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O movimento maker tem origem mais recente e quando utilizado dentro de sala de aula oferece o desenvolvimento de competências e habilidades práticas, por envolver o saber-fazer, criando um ambiente interativo de aprendizado dentro da escola.

O que é o movimento maker?

Foi-se o tempo em que a escola era baseada no formato de alunos receptores, em que eles apenas absorviam o conteúdo repassado pelos professores. “A educação de hoje é descentralizada, um lugar onde falamos: nenhum de nós é tão inteligente quanto todos nós juntos. A sala de aula hoje é um grande espaço de aprendizado coletivo”, afirmou Gil Giardelli, professor global MBA, escritor, roboticista e membro do World Federation Future Studies.

Nesse sentido, o movimento maker é uma maneira para a escola reforçar esse “aprender” coletivo. O movimento maker não é simplesmente um “faça você mesmo”. O conhecimento pode ser amplamente compartilhado, portanto ele é parte da união de esforços para simplificar e democratizar o processo  de  inovar.

“Nossos alunos chegam muito mais preparados hoje, com games, redes sociais, para o coletivo. Eles aprenderam a ser cosmopolitas, multiculturais, globais e transacionais. O professor precisa ser um ‘maestro’ na sala de aula diante do excesso de conteúdo que o mundo tem. Precisamos despertar a curiosidade dos alunos de sempre estarem aprendendo”, afirmou Giardelli.

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Quais os benefícios da cultura maker na escola?

Os profissionais do CPS (Centro Paula Souza) Andréa Marquezini, responsável pela padronização de laboratórios; Gilson Rede, diretor do Grupo de Formulação e Análises Curriculares da Unidade do Ensino Médio e Técnico; e Tiago Jesus de Souza, coordenador de Projetos de Informática da Cetec Capacitações, conversaram com o blog Escolas Exponenciais sobre como implantar a cultura maker na sua escola. Confira as dicas:

A lei 13.415, de 2017, que instituiu mudanças na oferta do Ensino Médio, proporcionou a criação de novos arranjos curriculares aos estudantes, que podem optar por diferentes itinerários formativos, a depender da possibilidade de oferta dos sistemas de ensino.

“Quando da concepção desses currículos, é primordial que sejam contempladas aulas práticas, que simulem situações reais do mundo do trabalho, de modo que o estudante possa exercitar aquilo que acontece no cotidiano das organizações”, ressaltaram os profissionais.

Com a implementação do movimento maker na escola, os professores, coordenação e direção conseguem incentivar os estudantes a não terem uma postura passiva em sala de aula, dentro de um espaço culturalmente receptivo, onde os alunos apenas recebem as informações dos professores.

Analisar as práticas por uma perspectiva maker pode abrir caminhos e derrubar as barreiras entre professores e alunos, tornando a educação um ambiente interativo para a construção do aprendizado.

Como aplicar o movimento maker na escola?

Segundo os especialistas do Centro Paula Souza, a cultura maker deve despertar no estudante o interesse pela realidade que o cerca e, para isso, o engajamento de estudantes e professores e a estruturação das escolas são fundamentais. 

Um dos itens que a escola precisa levar em consideração para implantar o movimento maker é contar com espaços específicos que priorizam a aprendizagem prática, além de ambientes multiuso.

“Na Cetec Capacitações, temos um projeto chamado Robótica Paula Souza, que tem como objetivo o desenvolvimento de atividades envolvendo Aprendizagem Baseada em Desafios e Aprendizagem Baseada em Problemas, com métodos pedagógicos que buscam incentivar nos alunos a liderança e a autonomia, desenvolvendo um conhecimento mais profundo dos assuntos que estão estudando”, exemplificam. 

Os professores ressaltam que esse projeto, por exemplo, consegue unir o processo de ensino e a prática, além de integrar diferentes conhecimentos e fomentar o desenvolvimento de competências, formando profissionais com perfil diversificado.

“Sempre incentivamos a criação de um espaço maker nas escolas para que os alunos e professores de várias áreas possam se reunir, discutir, projetar e colaborar entre si, no desenvolvimento de ideias e projetos. Com a pandemia, identificamos que mesmo sem estar presentes fisicamente, conseguimos realizar várias atividades de forma remota, envolvendo desafios que estimulam a criatividade, aprendizagem mútua, colaboração, que são os pilares da cultura maker”, disseram Andréa, Gilson e Tiago.

É preciso capacitar o corpo docente?

A capacitação de docentes é muito importante para que os educadores tenham conhecimento de metodologias, ferramentas e tecnologias para que possam ter propriedade sobre os assuntos e, com isso, orientar seus alunos no desenvolvimento dessas práticas.

No Centro Paula Souza, os alunos das Etecs (Escolas Técnicas Estaduais) de São Paulo são colocados à frente da aprendizagem prática desde a primeira série dos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio, com a utilização de metodologias de aprendizagem ativa.

“Ao possibilitar o contato com o saber-fazer, está sendo proporcionada ao estudante a chance de familiarização e aplicação daquilo requerido pelo mundo do trabalho em ambiente escolar, preparando-o de forma integral para os futuros desafios profissionais”, dizem os profissionais do Centro Paula Souza.

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