Pesquisa mostra que número de crianças fora da escola subiu 30%
O número de crianças fora da escola com até 4 anos de idade cresceu 30% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2019. O percentual faz referência à variação no volume de matrículas em escolas do Rio de Janeiro (RJ). É o que aponta um levantamento da Asbrei (Associação Brasileira de Educação Infantil) realizado junto aos diretores de escolas que fazem parte da entidade. Entre eles, apenas 3% disseram ter mais crianças com até 4 anos matriculadas atualmente.
O cenário motivou o lançamento de uma campanha, lançada nesta quarta-feira (19), para alertar sobre o potencial de déficit para as crianças nesta faixa etária diante da ausência no ambiente escolar. Com base na observação do levantamento no Rio, a preocupação com o tema é estendida para o nível nacional.
A pesquisa também comparou o número de pequenos estudantes com a mesma faixa etária matriculadas em 2022 e 2023, e constatou que, atualmente, há mais crianças fora da escola nas creches e escolas do que no ano passado. A queda é atribuída à adaptação das crianças em casa e à redução da renda das famílias.
Desenvolvimento e bem-estar podem ser prejudicados com crianças fora da escola
“A identificação precoce e a intervenção adequada em casos de atrasos na fala e dificuldades na interação social, e em adquirir habilidades motoras típicas para a idade, como segurar objetos, sentar, engatinhar ou andar, pode fazer grande diferença no processo de desenvolvimento e bem-estar das crianças”, destaca o comunicado divulgado pela associação.
Crianças com até 4 anos precisam de cuidados especiais, lembra a campanha. Na visão da Asbrei, pais e mães que estão trabalhando em formato de home office e optam por manter as crianças em casa, em vez de enviá-las à escola, não conseguem dar a atenção necessárias às demandas delas.
“A convivência com outras crianças e a aprendizagem com educadores são fundamentais para criação de rotinas e hábitos, socialização e desenvolvimento pleno da capacidade cognitiva da criança. Em síntese: no ambiente doméstico, os responsáveis estão preocupados com outras diversas questões. Com a falta da escola, essas crianças não recebem atenção em tempo integral e passam a ter cuidados de babás, vizinhos, tios ou avós, o que não é o ideal”, analisa a instituição.
Acesso à educação é fundamental desde os primeiros anos
Segundo a psicóloga Maria da Penha Salgueiro, especialista em neurociência e comportamento, o acesso à educação desde os primeiros anos de vida é fundamental, já que é nessa fase que a base do processo de aprendizagem é desenvolvida.
“Quanto mais oportunidades são oferecidas à criança, maior será o desenvolvimento de suas potencialidades. É brincando e interagindo com seus pares que a criança constrói saberes, se desenvolve e aprende a conviver. E nada melhor do que profissionais preparados para liderar esse processo formativo”, afirma a especialista.
Diferentes especialistas participam da ação de combate ao quadro de crianças fora da escola, entre eles educadores, psicopedagogos e psicólogos. O objetivo é que a reunião de referências nestas áreas demonstre a importância da presença de profissionais preparados no processo formativo das crianças com até quatro anos.
Foto: Imagem de Freepik
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