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Muito mais que um simples espaço, a sala de aula da educação infantil tem grande relevância no processo de aprendizado. Esse ambiente possui características que influenciam na construção de conhecimentos, autonomia e na convivência entre as crianças. Assim como sua organização também exerce papel fundamental. “Uma boa organização favorece a autonomia, a investigação e, por consequência, a aprendizagem”, afirma a supervisora de ensino e youtuber Samantha Ladeira.

Entre os principais fatores que devem ser levados em consideração na organização de uma sala de aula infantil, Samantha lista: a autonomia, o brincar, o interagir, e a possibilidade de participar e explorar. “Para as crianças participarem, pense sempre na eliminação de barreiras físicas, sociais e culturais. Quanto ao explorar, pense em painéis sensoriais, livros de histórias, cantinhos onde as crianças possam se expressar de diferentes formas, como escrita, música, desenho, teatro, escultura com manipulação de argila ou massinha, etc”, recomenda.

Os projetos arquitetônicos também podem auxiliar as instituições de ensino para que o ambiente escolar tenha uma boa organização. “A arquitetura auxilia na criação de espaços de forma que haja uma distribuição mais harmônica de vários elementos no ambiente. Traduzindo, o olhar de um profissional faz com que as cores, a iluminação, o piso, os móveis e todos os elementos decorativos conversem entre si. Só isto já promove a sensação de harmonia, de ordem”, afirma Claudia Mota, que é arquiteta e urbanista no Ateliê Urbano, escritório especialista em arquitetura escolar.

Ainda segundo Claudia, a sensação de organização está relacionada não apenas com a ordenação de elementos, como os brinquedos e materiais escolares, mas, principalmente, com a qualidade arquitetônica do lugar, que inclui uma boa iluminação, cores agradáveis e móveis de tamanho adequado.

Uma outra orientação da supervisora de ensino Samantha, é para as escolas utilizarem espelhos nas salas de aula da educação infantil, pois trata-se de um objeto que permite que as crianças se conheçam. “Amo os espelhos e muitas crianças não têm acesso. Não percebemos, mas em muitas casas os espelhos estão fora do campo de visão das crianças e elas precisam se olhar mais, se gostar mais, se aceitar assim como são e isso é fundamental”, pontua.

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Como organizar a sala de aula infantil?

De acordo com a supervisora de ensino e youtuber Samantha Ladeira, o primeiro passo para organizar a sala é respeitar a idade das crianças, considerando-as como protagonistas do espaço. Para isso, reflita sobre o que elas gostam, do que precisam, quais são os interesses que demonstram e o que as mais encantam. 

“Claro que caminhando para as competências gerais previstas na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), obrigatória em todo o território brasileiro. Um exemplo: se consta a sustentabilidade nas competências gerais, preciso pensar sobre os painéis das salas utilizando materiais sustentáveis, que possibilitem a exploração das crianças. Portanto, a organização precisa garantir os direitos de aprendizagem e desenvolvimento proporcionando o conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se”, orienta.

A arquiteta e urbanista Claudia Mota destaca que a proposta pedagógica da instituição serve como base para definir o ponto de partida do projeto arquitetônico. “Priorizamos a autonomia e a capacidade de descoberta das crianças, a experimentação e a segurança para que ela possa explorar os espaços. Outra coisa que consideramos primordial é o capricho e o cuidado com as áreas externas. Nas grandes cidades, em geral, as crianças vivem em casas cada vez menores e sem jardim. Se a escola puder oferecer a oportunidade de brincadeiras e experimentações ao ar livre, certamente, será vista com bons olhos pela maioria dos pais”, explica. Claudia ainda pondera que, com a experiência da pandemia, ficou ainda mais perceptível o quanto o estar livre faz parte da humanidade.

Ainda de acordo com Claudia, a setorização de uma sala de aula infantil por usos é algo que geralmente possui boa funcionalidade, tanto no macro quanto no micro. “Por exemplo, se entramos numa escola em que  ficam claros onde são os espaços de brincar, de descansar e de se alimentar, de cara já sentimos uma sensação de segurança. Fica claro onde está cada coisa”, exemplifica.

Já em um espaço menor, como a sala de aula, é possível setorizar por temas, como o cantinho da soneca, da roda de histórias e das mesas para atividades. “As cores também ajudam muito na organização. É possível identificar ambientes por cores para cada faixa etária ou para cada uso. Por exemplo: sala de aula de uma cor, refeitório de outra, biblioteca com uma terceira cor e assim por diante. Só é importante lembrar que as cores também transmitem sensações e influenciam em nosso comportamento, então é preciso usá-las com atenção”, pondera.

Opte por um espaço que vise o pleno desenvolvimento dos alunos

Para a supervisora de ensino e youtuber Samantha Ladeira, uma sala de aula de educação infantil precisa contemplar o pleno desenvolvimento infantil. Principalmente por conta do cenário pandêmico, a profissional aponta como preferência as salas arejadas e de fácil higienização, que garantam conforto e segurança.

Os mobiliários devem oportunizar a autonomia, despertando a investigação e a curiosidade. “Além dos espaços de salas de aula, refeitórios e banheiros, a natureza precisa se fazer presente. O lá fora é de extrema importância, com parques naturais, pois o contato com a criança favorece o desenvolvimento integral. É o brincar vivo e orgânico, por caminhos não tão óbvios, que instigue, incentive, desperte a criatividade, a curiosidade, a pesquisa e o levantamento de hipóteses”, ressalta Samantha.

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