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Vivemos em um mundo dominado pela tecnologia. Computadores, smartphones, tablets, todo tipo de máquinas e até robôs fazem parte do nosso dia a dia. Quando estamos longe desses “gadgets”, sentimos aquela “síndrome de abstinência tecnológica”. E se isso vale para os adultos, imagine para as crianças, os chamados nativos digitais!?

Para os que nasceram na era da internet, nada mais lógico do que acessar a tecnologia também na escola, para fazer na hora do estudo o que mais estão habituados: desvendar o mundo com alguns cliques.

Por conta da revolução tecnológica, o tradicional modelo de escolas no Brasil ficou obsoleto. Livros, cadernos, lousa, giz, professores em palanques, alunos em carteiras enfileiradas, anotação, silêncio, “eu detenho todo conhecimento: você aprende”, “eu ordeno, você cumpre”… Tudo isso está ficando pra trás. Afinal, estamos na era da Educação 4.0 – onde o modo como aprendemos e como absorvemos conhecimento vem sendo transformado diariamente.

 

A origem do termo 4.0

O termo Educação 4.0 surge inspirado nas mudanças no mercado de trabalho, que já se familiarizou com as expressões “Indústria 4.0” ou 4ª Revolução Industrial. Com processos cada vez mais automatizados e digitalizados, expressões como linguagem computacional, Inteligência Artificial, Internet das Coisas (IoT), entre outras, vêm se tornando protagonistas. São tecnologias que transformam o mundo e, no segmento da educação, não poderia ser diferente.

 

1.0, 2.0, 3.0: como chegamos até aqui

Para explicar o termo no contexto educacional, é preciso voltar um pouco no tempo.

A Educação 1.0 era aquela em que um único professor ensinava todas as disciplinas, na própria casa do aluno ou num ambiente como uma biblioteca ou uma igreja, para um grupo pequeno de alunos. Um modelo elitizado, exclusivo, para poucos.

A Revolução Industrial e a demanda por capacitação em massa gerou o modelo 2.0. Um professor passou a dar aulas para dezenas de alunos em uma sala, para atender a necessidade de massificação da educação. E a educação acompanhou a tendência da revolução, com atividades repetitivas e mecânicas.

O desenvolvimento da tecnologia trouxe o conceito de Educação 3.0. Nesse momento, as aulas já estavam massificadas, mas com todo o foco para o coletivo. Era hora, então, de tornar o aluno protagonista, individualizar o aprendizado por meio da personalização de conteúdos. O aluno passaria a ter mais envolvimento no processo de aprendizado e seria um agente ativo em seu processo educacional. A palavra-chave passou a ser colaboração e o ensino passou a ser híbrido (presencial e à distância), com a inclusão de novos recursos tecnológicos.

Diferenças entre os conceitos de educação

 

Educação 4.0

Agora chegou a vez da Educação 4.0, seguindo a chamada 4ª Revolução Industrial, também conhecida como revolução digital.

O foco da Educação 4.0 não é a matéria em si ou o que é ensinado, mas como isso é ensinado. Trata-se de processo, de experiência e, principalmente, de continuidade. A meta hoje é ir além do currículo disciplinar e ensinar aos alunos, por exemplo, as chamadas “soft skills”.

“Soft skills” são habilidades e competências mais do que nunca importantes em nossa vida pessoal e no mercado de trabalho: se comunicar bem, ser capaz de lidar com problemas complexos, usar ferramentas e métodos para tomar decisões rapidamente, desbloquear o pensamento criativo. “Ou seja, todas competências do século XXI, necessárias para se viver num mundo que muda muito rápido”, explica Maira Pimentel, cofundadora da startup de inovação em educação Tamboro.

No ensino 4.0 é essencial exercitar a lógica do aluno, fomentar a capacidade de empreender e, sobretudo, desenvolver nos alunos a habilidade de ter empatia – pilar da nova sociedade compartilhada e que permite que eles consigam olhar o mundo pelos olhos de outra pessoa.

Uma pedra no meio do caminho

A Educação 4.0 apresenta infinitas possibilidades para o desenvolvimento dos alunos, mas, no Brasil, a formação de corpo docente atualizado quanto a tantas novas metodologias é um desafio.

“A gente ainda encontra muitas barreiras pelo caminho, como professores e pais resistentes à tecnologia. Então é preciso mostrar como a tecnologia contribui para o ensino. A gente faz um trabalho de capacitação mensal dos nossos professores, incluindo mês de férias, por meio de cursos dentro e fora da escola”, explica Cintia Freitas, supervisora educacional da Escola Miraflores, no Rio de Janeiro.

 

“A gente vai fazendo e mostrando resultados, um passo a cada dia”, completa.

 

A escola e o professor do futuro: como colocar em prática a Educação 4.0

Não cabe mais dúvida de que as escolas precisam ser cada vez mais inovadoras, para captar a atenção de seus alunos em um mundo digitalizado, hiperconectado, menos hierárquico e ultra dinâmico.

Desta forma, as instituições precisarão deixar para trás a postura de espaços de replicação de conhecimento, para se tornarem centros de encontro, de compartilhamento de informação e desenvolvimento de competências. Nesse novo modelo, os professores também se tornam um pouco alunos e vice-versa, criando um ambiente colaborativo e compartilhado.

Com tamanha rapidez de mudanças, o professor de hoje tem que se reinventar, ser um eterno pesquisador, um estudioso de seu tempo.

“Nós, professores, temos o papel de orientar os estudantes para o uso saudável e consciente das novas tecnologias de informação. Utilizo a internet e a tecnologia no dia a dia da minha sala de aula. Os conteúdos que precisamos passar para as crianças são muito mais fáceis de serem compreendidos quando utilizamos esses recursos”, conta Cristiane Alves, professora da escola Sesi, de Petrópolis (RJ).

 

Ensinar a aprender

Mais do que ensinar disciplinas, os professores precisam mostrar aos alunos que o aprendizado deve ser contínuo, dentro e fora da escola. Devem indicar o desenvolvimento de sua capacidade autodidata durante a vida escolar, para que sejam capazes de continuar aprendendo ao longo da vida. Além de aprender, é preciso, de tempos em tempos, reaprender. Pois, com a rapidez com que as coisas mudam, o que é considerado valor agregado hoje, pode não ser mais amanhã.

“O professor da educação 4.0 precisa ter uma visão inovadora, sem resistência à revolução tecnológica. Tem que ter desejo por experimentar, criar, vivenciar e colocar a mão na massa”, diz a pedagoga Cintia Freitas.

 

Um futuro incerto

Para ilustrar o que estamos falando, de acordo com um levantamento feito pela Foundation for Young Australians (FYA), em 2017, 6 de cada 10 estudantes australianos estão aprendendo profissões que serão substituídas por máquinas, dentro de 10 ou 15 anos. E o choque é ainda maior: a automação dos processos pode fazer com que pelo menos 70% dos cargos ocupados por jovens hoje desapareçam até 2037. O estudo australiano é apenas uma das muitas pesquisas que indicam a necessidade de estimular novas capacidades entre os alunos, como o empreendedorismo e as habilidades digitais.

 

Saiba mais sobre o empreendedorismo na escola e por que investir

 

Para ensinar isso, não basta ter uma boa infraestrutura de equipamentos e softwares nas instalações escolares. O destino das escolas inovadoras depende de um planejamento pedagógico estratégico, focado no aluno que tem um cérebro hiperconectado e um pensamento sem fronteiras.

O ensino tem que ser conectado, porque as crianças de hoje são extremamente conectadas. É preciso usar o que existe de importante no ensino tradicional, mas inovar, pois a criança de hoje é mais questionadora, tem mais acesso e recebe mais estímulo.

O professor 4.0 também precisa ensinar seus alunos a serem resilientes, a respeitarem as diversidades e desenvolver as competências sócio-emocionais das crianças. Afinal, em meio a tanta tecnologia, não podemos nos esquecer de que somos pessoas, com necessidades e dificuldades humanas. As máquinas não são um obstáculo para a comunicação, mas instrumentos capazes de nos colocar em rede, em modo de funcionamento compartilhado. Da mesma forma como interagem as novas tecnologias, é preciso hoje desenvolver atividades em sala de aula capazes de conectar os mundos físico e digital, o online e o off-line.

Dada a interação entre homem-tecnologia, a Educação 4.0 chegou para trazer para a escola preparar os alunos para “a vida como ela (já) é”: inovadora, conectada, desafiante e compartilhada.

 

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O cadastro das instituições vão até o dia 19/06 e inscrição das equipes até 31/06.

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