Escolas relatam a importância de acolher as famílias na educação inclusiva
Após ouvir a recusa de 63 instituições de ensino, uma mãe de gêmeos autistas finalmente conseguiu matricular os filhos no Colégio Presbiteriano Mackenzie São Paulo. Essa informação foi compartilhada na tarde desta quarta-feira (18), durante o evento Conecta EX, realizado pelo Escolas Exponenciais, que promoveu uma discussão sobre Escolas Inclusivas. Durante sua fala, Márcia de Oliveira Regis, diretora do colégio, mostrou que acolher as famílias ainda é um desafio na educação inclusiva.
“Nessa entrada do aluno com deficiência na escola, a primeira pessoa que precisa ser escutada, acolhida e abraçada é a mãe, é o pai. Imagina como chega essa família depois de outras 63 escolas recusarem a receber os filhos dela?”, indaga Márcia. Atualmente, o colégio possui cerca de 2.185 alunos, sendo que 107 estão dentro do projeto pedagógico de inclusão.
Para Ana Karina Giusti Mantovani, que é diretora geral no Colégio Acadêmico COC Limeira, interior de São Paulo, prezar pelo acolhimento das famílias é o primeiro passo para uma escola que deseja colocar em prática a inclusão escolar. “Tivemos um caso de uma família que rodou diversas escolas e, quando chegou aqui, nós dissemos que precisávamos do filho aqui na escola. Quando a mãe ouviu isso, ela disse que era aqui que ela precisava ficar”, compartilha.
De acordo com Ana, uma escola inclusiva possui as melhores práticas para trabalhar as habilidades socioemocionais. “Não existe sócio emocional melhor do que ensinar aquilo que você está vivendo. Ajudar a colocar numa cadeira de roda, enxugar uma saliva escorrendo, ver o progresso, não tem preço que pague. A escola precisa pensar nesse lado. Se ela quer promover uma educação humanizada, tem que entender que precisa ser uma escola inclusiva”, pontua. O Colégio Acadêmico COC Limeira possui aproximadamente 30 alunos com algum tipo de deficiência. “Uma escola que acolhe será uma escola inclusiva”, acrescenta Ana.
Outro ponto destacado pela diretora Colégio Presbiteriano Mackenzie, é que uma escola inclusiva deve pensar no processo de aprendizagem de todos os alunos. “Educação inclusiva é uma educação para todos. Uma escola regular que se propõe a ser inclusiva, deve pensar no todo na sala de aula. O processo de ensino-aprendizagem deve considerar a todos”, enfatiza Márcia.
Para um acolhimento efetivo, profissionais precisam de constante capacitação
As diretoras escolares são enfáticas ao afirmar que para que o acolhimento seja efetivo, é necessário que todos os educadores sejam constantemente capacitados e que estejam sempre atualizados. Para Márcia de Oliveira Regis, diretora do Colégio Presbiteriano Mackenzie São Paulo, os profissionais precisam ser acolhidos para que realmente possam acolher.
“Esse é trabalho constante, que seguimos dia a dia. Começamos o 2º semestre com uma capacitação educacional, que abordou educação inclusiva também. Trazemos sempre novidades que se têm sobre o assunto”, comenta. Segundo Márcia, o colégio também promove semanas pedagógicas, que têm a inclusão como temas de debate, envia a equipe para capacitações externas e conta com o apoio de uma psicopedagoga e uma fonoaudióloga.
Além disso, a escola reforçou a equipe pedagógica por entender que uma escola inclusiva precisa contribuir com a sociedade, trazendo a equipe multidisciplinar que atende a criança com deficiência para dentro do ambiente escolar.
“Quando a gente recebe uma criança com deficiência, geralmente ela tem um acompanhamento externo. Se eu tenho uma criança com paralisia cerebral, ela precisa ter outros acompanhamentos, como fisioterapia e fono. A escola precisa ter essa parceria para discutir e entender o todo do desenvolvimento da criança”, exemplifica.
No Colégio Acadêmico COC Limeira, a diretora geral Ana Karina Giusti Mantovani conta que existe um grupo de boas práticas, onde professores e coordenadores atuam juntos, refletindo e debatendo todas as adaptações necessárias para atender os estudantes. “Temos uma psicopedagoga que faz parte da equipe do colégio. Que faz a ponte entre coordenação e a equipe externa desses alunos”, completa.