Pandemia prejudicou desenvolvimento das crianças, alertam especialistas
Apesar de estarem entre as pessoas menos afetadas pelo novo coronavírus, no que diz respeito aos casos graves da doença e à mortalidade, as crianças de zero a 6 anos também foram profundamente impactadas, em diversas áreas, pela pandemia de Covid-19.
Essa foi uma das conclusões dos participantes da audiência pública da Comissão Externa sobre Políticas para a Primeira Infância, realizada nesta segunda-feira (18) na Câmara dos Deputados, que discutiu o retrato atual da primeira infância no Brasil.
Durante as discussões, a presidente da comissão externa, a parlamentar Paula Belmonte salientou o impacto do fechamento das escolas. “Entendemos perfeitamente que existe o medo da covid, mas o direito à educação tem de ser respeitado. A vacinação vem avançando e tem de avançar cada vez mais, e estamos pressionando os governos para que todos os professores e os jovens tenham acesso à vacina”, disse. “O Brasil foi o campeão em escola fechada. A média mundial é de 20 semanas, aqui passamos de 70 semanas”, ressaltou.
O diretor de políticas e direitos das crianças do Instituto Alana, Pedro Hartung, reforçou que decisões políticas tomadas durante a pandemia tiveram forte impacto sobre as crianças. Como exemplo, ele citou que no país houve dez vezes mais mortes de bebês por covid-19 do que nos Estados Unidos. Também destacou que mais de 12 mil crianças brasileiras ficaram órfãs por causa da pandemia.
Mães
Outro ponto comentado por ele foi o agravamento da insegurança alimentar e da fome nas famílias, com sequelas no desenvolvimento infantil. Hartung acrescentou que é necessário pensar em quem cuida das crianças, em especial as mães, tema esse que também ficou prejudicado durante a pandemia.
“A gente sabe que o desemprego cresceu, principalmente entre mulheres. Além disso, houve a sobrecarga de tarefas domésticas para as mães que mantiveram seus empregos e puderam ficar em home office”, comentou. “Por isso que a gente tem de falar que cuidar de crianças no Brasil é cuidar especialmente de mulheres mães.”
Mais um ponto citado por Hartung foi a necessidade de se pensar no espaço em que vive a criança. Segundo ele, a crise ambiental é também uma crise de direitos da criança, especialmente na primeira infância.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Edição: Escolas Exponenciais