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Com o Novo Ensino Médio, que está no segundo ano de implementação conforme já falamos por aqui, e com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), a educação básica no Brasil passou a contar com novas diretrizes. E, para alguns especialistas, essas mudanças na legislação brasileira têm flexibilizado o ensino.

Entre os que defendem esse argumento está Betina Von Staa, consultora da D2L, player global de tecnologia para aprendizagem, e doutora em linguística aplicada. De acordo com a profissional, até 2017, antes do surgimento da BNCC, não existia uma lei no país que estabelecia o que era para ser ensinado na escola.

“A gente tinha parâmetros curriculares, tínhamos o hábitos para formar para o vestibular. Existiam os hábitos das 13 disciplinas, mas você podia fazer diferente. Você tinha que falar de filosofia, mas não estava escrito que tinha que ser uma aula de filosofia por semana”, explica.

Então, o cenário muda com a implantação da BNCC, cuja resolução afirma que a Base Nacional Comum Curricular precisa ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas da Educação Básica.

“Agora tem os direitos de aprendizagens, sei quais são as habilidades e competências que têm de ser desenvolvidas nos diferentes anos letivos e quem diz como vai fazer isso é o estado, a rede, o município”, afirma.

E, a partir desse cenário, Betina acredita que a lei tem flexibilizado o ensino uma vez que ela não traz uma lista de conteúdos que os estudantes precisam aprender, mas orienta quais competências e habilidades os alunos devem adquirir e o que eles precisam aprender a fazer.

“Quando não tenho uma lista de conteúdo, estou dando liberdade para o estado, para o município, para escola e para o professor sobre como ele vai usar as habilidades no dia a dia, naquela fase de desenvolvimento do aluno. É uma maneira mais flexível de trabalhar”, ressalta. 

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Como a legislação brasileira tem flexibilizado o ensino médio?

Além da BNCC, Betina cita o Novo Ensino Médio para abordar sobre como a legislação tem flexibilizado o Novo Ensino Médio.

Segundo a profissional, se por um lado houve um aumento na carga horária, por outro o conteúdo obrigatório reduziu e tornou mais interdisciplinar.

“Com o itinerário formativo a escola cria sua sequência didática junto com os alunos, para os eles escolherem, para eles desenvolverem aquele conhecimento esperado no ensino médio, só que de diferentes pontos de vista, diferentes contextos, respeitando as questões locais”, cita.

Antes da reformulação do Novo Ensino Médio, Betina afirma que essa etapa do ensino era uma ponte para o ensino superior. “Menos de 20% da população chega no ensino superior. Se você passasse na faculdade, ótimo. O ensino médio teve função. Se não, para que serviu o ensino médio? Um monte de conhecimento que não amarra para lugar nenhum e que não leva para o mundo do trabalho”, contextualiza.

 

Flexibilizações no ensino possibilitam novas formas de avaliação

A partir do momento em que a legislação brasileira tem flexibilizado o ensino, é importante que as escolas também reflitam sobre novas maneiras de avaliar os alunos. E, uma delas, são as evidências de aprendizagem.

Betina explica que evidências de aprendizagem são “qualquer coisa que você consegue usar para dizer que o aluno sabe determinado assunto. É diferente da nota. A nota significa que ele conseguiu responder aquela questão, até é uma evidência de aprendizagem, mas o termo evidência de aprendizagem é mais amplo, qualquer coisa que te revele que o aluno aprendeu e se desenvolveu”.

Nesse sentido, pode uma evidência avaliar um trabalho que o estudante produziu, um comportamento ou a capacidade de trabalhar em grupo, por exemplo.

Pode ser um trabalho que ele produziu, uma prova, um comportamento, se tem capacidade de trabalhar em grupo.

“Aprendizagem não é só o conhecer, é o saber fazer, as atitudes, a forma de interagir. Você não faz uma prova para saber se o aluno sabe respeitar o coleguinha. Você tem evidência no dia a dia que ele respeita o amigo”, exemplifica.

 

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