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Alunos em férias aproveitam para se divertir e recarregar as energias, certo? Gestores escolares devem fazer o mesmo, apesar de muita gente precisar usar as férias de julho para organizar a escola para o segundo semestre, como já falamos por aqui. Cuidar do bem-estar pessoal é fundamental para manter um bom desempenho profissional.

A importância de os gestores escolares investirem em bem-estar

Meditação, yoga, leitura, viagens, gastronomia. Existem mil maneiras de os gestores escolares cuidarem da saúde (física e mental) nas férias e, no final das contas, todos ganham: gestor, família, equipe da escola, alunos, responsáveis…

Que tal então algumas dicas para usar o recesso do próximo mês da melhor forma possível?

Mindfulness

“Algumas pessoas têm a possibilidade de viajar; outros não. Mas, para todos, é preciso se desconectar da rotina”, recomenda a paulistana Claudia Machado Veloso, praticante e instrutora em formação de Mindfulness, exercício de prática de atenção plena ou de consciência plena, onde deixamos de fazer atividades do cotidiano no piloto automático. Claudia sugere algumas atividades para esse desafio:

1) Escolha uma refeição, por exemplo o café da manhã, para prestar atenção em todos os sentidos que envolvem essa atividade. Seja curioso, observe a refeição, deguste com interesse e atenção, descubra novos prazeres. Faça isso, se possível, em silêncio, sem celular ou TV. Será que consegue perceber sensações, lembranças, sabores diferentes? Escreva sobre essa experiência.

2) Faça caminhada ou alguma atividade física prestando atenção no seu corpo, na respiração de forma consciente, evitando se distrair, conversar ou ouvir música. Escreva sobre esse momento.

3) Compare a refeição e a atividade física realizadas de forma automática e de forma consciente. Nessas experiências não deve ser feito nenhum tipo de julgamento ou crítica, trata-se apenas de uma vivência diferente do habitual.

3) Busque rotinas diferentes, caminhos diferentes. Mude seu lugar na mesa de refeições, experimente novos hábitos. Quebrar padrões nos proporciona mais atenção, pois temos a tendência a fazer as tarefas repetidas de forma automática.

4) Faça contemplações conscientes: uma paisagem bonita ou um por do sol de forma atenta e presente. Enquanto observar, perceba sua respiração sem interferir no ritmo natural dela.

Experiente esses desafios e perceba como você se sente realizando algumas práticas de forma mais consciente e conectada com o momento ou com a atividade que está executando.

Após esse pequeno treinamento de como estar mais presente nessas atividades, preste atenção quais são as outras atividades que poderão ajudar a desfrutar desse merecido descanso: passeio, leitura, música. E escolha com consciência aquilo que faz mais sentido para você.

Viagens: slow travel

Cada vez mais as pessoas descobrem que já têm correria demais no dia a dia e evitam pensar em fazer aquelas viagens que pulam de um lado para o outro. Por isso mesmo, as expressões “slow travel” (viagem lenta) e “slow food” (comida lenta) estão super em alta. E nada melhor do que dar um jeito de encaixá-las em suas férias de julho!

Viaje sem pressa, aproveite para se desconectar do digital e se conectar com si mesmo e com o seu destino. Deixe de lado aquela lista imensa de lugares para conhecer e troque tudo isso por se aprofundar mais em algo pontual, mergulhando no lugar visitado, aprendendo sua história, geografia, cultura. A ordem é desacelerar e mergulhar no ambiente. 

Curtir o turismo de experiência é uma grande tendência, e o Brasil é um prato cheio para isso. Pense em conhecer cidades pequenas perto de onde você mora, priorize áreas rurais, aproveite para fazer caminhadas ao ar livre, andar de bicicleta, conversar com pessoas, trocar vivências, quem sabe até fazer um trabalho voluntário, participando da rotina da cidade. Aquela frase “voltei de viagem mais cansado do que fui” com certeza não cabe nesse roteiro. A meta é relaxar, e voltar para a escola cheio de energia, bons fluidos e excelentes histórias – e fotos, obviamente!

Gastronomia: Slow food

Carlo Petrini é um jornalista italiano que fundou o movimento internacional Slow Food. Ele diz: “é inútil forçar os ritmos da vida. A arte de viver consiste em aprender a dar o devido tempo às coisas”. O termo slow food é uma contraposição ao conceito do fast food (comida rápida). Uma gastronomia que busca alimentos bons, limpos e justos para todos, produzidos respeitando o meio ambiente, valorizando produtores artesanais e conscientizando as pessoas quanto ao valor do produto, do produtor e do impacto da produção de alimentos. As férias podem ser um excelente momento de buscar experiências que envolvam esse jeito saudável de viver.

Leitura

A administradora carioca Letícia Wahmann, junto com outras mães da escola de seu filho, a Escola Parque, no Rio de Janeiro, fundou em 2019 o grupo “Diversidade Racial”. O objetivo do projeto era levar propostas para uma educação antirracista do ensino infantil ao ensino médio. Depois de alguns anos de atuação no coletivo, Letícia se juntou a outra militante da causa, Liliane Olímpio, e, juntas, criaram o projeto “Antirracismo Descomplicado”, no qual promovem rodas de conversa e reflexões para famílias, escolas e empresas.

“Recomento dois ótimos livros pra se atualizar sobre temas urgentes e que estão em todos os debates públicos. O primeiro, recém lançado, é o livro da Bárbara Carine, “Como ser uma educadora antirracista”. A autora é, entre outras coisas, a idealizadora, sócia e consultora pedagógica da primeira escola afro-brasileira do país, a Escola Maria Felipa. 

O segundo livro é intitulado “Racismo brasileiro – Uma história da formação do país”, da professora e historiadora Ynaê Lopes dos Santos. Nele, a autora narra, de forma didática e reflexiva, a história do Brasil ao longo dos séculos, tendo como traço definidor o racismo”, diz Letícia Wahmann.

Gestores escolares: o bem-estar dentro de cada um de nós

Para a instrutora de yoga Elisa Gomes Alves, bem-estar significa encontrar um bom estado de espírito. “Esse é o verdadeiro bem que podemos estar, mesmo se não tivermos condições de fazer uma viagem, não estivermos com o tal considerado “peso ideal”, não termos tudo o que gostaríamos”, diz Elisa, conhecida como Lalita.

Formada em educação física e trabalhando com terapias holísticas, Lalita afirma que, quando as pessoas se permitem parar um pouco a agitação do dia a dia e meditar, por exemplo, elas entram em contato com “um bem que habita dentro de nós e, então, todo mundo externo é ressignificado…”

“Esse estado de presença, de consciência do que verdadeiramente somos em essência nos liberta dos condicionamentos, desejos, expectativas, projeções, conceitos e preconceitos limitantes da nossa mente, que nos aprisiona num estado limitado/de ignorância e nos desconecta de nós mesmos!”

Segundo ela, as pessoas podem usar meios externos para ajudar a se conectar com o seu interior, como um bom livro, uma prática de yoga, boa música, boa companhia… mas ela afirma com muita convicção: “Não se esqueça que esse bem já está aí, dentro de você. Então, vamos nos encontrar!” 

 

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