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As mulheres são, há anos, a maioria dentro das escolas brasileiras, sendo as principais responsáveis pela educação das crianças do país. Na última década, elas conquistaram mais espaço nos cargos de gestão e direção das instituições de ensino. 

No comando das escolas, as mulheres garantem que a preocupação não será apenas com a parte pedagógica ou a administrativa e têm transformado as unidades para que se tornem mais inclusivas, flexíveis e adaptadas às rotinas das famílias e alunos.

Segundo dados do Censo Escolar, feito pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão do Ministério da Educação, as mulheres comandavam 60,1% das escolas particulares do país. Em 2020, dado mais recente disponível, elas já estavam à frente de 84,9% das instituições.

Uma escola que passe confiança aos pais

Formada em pedagogia, Fabíola Nóbrega decidiu abrir a própria escola em 2012 quando chegou a hora de sua filha caçula iniciar a vida escolar. “Minha filha nasceu prematura e ficou muito tempo internada em uma UTI neonatal, por isso, tinha muito receio e acompanhava muito de perto o desenvolvimento dela. Na época, não encontrei nenhum berçário que me trouxesse a confiança que precisava”, conta.

A unidade que abriu tinha como uma das principais preocupações garantir que os pais pudessem acompanhar a rotina das crianças na escola. Os professores passaram a registrar em fotos e vídeos momentos importantes do desenvolvimento dos alunos, como quando estavam engatinhando ou comiam um novo alimento, para enviar às famílias. 

“Hoje essa é uma prática mais presente nas escolas, mas conseguimos fazer esses registros lá em 2012 quando a tecnologia ainda não estava tão presente. Queria que os pais se sentissem próximos dos filhos, mesmo quando estavam longe”, diz.

Fabíola abriu outras seis unidades da escola no Rio de Janeiro, que depois foram adquiridas por um grupo educacional. Hoje, ela é gestora da Alecrim Creche e Escola, em Niterói, e diz ter a mesma preocupação do início: fazer com que as famílias se sintam parte do cotidiano escolar dos filhos.

“Para que os pais se sintam seguros e saibam que os filhos estão aprendendo, eles precisam ser incentivados a participar. Por isso, sempre organizamos um café da manhã com eles dentro da escola ou um piquenique na pracinha para que vejam como é a relação das crianças conosco” diz.

Todo esse cuidado também tem gerado bons resultados para a escola que, mesmo em meio a crise causada pela pandemia, conseguiu manter as famílias fidelizadas e captar novas. Fabíola vai compartilhar sua experiência no evento Conecta, maior evento de inovação e crescimento escolar do país. Clique aqui e saiba como participar!

Adaptação à rotina das famílias

Danyelle Marchini, diretora da escola Tarsila do Amaral, em São Paulo, também defende que integrar a rotina escolar com a familiar é um diferencial para que os pais se sintam mais seguros. 

Quando assumiu a gestão da escola, ao lado da sócia, Danyelle percebeu que muitas famílias tinham dificuldade de seguir o horário tradicional da unidade, com aulas que começavam às 7h20. “Na maioria dos casos hoje, os responsáveis pelas crianças trabalham fora e tínhamos que nos adaptar a essa realidade.”

A escola então decidiu que iria abrir às 6h40 para que as famílias tivessem maior flexibilidade. Também passou a ficar aberta até as 19h. “Por também ser mãe e trabalhar fora, eu sei como a rotina é corrida. Por isso, acredito que as escolas podem ajudar as famílias a se organizarem melhor.”

Não atribuir os cuidados apenas às mulheres

Além de mudanças no funcionamento da escola, ela conta que a unidade também tem a preocupação de não atribuir as responsabilidades escolares apenas às mães. Comunicados e bilhetes são endereçados aos responsáveis da criança. Também não há mais “reunião de pais”, mas “reunião da família”.

“Era muito comum que os pedidos fossem feitos às mães, hoje não existe mais isso. Até porque temos muitos pais que são os responsáveis por organizar o material das crianças, preparar a lancheira. Também não podemos excluí-los”, diz.

Para as duas gestoras, a presença de mulheres na educação nos cargos de direção da escola também é mais uma forma de mostrar na prática às crianças que elas podem ocupar todos os espaços. 

“Reforçamos cotidianamente com as crianças que não há espaço ou profissão que uma mulher ou homem não possam ocupar. Acredito que dar o exemplo é a melhor forma de ensinar. Esse é o papel da escola”, diz Danyelle.

 

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