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Regulamentado por decreto federal, o cargo de orientador educacional costuma ser desempenhado por um pedagogo especializado em lidar diretamente com os alunos, ajudando-os em seu desenvolvimento pessoal e cognitivo e fazendo um elo entre eles e os professores. Muito embora na rede pública essa figura esteja perdendo força, no ensino particular observa-se movimento contrário: suas funções estão sendo cada vez requisitadas, no sentido de melhor atender as demandas cotidianas da rotina escolar e “desafogar” a agenda do coordenador pedagógico.

O orientador é considerado um dos membros da equipe gestora de uma escola, trabalhando em parceria com o diretor e com o coordenador pedagógico. Sua atuação se dá no sentido de amparar os alunos, não apenas para acompanhar seu rendimento escolar, mas também para melhorar a qualidade das suas relações com colegas e professores, agindo em todas as questões que dizem respeito ao seu bem-estar e crescimento.

Seu objetivo não é punir, advertir ou castigar, mas conhecer as necessidades dos estudantes e oferecer a eles condições para que se desenvolvam de maneira plena em todos os aspectos, do intelectual ao socioemocional. Desta forma, ele ajuda a escola não apenas organizar sua proposta pedagógica, mas especialmente a colocá-la em prática.

 

Atuação conjunta

Para que o coordenador pedagógico consiga desempenhar seu papel é fundamental que ele trabalhe em parceria com os demais agentes educacionais. Ao lado do professor, por exemplo, o orientador é a figura que atua para compreender o comportamento dos alunos. Ele é quem ouve tanto docentes quanto estudantes, dialoga, dá orientações e procura a melhor forma de agir diante dos desafios da relação professor-aluno.

Assim, enquanto o docente se ocupa em cumprir o currículo disciplinar, o orientador educacional tem um olhar mais apurado para as atitudes, ou seja, ele se preocupa com o aprendizado “oculto” das ações cotidianas: práticas, comportamentos, gestos e percepções que vigoram no meio escolar e que influenciam diretamente do papel das instituições de ensino na formação de valores e na construção de relações interpessoais.

 

Saiba qual a importância da parceria escola-família na formação de valores

 

Desta forma, para ter sucesso em seu trabalho, o orientador educacional precisa construir uma relação de confiança com os alunos, além de ter a habilidade de negociar e de prever ações e a sensibilidade para identificar  a “temperatura” do colégio. E estar disposto a circular pelos diversos ambientes da escola é uma das formas mais eficientes para isso. Afinal, trancado em sua sala, dificilmente o orientador será capaz de ver, ouvir e sentir estudantes e docentes e, assim, tanto saber o que está acontecendo, como detectar onde é preciso agir.

 

Intercessor

Elizangela Berini Ricoy trabalha há 19 anos como orientadora educacional do Colégio Integral, de Campinas (SP), atuando com estudantes do Ensino Fundamental 2 e Médio. Além da formação em Pedagogia, formou-se em Psicologia e fez pós-graduação em Psicopedagogia. Ela é a responsável por acompanhar o desenvolvimento dos alunos, tanto relacionado ao pedagógico quanto comportamental.

No Integral, Elizangela é também uma das principais pontes entre a escola e as famílias. E para cumprir esta função de trabalhar em favor do desenvolvimento pleno dos alunos, já atuou como conselheira, mediadora e conciliadora até mesmo foi chamada a agir em questões pessoais que afetam o rendimento escolar, como nos casos da falta de diálogo entre pais e filhos. “Muitas vezes os filhos não conseguem levar seus problemas às famílias, pedir ajuda, então eles me usam para que eu faça isso. E é a coisa mais linda do mundo. Não tem coisa mais gratificante”, conta.

Para ela, o orientador educacional é grande intercessor de todas as angústias que envolvem professores com relação a alunos, alunos com relação a professores, escola e famílias, e pais em relação aos filhos.

 

“A gente tem que estar equilibrando os pratos e juntar tudo, olhando o aluno como um todo”, define.

Por atuar de forma direta nos relacionamentos entre os agentes educacionais, lidando muitas vezes com problemas de convivência e com dificuldades de aprendizagem das crianças, o orientador pode ter seu papel confundido com o de psicólogo. Esse equívoco, porém, deve ser evitado, pois acaba dando a esse profissional responsabilidades que não lhe competem e que acabam por comprometer o êxito do seu trabalho, tendo em vista que suas atribuições estão relacionadas ao aspecto pedagógico e não terapêutico do atendimento aos estudantes.

Orientador educacional + Coordenador pedagógico

O trabalho do orientador educacional complementa o do coordenador pedagógico. “É importante que essas duas figuras possam agir juntas e em harmonia. Uma mais voltada sobretudo às questões de conhecimento de prática de ensino e a outra mais voltadas às relações entre os alunos, entre as escola e família, muitas vezes observando questões de natureza do desenvolvimento afetivo, emocional da capacidade ou fragilidade no sentido de estar no grupo. O ideal é que a escola tenha essas duas figuras, cada uma podendo contribuir para que aquele ambiente escolar e cada criança e adolescente se desenvolva”, avalia a educadora Dora Megid, coordenadora do programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas).

 

Confira o artigo completo sobre as responsabilidades do coordenador pedagógico

 

Para a orientadora do Integral de Campinas, é a sintonia entre os trabalhos do coordenador pedagógico e do orientador educacional que garante o sucesso do projeto pedagógico da escola. 

 

Se não tiver um trabalho bem feito por parte do coordenador antes, eu não consigo dar continuidade no meu, porque aí os problemas vão acontecer”, defende Elizangela.

Pensando neste sentido, o Colégio Santa Marina, de São Paulo (SP), tratou de bem definir e de criar um plano de ação que harmonizasse os papéis desses dois profissionais. Conforme conta Eliane Lopes Gregório, coordenadora pedagógica, na instituição, ficou definido que cabe ao orientador educacional acompanhar os alunos visando sua formação integral, desenvolvendo neles a compreensão dos valores e do respeito humano, além da elaboração e aplicação de planos de estudos individuais e em grupos.

 

“Desta forma, é fundamental que o orientador atue de forma integrada com a Coordenação Pedagógica e com os professores”, explica Eliane.

No Colégio Nahim Ahmad, de Guarulhos (SP), a função do orientador educacional também está relacionada aos cuidados com as questões de aspectos disciplinares e ao atendimento aos alunos e pais. “Existe uma parte burocrática que o coordenador pedagógico precisa cumprir, então, para poder atender bem os alunos, a orientadora fica com a parte disciplinar e demais ocorrências cotidianas do colégio, desde um ‘achados e perdidos’ até um aluno que se machucou, e também no atendimento aos pais”, afirma Patrícia Serra de Zoppi, coordenadora pedagógico do Ensino Fundamental 2.

Pesquisa motivou o cargo

No Colégio Pilares, de Santa Bárbara d’Oeste (SP), a figura do orientador educacional não existia até 2017. Porém, depois de analisarem os resultados de uma pesquisa inédita que a ClassApp realizou para conhecer as expectativas dos pais quanto às escolas particulares, a instituição decidiu investir no trabalho do orientador educacional para o Ensino Fundamental e Médio. “Sempre fomos uma escola que acredita na importância de dar atenção e abertura às famílias e aos alunos, mas tivemos um crescimento nos últimos anos e não estávamos conseguindo atender esta demanda. E a partir dessa pesquisa percebemos que precisávamos de mais um profissional na escola”, conta Heliana Battaglia Beltrame, coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental 2 e Médio.

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No Pilares, o coordenador pedagógico trabalha com o planejamento e acompanhamento das aulas, das atividades, da utilização dos recursos, dos espaços, além de fazer o acompanhamento do desenvolvimento e do resultado de desempenho dos alunos para trabalhar junto ao professor os aspectos que precisam ser melhorados no âmbito acadêmico.

Já as atribuições da orientadora educacional são semelhantes ao modo de trabalho desenvolvido no Nahim Ahmad: focadas no aluno e na família, nas demandas do dia a dia – tanto do rendimento escolar quanto de relacionamento e na mediação de conflitos, porém se complementam com a responsabilidade de também ajudar os estudantes com o programa Escola da Inteligência, adotado pela instituição para auxiliar no desenvolvimento das habilidades socioemocionais dos alunos.

“É um trabalho que estamos construindo, mas tem sido bastante positivo, porque estamos conseguindo dar mais atenção aos alunos, às famílias, e atingir melhor nossos objetivos”, observa Heliana.

Para ampliar esse diálogo com as famílias, o colégio optou por liberar para os pais um canal de comunicação, via ClassApp, onde eles podem se reportar de forma à orientadora e vice-versa. Os frutos positivos dessa comunicação mais prática já estão sendo colhidos. “As famílias já estão se acostumando a reportarem-se à orientadora, assim como os alunos, e, estão até rejeitando falar comigo para falarem com ela, o que significa que estamos atingindo o objeto proposto”, reforça a coordenadora.

E você, quer aprimorar esse diálogo com as famílias? Aprenda como explorar cada meio de comunicação e descubra qual é o mais adequado para o público da sua escola.