Em SP, escolas trabalham aspectos socioemocionais antes de retomar ano letivo
A volta às aulas é sempre muito esperada por toda a comunidade escolar. Enquanto pais e mães precisam lidar com a compra de materiais e a ansiedade das crianças, que ficam na expectativa de rever os amigos e conhecer os novos professores, a escola realiza reformas e o corpo docente se prepara por meio de reuniões.
Entretanto, para receber os educadores e os alunos da melhor forma possível, é preciso que todo o ecossistema escolar seja cuidado com carinho e preocupação em criar ambientes acolhedores e respeitosos.
Este é o caso do Colégio Novo Tempo, localizado na baixada santista e associado a Inspira Rede de Educadores. Seguindo a linha sociointeracionista, a instituição realiza com os professores duas semanas de atividades voltadas ao desenvolvimento socioemocional, em que são abordados temas como empatia, escuta ativa, propósitos e estratégias de autorregulação de aprendizagem.
“A educação vive um período de intensas mudanças e exige constante desenvolvimento, reflexão e aperfeiçoamento dos nossos educadores. Por isso, dedicamos os primeiros dias para o fortalecimento das relações sociais e emocionais deles. Somente depois dessa etapa passamos a discutir o planejamento escolar e as novas diretrizes”, explica Giovanna Marcondes Francini, coordenadora geral pedagógica do Colégio Novo Tempo.
Para a profissional, a recepção especial dos professores é essencial para gerar mais engajamento, resiliência emocional e amabilidade. “Esse é um momento excepcional para integrarmos os horistas e apoiarmos os docentes na transição de paradigma que as escolas e educadores vivem”, completa.
O reconhecimento do papel dos demais funcionários que colaboram para o bom funcionamento da escola também é destacado durante o período de acolhimento dos alunos do Colégio Montessori Santa Terezinha, em São Paulo, também associado à Inspira Rede de Educadores. Segundo a diretora geral, Adriana Cristina Gobbo, ao apresentar os colaboradores pelo nome, mostrando o valor da função desempenhada por cada um, as crianças compreendem a importância da colaboração de todos e apreciam mais o trabalho realizado.
“O respeito ao outro faz parte da nossa filosofia e a consciência coletiva é trabalhada desde o primeiro dia de integração dos alunos, porque acreditamos que parte da nossa função é prepará-los para viver em sociedade”, reforça a dirigente.
Ambas as instituições de ensino usam recursos lúdicos e dinâmicas para ajudar os estudantes a estreitarem os laços e a conhecerem mais a si mesmos. “Com a proposta, os alunos se mostram mais confiantes e seguros para colaborarem uns com os outros e para expor seus pensamentos. Isso ajuda no andamento das atividades em classe e no desenvolvimento de valores importantes como o respeito, a tolerância e a responsabilidade”, afirma Gobbo.
Dinâmicas
De acordo com Adriana, uma das atividades preferidas por professores e alunos é o passa o novelo. Nessa dinâmica, os participantes fazem um grande círculo e quem estiver de posse do rolo de linha precisa se apresentar e falar algo sobre si. Depois a pessoa segura a linha e joga o novelo para alguém. Ao final, as idas e vindas mostram as diversas conexões formadas e criam uma trama que simboliza a rede de apoio que pode ser formada a partir da interação com o outro.
“Esse exercício é ótimo porque os alunos descobrem afinidades comuns com outros colegas e com os professores e todos ficam no mesmo patamar, não existe certo ou errado. É um momento de escuta e interação”, relata.
Com foco nos educadores, o Colégio Novo Tempo ressaltou a importância da ressignificação do papel do educador. Para essa atividade, cada participante escreveu em um papel o nome de um professor que marcou sua vida. Ao final, os profissionais compartilharam com o grupo porque escolheram essa pessoa. “Ficou claro que os professores mais lembrados foram aqueles que trataram com carinho, que demonstraram empatia e que acolheram a pessoa de forma gentil e respeitosa. Todos gostam de ser bem tratados, por isso, para nós, é tão importante que também se sintam acolhidos”, expõe Giovanna.