7 min de leitura

Quem ainda não disse: “estou cansado dessa quarentena”? Se está difícil para nós, adultos, lidarmos com isso, imagine como estão crianças e adolescentes há meses em casa, sem o convívio social na escola e tendo aulas via computador todos os dias? 

É preciso mesmo muita criatividade e dedicação para manter esses alunos engajados na “nova” rotina escolar. Para ajudar os educadores neste desafio, o Escolas Exponenciais conversou com algumas escolas e reuniu, neste post, histórias de sucesso que podem ajudá-los a engajar os alunos no ensino à distância. E ao final, reunimos 20 dicas práticas de como fazer isso acontecer. 

Campanhas solidárias, gincanas e fóruns de discussão

A Escola Santa Maria, em São Paulo, com 500 alunos matriculados entre o Ensino Infantil e Ensino Médio, criou alguns mecanismos para motivar seus alunos, como gincanas e campanhas para doação de agasalhos e alimentos aos mais necessitados. “Nossa maior dica é envolver os alunos em atividades em que eles possam exercer sua liderança, colocando seus dons a serviço dos mais necessitados”, diz Eliane Vilela, diretora pedagógica da escola.

“Nós buscamos oferecer atividades para dar voz (e escuta) aos alunos. Fazemos muitas rodas de conversa e fóruns de debate virtual”, completa. 

A escola Santa Maria acredita que o desenvolvimento da liderança faz com que os jovens fiquem mais antenados para os problemas da vida. “Isso impulsiona os alunos a colocarem seus dons a serviço dos demais.”

 

10 dicas para inovar na escolar: como revolucionar os ambientes de aprendizagem?

 

Lia Andriani, coordenadora de Pastoral e Ensino Religioso da escola, conta que alunos a partir do nono ano “criaram reuniões virtuais para, por exemplo, rezar uns pelos outros, falar de suas angústias e de seus desafios.” 

Outra atividade importante, neste sentido, é o que a escola chama de LED – Liga Estudantil de Debate. “No LED, os alunos promovem debates, simulando um ambiente diplomático em que são propostas soluções para problemas atuais.” 

A escola já vinha investindo no uso de tecnologia há dois anos e na formação do corpo docente com a ajuda de um especialista em Tecnologia Educacional. Uma das inovações foi criar um espaço maker. “O projeto maker, feito em parceria com a empresa Nave à Vela, foi implementado este ano para alunos do 1º ao 5º ano e foi adaptado para continuar sendo feito de forma virtual durante a pandemia. Isso também ajuda muito a engajar os alunos.”

A escola disponibiliza ainda um serviço de Psicologia, em parceria com a Coordenação Pedagógica, para um atendimento personalizado e individual aos alunos e às suas famílias.

 

Foco no conteúdo socioemocional

O Colégio Passos, em Jundiaí, interior de São Paulo, tem 180 alunos de 5 a 14 anos e há três anos desenvolve um programa com foco no lado socioemocional de seus alunos

Aline Zaparoli, terapeuta e proprietária da escola, explica que, antes da pandemia, esse tipo de aula, que trabalha as emoções, era dada 1 vez por semana, durante 50 minutos, e que agora vem trabalhando esse campo sensorial diariamente com os alunos.

“A gente está dando mais tempo para a conversa, para o aluno poder expor o que está sentindo, como ele enxerga este momento. E isso vale tanto para os maiores quanto para os menores e está presente em todas as disciplinas.” Segundo Aline, para os alunos menores, os professores têm proposto atividades lúdicas, músicas, danças, e sempre com um momento de refletir sobre “como estou me sentindo”. Para os mais velhos, a grande aposta são os debates em todas as matérias, “sempre abordando questões socioemocionais e deixando com que os alunos se expressem.”

Segundo Aline, uma grande preocupação da escola no momento é fazer com que a aula seja o mais leve possível, exigindo menos do aluno. “A gente entende que existe um desgaste emocional e mental muito grande. Os alunos já estão há quase cinco meses em casa, existe a incerteza de quando as aulas vão voltar, muitas vezes os pais passam também ansiedade para seus filhos, … é preciso que as crianças entendam que o mesmo está acontecendo em todas as casas, que não é uma realidade individual. Com esse diálogo intensificado a gente consegue ver como estão as famílias e, dessa forma, ajudá-las. Nós não temos o papel de tratar, mas sim de acolher.” 

 

20 dicas para manter alunos motivados em tempos de ensino a distância:

  1. Faça conexões entre as matérias que precisam ser dadas on-line e o momento em que estamos vivendo. Contextualizar ajuda a tornar o aluno mais participativo e facilita a retenção de conhecimento. Use matérias publicadas nos jornais, sites, estudos e artigos científicos.
  2. Sempre dê espaço para que os alunos expressem suas opiniões e contem suas experiências, mostrando seu repertório e se inserindo na discussão.
  3. Faça perguntas constantes, para ver se eles realmente estão entendendo. Evite meras exposições.
  4. Elogios são sempre motivadores. Ressalte os pontos positivos de seus alunos, ao invés de fazer comentários depreciativos.
  5. Crie metas atingíveis, módulos de ensino, para que o caminho de aprendizagem não fique tão longo. Apresentar conteúdo aos poucos evita que os alunos se assustem com currículos longos. Vencendo etapas mais curtas, eles acabam se sentindo mais competentes. Aluno perde engajamento quando a dificuldade é grande demais.
  6. Fortaleça o vínculo pessoal. Já vivemos uma época de tanto distanciamento que os alunos precisam se sentir apoiados, ouvidos, acolhidos.
  7. Passe exercícios que possam consolidar o aprendizado. O Google Forms é uma boa ferramenta para isso.
  8. Disponibilize videoaulas, aproveitando o imenso interesse das novas gerações pelo consumo de vídeo.
  9. Faça lives, um excelente meio de comunicação no momento, muito usado nas redes sociais.
  10. Tenha cuidado para não cansar seus alunos mentalmente ou fisicamente. Imagine ficar horas sentado no computador ou deitado com uma postura ruim?
  11. Promova chats para facilitar na hora de tirar dúvidas. Alunos adoram interagir dessa forma e o professor atua como moderador.
  12. Disponibilize fóruns de discussão, espaços virtuais que servem para o compartilhamento de experiências, troca de ideias, expressão de opiniões.
  13. Indique livros, séries, documentários, filmes, jogos. Canais de Youtube são uma boa dica, assim como as boas palestras do Ted Talk.
  14. Aposte na gamificação. Jogos eletrônicos têm a capacidade de ajudar a contextualizar conceitos e os prêmios, recompensas, etapas, painéis de liderança ajudam muito no engajamento.
  15. Fomente o senso de autonomia de seus alunos, para que eles se sintam cada vez mais protagonistas do seu próprio aprendizado. Experimente dar liberdade para eles assistirem aulas sob demanda na hora e ritmo que desejarem.
  16. Envolva as famílias, que estão vivendo agora “dentro da sala de aula”.
  17. Faça um plano de aulas com cuidado, pensando sempre em ter conteúdo diferenciado e apresentações dinâmicas, variadas, com muita expressão corporal, entusiasmo, um cenário atrativo, atividades interativas, compartilhamento de tela, links, mapas, músicas, …
  18. Fomente a competitividade na medida certa, de forma amigável e positiva e sempre valorizando o trabalho em equipe. Uma boa forma de fazer isso é por meio de projetos.
  19. Crie um ambiente virtual em que o aluno se sinta seguro e apoiado, sem pressão de consequências negativas. Já basta tanta insegurança gerada pelo momento atual.
  20. Mantenha um diálogo aberto; escute seu aluno. Lembre-se que o cliente quer sempre ter sua opinião considerada. Pergunte sobre o que ele quer falar, pelo que se interessa, quais suas dificuldades. É muito importante respeitar a individualidade de cada um e perceber os diferentes desafios que cada aluno está enfrentando em suas diferentes casas, com diferentes pais e momentos de vida únicos.

 

Leia também:
Ensino híbrido: uma nova forma de lidar com uma geração híbrida