é equidade racial?

Segundo o Guia de Boas Práticas de Equidade Racial, o conceito sobre equidade surgiu na Grécia Antiga, a partir do filósofo Aristóteles.

“Equidade entende como justo proporcionar resultados iguais para pessoas diferentes tratando os diferentes de maneira diferente. O conceito de equidade está relacionado à justiça. Na busca por igualdade, é preciso reconhecer que existe desigualdade”, traz o manual.

Em outras palavras, promover a equidade racial é reconhecer o direito de todas as raças. O que também deve ser feito na Educação, proporcionando um ensino de qualidade, integral, inclusivo e democrático, que valorize os povos e as culturas africanas e afro-brasileiras, assim como a indígena.

 

Como praticar a equidade racial nas escolas?

Para a consultora em Educação Ana Claudia Leite, o primeiro passo é trabalhar a equidade racial na gestão escolar.

“Primeiramente, a escola pode promover a equidade reconhecendo que ela é uma instituição constituída por pessoas brancas. São poucos gestores negros e professores negros. A maioria das pessoas negras nas escolas ainda está nas áreas de apoio, como limpeza, cozinha e segurança”, ressalta.

Ana Claudia acredita que é fundamental implementar políticas inclusivas na contratação dos colaboradores da escola.

Quanto ao projeto pedagógico, a profissional também afirma a necessidade de não apenas repensar as práticas escolares, mas possibilitar que a Educação também seja pensada e planejada por profissionais negros.

“O projeto pedagógico, seu currículo, precisa ser olhado considerando a educação étnico-raciais de uma forma contínua e sistêmica. E não mais pontual, onde se comemora o Dia da Consciência Negra”, orienta.

 

Equidade racial nas escolas deve trazer a representatividade

Para Ana Claudia, celebrar as datas comemorativas não torna o aprendizado significativo para os alunos. A profissional sugere promover um ensino que traga a representatividade para dentro da sala de aula ao longo de todo o ano letivo.

“Precisamos olhar todo o currículo e pensar em uma perspectiva multicultural, não só egocêntrica, desconsiderando a produção de conhecimento de outras raças”, sugere.

E uma das maneiras de promover a equidade racial nas escolas é disponibilizar conteúdos e materiais com foco na representatividade.

“Na Educação Infantil tem bonecas negras? Indígenas? Ou só tem boneca branca? Nos livros de literatura, tem a criança negra retratada? Como ela é retratada? Porque, às vezes, é retratada de um jeito pejorativo. Ou é retratada com beleza e potência?”, indaga.

 

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