Pandemia mostra alto índice de depressão e ansiedade em crianças
O Projeto de Lei 292/21, de autoria da deputada Patrícia Bezerra (PSDB), aprovado pela Assembleia Legislativa, autoriza o Poder Executivo a instituir o Programa de Suporte Emocional para Crianças e Adolescentes nas escolas públicas do Estado de São Paulo, vinculadas à Secretaria de Estado da Educação. O objetivo da proposta é priorizar e garantir o atendimento junto à Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para adolescentes e crianças que sofrem de transtornos mentais consequentes da pandemia da covid-19.
Helena Rinaldi Rosa, professora do Departamento de Psicologia da Aprendizagem do Desenvolvimento e da Personalidade do Instituto de Psicologia da USP, não conhece os detalhes do projeto, mas afirma que “um suporte emocional é sempre bem-vindo”. Ela lembra que as crianças e adolescentes sofreram bastante nesta pandemia e ainda sofrem.
Na opinião da professora, precisam de atendimento “não só aqueles que sofrem de transtornos mentais consequentes da pandemia, mas todos os estudantes que passaram por uma restrição de não ir para a escola, não sair de casa, não ver os amigos. Houve um alto índice nos casos de depressão, ansiedade nas crianças e alguns transtornos”. A professora se preocupa com a forma como o trabalho será desenvolvido, “como seria o atendimento, como eles iriam selecionar os que seriam atendidos, ou serão ações preventivas com todos os estudantes?”.
Esse aumento no atendimento às crianças e adolescentes foi confirmado pela professora Helena, que contou que, durante esse período de pandemia, o projeto Apoiar, desenvolvido no Laboratório de Saúde Mental e Psicologia Clínica Social do Instituto de Psicologia da USP, desenvolveu um atendimento on-line, gratuito, junto a esse público. O trabalho contou com a participação das delegacias de ensino e outros setores do ambiente escolar.
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, a pedido da Fundação Lemann e do Instituto Natura, serviu de referência para o projeto da deputada Patrícia Bezerra. Divulgado em julho deste ano, o estudo mostrou que três em cada dez entrevistados disseram que perderam o interesse pela escola, mais da metade ganhou peso, 44% dos jovens estão mais tristes, 60% sentem falta do convívio social e dos amigos e quase 50% estão dormindo mais.